“Maior não é necessariamente melhor”, diz Luca de Meo, CEO da Renault

São Paulo – “Maior não é necessariamente melhor na indústria automobilística”, afirmou Luca de Meo, CEO da Renault, ao defender uma postura oposta à da concorrente Stellantis, adepta de fusões e aquisições, quando o assunto é consolidação da indústria. A entrevista concedida à Bloomberg Televisão teve trechos reproduzidos pela Automotive News Europe.

De Meo disse que a Renault ganha muito mais dinheiro vendendo menos, e que é importante manter-se ágil à medida que novas tecnologias evoluem e a procura por veículos eléctricos permanece volátil. Citou, como exemplo de consolidação que considera fazer sentido, o plano de formar joint venture de motores a combustão com a chinesa Geely. De Meo tem puxado movimento de reformulação da Renault, como a separação de ativos de veículos elétricos, com a Ampere, do negócio de motores a combustão, a Horse.

O CEO se demonstrou predisposto para a cooperação mais ampla da indústria para arcar com as despesas da transição rumo à eletrificação: “Os concorrentes da Renault estão demonstrando interesse pelo plano de desenvolver veículos elétricos lucrativos que custem menos de € 20 mil. Estamos discutindo esta plataforma conjunta de veículos elétricos com pares da esquerda e da direita”.

O CEO da Stellantis, Carlos Tavares, já chegou a afirmar, no entanto, que a pressa em oferecer veículos elétricos mais acessíveis terminará no que chamou de “banho de sangue”.

Embora 2024 seja considerado um ano complicado para modelos a bateria, devido ao arrefecimento da procura e também pela pressão provocada pelos frequentes cortes de preços da Tesla e pelo avanço da BYD em escala mundial com custos mais atrativos, a expectativa de De Meo é a de que as vendas recuperem-se no ano que vem, ajudadas pelo cumprimento de metas mais rigorosas de emissões na Europa. O otimismo do CEO da Renault decorre também do resultado do balanço do grupo, referente a 2023, publicado recentemente, em que os ganhos voltaram ao azul e apresentaram números recordes.

Juros para financiamentos de veículos recuam para menor nível desde 2021

São Paulo – A taxa média anual de juros cobrada nos financiamentos de veículos 0 KM alcançou seu menor patamar desde outubro de 2021: em dezembro, de acordo com relatório divulgado pelo Banco Central, ficou em 25,5%. O recuo foi de 0,5 ponto porcentual na comparação com novembro e de 3,2 pontos com relação a dezembro de 2022.

Embora seja o menor índice desde 2021 os juros ainda estão elevados: antes da pandemia de covid-19 a taxa média anual oscilava na casa dos 19% a 20%. Com o movimento de aumento da taxa Selic, iniciado em março daquele ano para controlar o processo inflacionário decorrente da pandemia, os juros para financiamentos de veículos acompanharam a trajetória ascendente.

O recuo foi o terceiro seguido: em novembro passara de 26,2% para 26%. Desde junho os juros cobrados em financiamentos de 0 KM oscilam na faixa dos 26% ao ano.

Do mesmo modo a inadimplência, em dezembro, registrou leve redução: de 5,4% dos contratos em atrasos superiores a noventa dias em novembro para 5,2% em dezembro. Comparado com dezembro de 2022 o recuo foi idêntico, de 0,2 p.p.

O índice oscila neste patamar dos 5% desde agosto de 2022 e é o maior registrado na série histórica do BC. Antes da pandemia a inadimplência estava na casa dos 3%.

Toyota começa a produzir o utilitário Hiace na Argentina

São Paulo – A Toyota iniciou a produção do utilitário Hiace no complexo industrial de Zárate, Argentina. Presente no mercado vizinho desde 2019 a van era importada do Japão. É o terceiro modelo fabricado no local, junto do SUV SW4, que começou a ser produzido em 2005, e da picape Hilux, a partir de 1997.

Com capacidade de produção inicial de 4 mil unidades anuais o objetivo da montadora é chegar a 10 mil no médio prazo, conforme for havendo integração progressiva de autopeças locais e consolidação dos mercados de exportação.

O veículo é equipado com componentes de treze fornecedores argentinos. Somados os de origem brasileira a van possui um total de 110 autopeças regionais. Motor e eixo traseiro são fabricados em Zárate e compartilhados com a Hilux.

A Toyota investiu US$ 50 milhões para construir nova linha dentro da unidade argentina, de onde sairá o Hiace. O projeto, que levou um ano para ser erguido, contempla área de 8 mil m² e design modular que permite eventual ampliação. O plano é continuar o legado da Hilux, que se tornou o veículo mais fabricado na história da indústria automotiva argentina.

Plano da Toyota é começar produzindo 4 mil unidades anuais e chegar a até 10 mil. Foto: Divulgação.

O Hiace já está disponível nas concessionárias argentinas nas versões Van L2H2, por US$ 40 mil 394, e Commuter, por US$ 48 mil 835 – Hiace Wagon e Van L1H1, de teto baixo, continuarão sendo importadas do Japão.

O utilitário é equipado com o mesmo pacote motor-transmissão da Hilux e do SW4 e ambas as versões possuem transmissão automática de seis velocidades. Na versão Van seu motor tem 177 cv de potência, e na Commuter de 163 cv.

Sobre a eventual exportação do modelo para o Brasil, assim como ocorre com Hilux e SW4, a companhia apenas informou que “a Toyota do Brasil mantém postura reservada com relação a projetos e planos futuros, optando por não comentar sobre este tema”.

Crescimento de eletrificados puxa demanda por equipamentos de segurança

São Paulo – Fornecedora de equipamentos de segurança para a indústria a Kalipso EPIs registrou, no ano passado, crescimento de 37% nas vendas de produtos de proteção a trabalhadores que fazem revisão e manutenção de veículos elétricos e híbridos no Brasil. Aumento que, segundo o técnico comercial Carlos Júnior, foi puxado pelo expressivo aumento nas vendas destes modelos no mercado nacional: no ano passado foram 93,9 mil unidades e a expectativa é chegar a 140 mil em 2024, segundo a ABVE, Associação Brasileira do Veículo Elétrico.

O movimento fez com que a Kalipso começasse a trabalhar na expansão de seu portfólio: “Nossa equipe de técnicos trabalha diretamente com as montadoras, que testam nossos produtos. Quando são aprovado nós iniciamos as vendas no Brasil”.

Os principais itens são óculos e luvas produzidos exclusivamente para quem trabalha com veículos eletrificados, que protegem de eventuais choques e outros riscos. Todos são importados de países asiáticos e repassados para os distribuidores. A Kalipso também ajuda a conectar os seus distribuidores às montadoras que testaram e aprovaram os equipamentos de segurança para que as vendas sejam concluídas. 

Junto com a segurança as montadoras avaliam outros pontos como a sua durabilidade e ergonomia para o trabalhador, para que ele possa usá-los sem atrapalhar suas atividades. Concessionárias e oficinas independentes também fazem parte do público alvo da Kalipso.

O portfólio da Kalipso consegue atender a 90% de todas as demandas do setor automotivo e, em breve, a empresa quer chegar a 100%.

Suspensys produzirá eixos dianteiros para a Mercedes-Benz em Mogi Guaçu

São Paulo – O processo de terceirização de algumas atividades da Mercedes-Benz, anunciado em 2022, ganhou um novo capítulo: a produção de eixos dianteiros será transferida para a Suspensys, do Grupo Randoncorp, a partir de 2025. A fabricante de eixos e suspensões para veículos comerciais, sediada em Caxias do Sul, RS, construirá unidade em Mogi Guaçu, SP, onde se ocupará da produção de componentes para caminhões e ônibus da montadora.

O valor a ser aportado ainda não foi divulgado. Quanto à escolha da localização existe uma justificativa: no fim de 2022 a Castertech, outra controlada da Randoncorp, adquiriu na cidade a Fundição Balancins, por R$ 40 milhões.

Em dezembro o Cade, Conselho Administrativo de Defesa Econômica, aprovou sem restrições o contrato das duas empresas e, conforme fato relevante publicado pela CVM, Comissão de Valores Mobiliários, meses antes, a previsão de início da operação é no primeiro trimestre de 2025, e a expectativa é a de que o negócio gere receitas adicionais de até R$ 7 bilhões em dez anos, a vigência do contrato.

À época do anúncio do contrato feito pela Randoncorp, em outubro, quando o nome da fabricante ainda não havia sido revelado, a companhia posicionou-se dizendo que “este movimento fortalece a estratégia de longo prazo da Suspensys, adiciona uma gama de produtos inédita ao seu portfólio e amplia sua presença no mercado OEM, reforçando sua parceria com uma grande montadora global com atuação no Brasil”.

Sediada em Caxias do Sul, empresa controlada pela Randoncorp construirá unidade em Mogi Guaçu, mas investimento ainda não foi aberto. Foto: Divulgação.

O presidente da Mercedes-Benz do Brasil e CEO para a América Latina, Achim Puchert, afirmou que o processo de reestruturação e terceirização da empresa está caminhando.

“Já terceirizamos todos os serviços de logística e agora está em processo a transferência de produção de eixos para a Randon, o que é um pouco mais demorado, pois depende de acordo com sindicato. Mas estamos avançando e esperamos conclui-lo até o fim deste ano.”

Achim Puchert, presidente e CEO da Mercedes-Benz

De acordo com o diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Aroaldo Oliveira da Silva, que também preside a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC e a IndustriALL-Brasil, o eixo dianteiro possui processo de produção menos complexo do que o traseiro, que continuará sendo fabricado dentro da empresa.

A medida, que contribuirá para diminuir o custo de produção e também o preço final do caminhão, reduzirá de duzentos a trezentos empregos de acordo com o o sindicalista. “Estamos conversando sobre como ficará a situação destes operários.”

O primeiro passo será entender a proposta da empresa e verificar alternativas. Uma das possibilidades é o remanejamento dentro da própria fábrica, porém, se não houver demanda suficiente, a depender do mercado, será verificada a chance de transferência dos profissionais que tiverem interesse para a empresa que fará a terceirização do processo.

São Bernardo do Campo, SP, e Mogi Guaçu, porém, estão a 181 km de distância, o que dá em torno de duas horas de viagem de carro, cada trecho.

Outro reflexo do projeto de terceirização culminou na decisão de encerrar as atividades em Campinas, onde a companhia realiza a manufatura de produtos e logística, até o fim deste ano. Dos 505 trabalhadores duzentos da área administrativa serão transferidos para São Bernardo e outros 305 dispensados.

Trabalham na fábrica de São Bernardo do Campo em torno de 8,5 mil profissionais. Foto: Adonis Guerra/SMABC.

Em 2023 oitocentos temporários não tiveram seus contratos renovados

No ano passado, na sede da empresa, o ritmo lento das vendas de pesados 0 KM devido à mudança para o Euro 6 e às dificuldades do contexto econômico que envolvem juros altos e crédito escasso, não permitiu a renovação de contratos de trabalho temporários encerrados em maio, de trezentos profissionais, e em dezembro, de outros quinhentos.

Tal cenário preocupa, uma vez que, isolada, a decisão de terceirizar atividades de logística, manutenção, fabricação e montagem de eixos dianteiro e transmissão média, ferramentaria e laboratórios põe em risco 3,6 mil empregos, sendo 2,2 mil diretos e 1,4 mil temporários em São Bernardo, onde trabalham hoje 8,5 mil profissionais.

Silva ponderou que, ao menos, a Mercedes-Benz possui característica não comum a todos do setor e prevista nos acordos coletivos de que, assim que o mercado reage a uma crise e a demanda por caminhões e ônibus volta a aumentar, os profissionais dispensados na baixa são chamados para reintegrar o efetivo da empresa, ainda que temporariamente.  

(Colaborou Pedro Kutney)

Stellantis registra crescimento de 11% na receita líquida

São Paulo – A Stellantis registrou, no ano passado, receita líquida global de € 189 bilhões, crescimento de 6% sobre 2022. Em balanço financeiro divulgado na quinta-feira, 15, a companhia disse ter crescido seu lucro líquido em 11%, para € 18,6 bilhões, com margem de 12,8%.

“”Ao completarmos três anos desde a criação da Stellantis quero expressar minha profunda gratidão às nossas equipes que estão executando no mais alto nível e contribuindo de forma inestimável para a nossa história de crescimento, mesmo diante dos mais fortes desafios”, disse o CEO Carlos Tavares. “Os resultados financeiros recordes de hoje são a prova de que nos tornamos um novo líder global em nossa indústria e que permaneceremos sólidos diante das turbulências de 2024.”

Na América do Sul, onde lidera o mercado com 23,5% de participação, mais do que o dobro do segundo colocado, a margem somou 14,8%. Foram 879 mil veículos comercializados na região, de um total de 6,2 milhões em todo o mundo.

Para 2024 a empresa espera manter as margens na casa dos dois dígitos e uma série de fatores podem favorecer suas receitas, “incluindo redução de oferta e restrições logísticas, estabilização e taxas de juros potencialmente reduzidas e os benefícios da expansão esperada da empresa na sua oferta de produtos”.

VW Caminhões e Ônibus ingressa no mercado do Togo

São Paulo – A Volkswagen Caminhões e Ônibus vendeu seu primeiro caminhão no Togo, país localizado na África Ocidental. A Togocom, operadora de telecomunicações, adquiriu um VW 19.320 Tractor por meio de uma concessionária recém-inaugurada no país, do importador Van Vliet, que representa também a MAN em alguns mercados.

O importador, que mantém estoque estratégico em Amsterdã, Holanda, opera em países da região como Benin e Togo. Agora, com a concessionária, pretende ampliar sua participação no país que tem grande potencial para o segmento de bebidas e ônibus urbanos.

MWM fornece motores para a KS Pulverizadores

São Paulo – A MWM contratou com a KS Pulverizadores fornecer os motores 4.12 MAR-I de 130 cv a 190 cv, nas versões mecânica e eletrônica, para os seis pulverizadores autopropelidos recém-lançados: Starker 2.000 Classic 4×2, Starker 2.000 Automatic 4×2, Starker 2.000 Evolution 4×4 e Starker 2.500 Premium 4×4.

Segundo a MWM o uso da tecnologia MAR-I permite que os motores reduzam o impacto ambiental. A fabricante lembra que, pelo fato de contar com mais de 1,3 mil pontos de distribuição e de serviços, o acesso a peças de reposição é facilitado, proporciona baixo custo de manutenção e maior rentabilidade ao produtor rural.

THK Brasil projeta avanço de 15% em 2024

São Paulo – A THK Brasil espera crescimento de 15% em 2024 apesar de algumas dificuldades no cenário econômico, como os juros ainda em patamar elevado. No entanto, joga a favor a expectativa para o segundo semestre de definições em torno da reforma tributária e de investimentos do setor.

A empresa, cujo carro-chefe são guias lineares, vem expandindo seu portfólio de produtos e diversificando a oferta de soluções desde o ano passado. Em 2023 o faturamento superou a meta de crescer 20% e expandiu 21,6% frente a 2022.

Continental planeja cortar 7,2 mil empregos em sua divisão automotiva

São Paulo – A Continental pretende cortar 7 mil 150 postos de trabalho em sua estrutura automotiva global para tornar o negócio mais competitivo, informou a agência de notícias Bloomberg. São 1 mil 750 posições na área de pesquisa e desenvolvimento e 5,4 mil em funções administrativas. O volume equivale a 3,6% de sua força de trabalho global e em torno de 40% da existente na Alemanha.

No fim do ano passado a companhia divulgou meta de poupar € 400 milhões por ano a partir de 2025, indicando que cortaria postos de trabalho. Segundo seu CEO, Wolfgang Reizle, a empresa está “pronta para qualquer movimento” que ajude a recuperar a sua divisão automotiva. Os investimentos em P&D serão reduzidos de 12% para 9% da receita até 2028 para ajudar a economizar.

Diante da pressão para reduzir custos e ao mesmo tempo investir em novas tecnologias em meio à transição da indústria automotiva a Continental admite também analisar possíveis vendas de ativos, joint-ventures e parcerias.