Maior parte do investimento da Hyundai será aplicado em energias alternativas

São Paulo – O desenvolvimento de novas tecnologias alternativas de propulsão e a expansão da força de pesquisa e de desenvolvimento no Brasil deverão consumir a maior parte dos R$ 5,5 bilhões que a Hyundai aplicará até 2032 no País. Um projeto, em especial, faz brilhar os olhos da direção e deixou o CEO global Euisun Chung entusiasmado: a produção de hidrogênio a partir do etanol.

Com quase vinte anos acumulados de pesquisa e aplicação do hidrogênio em veículos na Coreia do Sul a Hyundai enxerga no Brasil oportunidade de ouro para dar passos à frente na descarbonização com o biocombustível.

“Um dos grandes problemas do hidrogênio é o armazenamento e o transporte”, disse o presidente da Hyundai do Brasil, Airton Cousseau. “Com o etanol podemos fazer a transformação no posto de combustível, eliminando boa parte desses entraves.”

Para dar sequência às pesquisas a Hyundai brasileira criou uma divisão focada no hidrogênio e nomeou Anderson Suzuki para liderá-la. Na visita de Chung a companhia assinou acordo com a USP, Universidade de São Paulo, para integrar projeto do qual a Toyota também faz parte. Nas próximas semanas um Nexo, veículo movido a hidrogênio, chegará ao País para rodar em ruas brasileiras.

Hyundai Nexo, movido a hidrogênio

Na Coreia do Sul, sede da Hyundai, o uso de hidrogênio em veículos vem crescendo, especialmente no segmento de transporte de cargas e passageiros. A companhia mantém uma fábrica de célula de combustível já pensada para exportação.

Híbrido flex e reforço na engenharia

Mais para o curto prazo a Hyundai introduzirá em sua linha motores híbridos flex. Dentro do ciclo de investimento, segundo Cousseau, tem planejada a expansão da produção de motores em Piracicaba, SP. Hoje a fábrica produz 70 mil motores 1.0 aspirados por ano e a ideia é montar conjuntos híbridos flex na unidade, que podem equipar a linha atual de veículos produzidos na fábrica ao lado.

“Nossa prioridade, hoje, é a tecnologia híbrido flex. Por isto o grosso do investimento será aplicado em tecnologia, pois queremos dar passos à frente na descarbonização em linha com o que o Programa Mover propõe.”

Ainda dentro da proposta do Mover a Hyundai pretende contratar ao menos cem engenheiros para reforçar sua área de pesquisa e desenvolvimento, hoje formada por 39 profissionais. A ideia de Cousseau é ter áreas de desenvolvimento focadas em localização de peças, para trabalhar junto com a área de compras, de chassis, de conectividade, de homologação e emissões e de novos motores.

“A engenharia brasileira é muito boa e, comparada com a europeia ou dos Estados Unidos, relativamente barata. Vamos inserir a nossa área de P&D na Hyundai global e ter mais gente aqui é fundamental por causa das oportunidades com o etanol.”

Produção de chassis de ônibus quase dobra no primeiro bimestre

São Paulo – Foram produzidos no primeiro bimestre 3,9 mil chassis de ônibus, volume 88% superior ao do mesmo período do ano passado, 2,1 mil unidades. O volume supera, ainda, as produções de 2022, 3,3 mil unidades, e de 2021, 3 mil.

“Sem dúvida esse é um dado que precisamos olhar mais atentamente e também comemorar: afinal de contas é superior à média do segmento”, afirmou Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, durante a divulgação do balanço da entidade na quinta-feira, 7.

Em fevereiro foram fabricados 2,3 mil chassis, alta de 78% com relação ao mesmo mês em 2023, em que 1,3 mil unidades foram produzidas, e incremento de 42,1% ante janeiro, 1,6 mil unidades.

Eduardo Freitas, vice-presidente da Anfavea, analisou que o expressivo crescimento sobre 2023 tem a mesma explicação dada ao crescimento do segmento de caminhões, que desempenhou movimento na mesma direção. Deve-se ao fato de que, à época, estava sendo introduzida a nova tecnologia de motorização Euro 6, ao mesmo tempo em que as montadoras ainda podiam comercializar modelos Euro 5, com diferença de preços de 15% a 25%.

Ou seja: a produção seguiu ritmo mais lento a partir da antecipação de compras de Euro 5, iniciada no fim de 2022, e no começo do ano passado as fábricas concederam férias coletivas a fim de preparar as unidades para a produção de Euro 6, que começou efetivamente, em muitos casos, em fevereiro.

Justamente por haver esta corrida em busca de ônibus Euro 5 o comparativo anual das vendas, considerando o primeiro bimestre, mostra queda de 31,8%, com 2,5 mil emplacamentos em 2024 versus 3,6 mil em 2023: “Também contribuiu o fato de que no início do ano passado grande lote do Caminho da Escola estava sendo entregue”.

Somente em fevereiro foram vendidos 1,3 mil ônibus, 31% abaixo do número do segundo mês de 2023, de 1,9 mil unidades. Com relação a janeiro, no entanto, quando as vendas somaram 1,2 mil unidades, houve aumento de 16,2%.

Segundo Lima Leite há algumas razões para que esse movimento continue: “Estamos apostando que o programa Caminho da Escola, ao se consolidar este ano, ou mesmo as eleições municipais que se avizinham, são fatores que podem acelerar não apenas o mercado como nossa produção local”.

Freitas complementou que fator adicional à renovação e expansão de frota é o PAC Seleções, que totaliza recursos de R$ 65,2 bilhões, em torno do qual há a expectativa de que seja anunciada a aquisição de ônibus para o transporte escolar.

Quanto à exportação os 470 ônibus embarcados no primeiro bimestre estão 20,7% abaixo do mesmo período do ano passado. Porém quando se analisa somente fevereiro, em que 357 unidades foram vendidas a outros países, é verificado aumento de 216% ante janeiro, que contou com 113 unidades e de 17,8% com relação ao mesmo mês em 2023, com 303 unidades.

Fevereiro teve a melhor média diária para o mês desde a pandemia

São Paulo – Em dezenove dias úteis fevereiro registrou média de 8,7 mil emplacamentos diários, a melhor para o mês desde 2020, quando ainda não havia a epidemia de covid-19 – à época as vendas diárias superavam 11 mil veículos. Os dados foram divulgados pela Anfavea na quinta-feira, 7.

A média diária, para o presidente Márcio Lima Leite, é o principal indicativo para medir o desempenho do mês: “Houve um crescimento relevante na média diária de vendas, aumento de 18,4% sobre janeiro, que foi um mês bom, e de 20% sobre fevereiro do ano passado. O constante aumento da média diária aponta para um crescimento ao longo do ano”. 

O volume de vendas em fevereiro foi de 165,2 mil veículos, crescimento de 27,1% na comparação com igual mês de 2023 e alta de 2,2% sobre janeiro, mesmo com três dias úteis a menos e o efeito do carnaval, que costuma reduzir a demanda no mês. Lima Leite avaliou o resultado geral como muito positivo.

O número de fevereiro teve um impulso importante das locadoras, que costumam comprar 50 mil veículos mensais, em média, mas adquiriram 70 mil unidades no mês passado. O presidente ressaltou que o volume das locadoras tem aumentado mensalmente porque a idade média dos veículos das locadoras está mais alta do que o normal, existindo a necessidade de renovar a frota.

Os estoques em fevereiro fecharam em 217,6 mil unidades, volume estável na comparação com janeiro e suficientes para abastecer o mercado durante 38 dias.

Bimestre

No acumulado do ano as vendas somaram 327 mil unidades, expansão de 19,8% sobre os dois primeiros meses de 2023. Lima disse que gostaria de errar na projeção para o ano, que é de crescimento de 7% sobre o volume de 2023, e que este porcentual fosse mantido, mas considera pouco provável:

“No ano passado os emplacamentos de janeiro a março ficaram muito abaixo do esperado, por isto o crescimento até agora é maior. A recuperação do mercado em 2023 começou a partir de junho, com o programa de incentivos do governo”. 

A partir do final do segundo trimestre a base comparativa será maior, o que deverá segurar o crescimento de dois dígitos registrado até agora. A Anfavea acredita que em 2024 não haverá nenhum tipo de programa para impulsionar as vendas porque o mercado já está em crescimento, diferente do primeiro semestre de 2023, que não conseguia recuperar o volume de vendas.

Produção de caminhões registra crescimento de 49% no primeiro bimestre

São Paulo – Saíram das linhas de produção, durante o primeiro bimestre, 18,1 mil caminhões, o que representa avanço de 48,7% com relação às 12,2 mil unidades referentes ao período janeiro-fevereiro do ano passado. Foi o que apontou a Anfavea durante divulgação de balanço na quinta-feira, dia 7.

O crescimento expressivo deve-se à fraca base de comparação, uma vez que o início de 2023 foi marcado pela introdução da nova tecnologia de motorização Euro 6, justificou o vice-presidente da Anfavea Eduardo Freitas: “Houve uma desaceleração da produção naquele período, até porque havia corrida, no mercado, por produtos Euro 5, que ainda podiam ser comercializados pelas montadoras”.

Mais: o primeiro mês de 2023 foi marcado por férias coletivas em diversas fábricas a fim de promover a adaptação das linhas à nova tecnologia.

Tomado apenas fevereiro foram produzidos 10,2 mil veículos, 28% acima do volume de janeiro, 7,9 mil, e 25,1% maior que o do segundo mês do ano passado, 8,1 mil unidades. Apesar da reação da produção de caminhões no bimestre vale ressaltar que o número ainda está abaixo dos patamares de 2022 e 2021, com 20,9 mil e 20,6 mil unidades, respectivamente.

Quanto às 16,6 mil unidades vendidas em janeiro e fevereiro estão 10,6% aquém do registrado no mesmo período do ano passado, 18,6 mil unidades. Este volume, no entanto, se aproxima do obtido em 2022, 16,8 mil unidades, e está acima do de 2021, 15,3 mil.

Na avaliação de Freitas o cenário reflete atipicidade dos primeiros três meses do ano passado, quando o volume de vendas ficou acima da média devido à antecipação de compras de Euro 5 em busca de preço menor à medida que os caminhões Euro 6 chegaram ao mercado de 15% a 25% mais caros:

“Em janeiro estávamos com queda de 21% nas vendas, porcentual que foi reduzido para 10,1% no acumulado até fevereiro. Ou seja: já vemos que a curva está apontando para cima. Nossa expectativa é a de que no fim do primeiro trimestre entraremos em um ciclo de normalidade novamente”.

Ao considerar somente fevereiro foram comercializados 8,4 mil caminhões, resultado 1,9% acima dos 8,2 mil de janeiro e 3,3% superior aos 8,1 mil do segundo mês de 2023. Segundo o dirigente os dados reforçam a perspectiva da entidade de encerrar 2024 com incremento de 14%.

Quanto às exportações foram embarcados 2 mil caminhões no primeiro bimestre, queda de 27% ante igual período em 2023. Somente em fevereiro, no entanto, as vendas a outros países totalizaram 1,3 mil unidades, alta de 112,6% ante janeiro, seiscentas unidades. Frente ao mesmo mês do ano passado, quando 1,7 mil unidades foram exportadas, o recuo foi de 19,5%.

Exportação de veículos segue em dificuldades e recua 28% no primeiro bimestre

São Paulo – A indústria automotiva nacional exportou 49,5 mil veículos no primeiro bimestre do ano, volume 28% menor do que o registrado em iguais meses de 2023, segundo dados divulgados pela Anfavea na quinta-feira, 7. O resultado menor ainda é reflexo das dificuldades que o setor tem enfrentado nos últimos meses, com a redução de embarques para países importantes como Argentina, Chile, Colômbia e Equador, embora o México, principal destino das exportações, esteja com crescimento.

Em fevereiro as exportações somaram 30,7 mil unidades, recuo de 14,1% na comparação com igual mês do ano passado e incremento importante de 62,7% sobre janeiro.

De acordo com o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, o crescimento sobre janeiro foi relevante, mas ainda não é motivo para grandes comemorações porque ainda está abaixo do ano passado:

“Ainda não podemos soltar fogos para comemorar porque a alta ocorreu sobre uma base baixa, o resultado ruim de janeiro. Também é necessário lembrar que as exportações podem sofrer oscilações por causa do preenchimento dos espaços nos navios, mas ainda assim foi uma retomada importante”.

O presidente revelou que a Anfavea tem conversado muito com o governo federal, por meio do MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, em reuniões semanais, para mostrar os números do setor junto com sugestões e propostas que podem alavancar as exportações. O primeiro tema muito debatido são os acordos bilaterais, principalmente com países da América Latina, caso da Colômbia, que hoje tem uma cota e a intenção é não ter nenhum tipo de limitação, ou de países com os quais o Brasil ainda não possui nenhum tipo de acordo.

O segundo ponto é a desoneração das exportações, porque hoje os impostos são exportados junto com os veículos: “O governo está estudando como fazer para tirar os resíduos tributários das exportações, com foco no período de transição até que a reforma tributária esteja em vigor. Tem bastante coisa acontecendo nesse sentido”.

O avanço é necessário porque o custo Brasil ainda aparece como principal entrave das exportações para além da América Latina, de acordo com Lima Leite.

As exportações no bimestre somaram US$ 1,5 bilhão, queda de 11,3% na comparação com os primeiros dois meses de 2023. O valor exportado em fevereiro foi de US$ 864,1 milhões, recuo de 10,4% com relação a fevereiro do ano passado e expansão de 39,2% sobre janeiro.

Produção de veículos avança 9% no primeiro bimestre

São Paulo – A produção brasileira de veículos recuperou-se em fevereiro após andar de lado no primeiro mês do ano, e fechou o primeiro bimestre com crescimento de 8,9% sobre os primeiros dois meses de 2023, segundo divulgou a Anfavea na quinta-feira, 7. Saíram das linhas de montagem 342,2 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e chassis de ônibus.

O bom desempenho de fevereiro, com suas 189,7 mil unidades, colaborou com o crescimento no bimestre. O volume produzido no mês passado superou em 17,4% o resultado de fevereiro do ano passado e em 24,3% a produção de janeiro.

No mês passado o presidente Márcio de Lima Leite estava preocupado: apesar de as vendas internas terem crescido a produção mantinha estabilidade com relação ao ano anterior. O avanço das importações e a queda nas exportações acendera um sinal amarelo para a indústria.

Em fevereiro o cenário permaneceu parecido: as vendas de veículos importados cresceram, 60,5% sobre o mesmo mês do ano passado, para 28,1 mil unidades, representando 17% das vendas do mês. No bimestre foram 59,6 mil, ou 18,2% do total das vendas – um porcentual alto, pois em 2023 foi de 15,2%.

As exportações seguiram em queda, apesar do avanço de 62,7% sobre o volume de janeiro, com 30,7 mil unidades: com relação a fevereiro de 2023 recuaram 14,1%. No bimestre o saldo segue negativo em 28%, 49,5 mil unidades.

Fleetcor, dona do Sem Parar, compra a Zapay

São Paulo – O Grupo Fleetcor, dono do Sem Parar, adquiriu participação majoritária na Zapay, startup que oferece opções estendidas de parcelamento de débitos veiculares, como IPVA, licenciamento e multas em até doze vezes. O objetivo da companhia é estabelecer o maior ambiente de soluções para veículos no Brasil.

Com a nova estrutura societária o Sem Parar torna-se sócio controlador da Zapay, que mantém sua autonomia, preservando sua marca e permitindo que sua equipe continue à frente das operações. A ideia é que, juntas, as empresas desenvolvam soluções para ajudar a desburocratizar a vida dos motoristas.

Criada em 2018 por Callebe Mendes, Victor Mahon e Pedro Vogado a Zapay vem crescendo, em média, 100% nos últimos três anos. O aplicativo, que reúne mais de 15 milhões de usuários, segundo o Fleetcor é a única empresa credenciada a operar junto à Senatran e a 100% dos Detran do Brasil.

O valor da operação não foi divulgado.

Hyundai definiu dois novos modelos a serem produzidos em Anápolis

São Paulo – Dois novos modelos Hyundai sairão das linhas de montagem da Caoa em Anápolis, GO, a partir de 2025, juntando-se ao caminhão HR e ao SUV Tucson. Os dois novos modelos, porém, foram escolhidos pela própria Hyundai, que agora assumiu toda a operação brasileira, incluindo importações, e fará uso da capacidade da fábrica goiana como parte da atualização do acordo com a sua parceira de 25 anos.

Contratar a produção da Caoa foi a alternativa encontrada pela Hyundai que há mais de dez anos convive com um problema nada desagradável: tem toda a capacidade de Piracicaba, SP, tomada pela produção de HB20, HB20 S e Creta. São 200 mil unidades por ano e sem espaço, segundo o presidente Airton Cousseau, para ampliar.

“O gargalo está na pintura. É um investimento tão elevado que faria mais sentido construir outra fábrica. E a indústria automotiva nacional ainda tem bastante ociosidade, o cenário de Piracicaba é único no Brasil. Então encontramos a oportunidade de preencher a capacidade em Anápolis, em parceria com a Caoa.”

O plano faz parte do ciclo de investimento de R$ 5,5 bilhões anunciado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no mês passado. Cousseau fez mistério quanto aos dois novos modelos para Goiás, embora tenha admitido que fazem parte do portfólio global da Hyundai: “A partir de agora seremos cada vez mais globais”.

O presidente deixou claro, porém, que a intenção é competir em segmentos onde hoje a Hyundai não tem opções. Ao assumir as importações todas as decisões serão tomadas em conjunto com a matriz e todo o portfólio vendido em toda a rede, com o fim da divisão que existia dos importados Caoa e a rede HMB.

Palisade chega ao mercado até o fim do ano

Até o fim do ano serão lançados dois SUVs, o Palisade e o elétrico Ioniq 5. O híbrido Kona e o SUV Santa Fe também estão na mira, mas ainda sem confirmação de datas.

Sinergias

Cousseau afirmou que a unificação das operações abre espaço para diversas sinergias. Com a Caoa o cálculo é de R$ 1 bilhão em importação, logística, vendas, etc.

Oportunidades também existem na cadeia de fornecedores. Hoje os modelos produzidos em Piracicaba têm índice de nacionalização de 55%, em média, mas Cousseau afirmou que a ideia é expandir para, no mínimo, 80%.

O elétrico Ioniq 5 está confirmado para o mercado brasileiro

“Investiremos em engenharia para nacionalização de componentes, tarefa que não pode ser feita somente pela área de compras. E temos oportunidades de sinergias dos nossos fornecedores de Piracicaba com os da Caoa em Anápolis e vice-versa.”

A Hyundai definirá quais modelos, versões e volume serão produzidos em Anápolis, mas a produção será feita pela Caoa, que será remunerada por cada unidade que sair das linhas de montagem. Há possibilidade de exportação a partir da unidade, embora nada esteja definido.

“Exportar é importante porque conseguimos nos proteger das oscilações do câmbio. Hoje, em Piracicaba, 10% do que produzimos vai para México, Colômbia, Argentina, Paraguai e Uruguai. Não conseguimos fazer mais porque temos a capacidade tomada.”

Estes 10%, admitiu Cousseau, deverão ser reduzidos em 2024 porque o mercado brasileiro está mais aquecido: “Tivemos um janeiro e um fevereiro muito bons. Estou otimista quanto às vendas, acredito em crescimento de 6% a 8%. O mercado brasileiro não tem este tamanho de 2 milhões de unidades dos últimos anos mas, também, não é de 3,5 milhões como foi no passado. Acho que de 2,5 milhões a 3 milhões é o tamanho dele”.

Produção de veículos na Argentina recua 18% no primeiro bimestre

São Paulo – As empresas produtoras de veículos, na Argentina, fabricaram, ao longo do primeiro bimestre, 60 mil 134 unidades, volume 18,2% aquém das 73 mil 470 produzidas no mesmo período de 2023. Considerando fevereiro saíram das linhas 37 mil 491 unidades, 19% a menos do que no mesmo mês no ano passado, 46 mil 286. Foi o que apontou balanço da Adefa.

Fevereiro contou com apenas treze dias úteis de atividade, cinco a menos do que no segundo mês de 2023, por causa da paralisação prolongada devido a férias e necessidade de reposição de estoques. Ainda assim, se comparado a janeiro, 22 mil 643 veículos, o volume de produção de fevereiro ficou 65,6% acima.

Quanto às exportações foram 38 mil 886 veículos no primeiro bimestre, 10,1% acima dos 35 mil 318 vendidos a outros países no janeiro-fevereiro do ano passado. Apenas em fevereiro o volume de 23 mil 584 unidades exportadas ficou 1,6% abaixo das 23 mil 960 do mesmo mês de 2023 e 54,1% acima das 15 mil 302 de janeiro.

Segundo o presidente da Adefa, Martin Zuppi, o país passa por processo de organização macroeconômica que reflete no mercado interno, por isto a importância de seguir fortalecendo as exportações: “Este caminho é fundamental para o setor porque no curto e médio prazos é aquele que nos permitirá sustentar o emprego e a produção face a um mercado interno em contração”.

Dados da Acara, que representa os concessionários, divulgados no início do mês, apontaram para recuo de 27,4% nas vendas durante o primeiro bimestre, totalizando 58,7 mil unidades. Os veículos brasileiros também perderam espaço no mercado argentino, representando 26% do total emplacado ante 29% em janeiro e fevereiro de 2023.

Quanto a projeções para 2024 Zuppi disse ser preciso aguardar a evolução do primeiro trimestre. Ao mesmo tempo ressaltou a necessidade de continuar a trabalhar em conjunto com a cadeia de valor e com o governo na agenda do setor para identificar ferramentas que permitam melhorar a competitividade.

Basf deixará de produzir tintas automotivas na América do Sul

São Paulo – A Basf anunciou o encerramento da produção de tintas automotivas na América do Sul, o que afetará a unidade Demarchi, em São Bernardo do Campo, SP, e a fábrica de Tortuguitas, na Argentina. O processo de desmantelamento se dará em até dezoito meses, com conclusão prevista de forma escalonada até agosto de 2025.

“A decisão resulta de profunda análise dos negócios e locais de produção em níveis global e regional”, afirmou a companhia, em nota. “Como parceira de longo prazo da indústria automotiva a Basf desenvolverá um plano pormenorizado e cuidadoso de encerramento gradual junto com seus clientes, garantindo o cumprimento dos contratos antes de fechar suas operações.”

Trabalham, hoje, na linha de produção da fábrica no bairro Demarchi cerca de 150 profissionais. A companhia informou que, por ora, não haverá cortes, pois o processo pode se estender por até dezoito meses. O Sindicato dos Químicos do ABC, no entanto, lamentou o fato de a decisão ter sido comunicada sem antes a empresa ter negociado com a entidade a fim de buscar outra saída para estes empregados.

Segundo Fábio Augusto Lira, trabalhador na Basf desde março de 1995, e secretário de administração e finanças do sindicato, o aviso tomou a todos de surpresa devido ao bom momento da economia brasileira e ao modo como a decisão foi sacramentada, classificada por ele como sem margem para diálogo:

“A Basf é a maior empresa química do mundo e essa região é estratégica para ela. A decisão foi global e, embora o negócio já viesse ruim há algumas décadas, entendemos que ela descumpriu as normas internacionais do trabalho porque as diretrizes da OCDE, da OIT e da ONU dizem que as multinacionais devem comunicar com antecedência aos representantes dos trabalhadores e ao poder público local qualquer decisão que venha afetar socialmente a vida dos profissionais, em especial o que se refere à reestruturação produtiva e ao fechamento de localidades”.

Trabalhadores protestam contra decisão da empresa em frente à unidade Demarchi, em São Bernardo do Campo. Foto: Divulgação/Sindicato dos Químicos do ABC

O sindicato realizará na quinta-feira, 7, duas assembleias a fim de aprovar pauta de reivindicação que trata da manutenção dos empregos e, junto ao grupo de trabalho criado em defesa do emprego, composto pelo sindicato, RH da empresa e pela comissão de fábrica da unidade, serão discutidos procedimentos de garantias em todos os cenários, inclusive o de saída amigável caso realmente não haja a possibilidade de realocação.

“Queremos construir um acordo bom para as partes. Que é a manutenção do emprego e o remanejamento dos profissionais para outras linhas de produção ou para outras unidades. Qualquer coisa fora disso é redução de postos de trabalho e para nós não interessa discutir somente o pacote de benefícios.”

A possibilidade de greve não é descartada.

Além de encerrar as linhas de produção no Brasil e na Argentina, onde 65 profissionais deverão ser dispensados no mesmo prazo de dezoito meses, a Basf não mais comercializará tintas automotivas na América do Sul.

Operação no ABC continuará com tintas decorativas e plásticos de engenharia

A unidade Demarchi, de acordo com a companhia, continuará sendo o principal local de produção, logística e pesquisa e desenvolvimento de tintas decorativas, comercializadas sob as marcas Suvinil & Glasu!, e o negócio seguirá operando normalmente, sem alterações. Ao todo, trabalham no local em torno de oitocentos funcionários.

A Basf informou, ainda, que continuará atendendo a indústria automotiva com foco em repintura de soluções automotivas, plásticos de engenharia, espumas funcionais e aditivos para combustíveis e lubrificantes, entre outros produtos: “Além disto a marca Chemetall, que fornece soluções tecnológicas e sistemas personalizados para tratamento de superfícies, continuará operando e atendendo a todos os clientes”. 

Em junho do ano passado a indústria química anunciou investimento de R$ 35 milhões na unidade Batistini, também em São Bernardo do Campo, a fim de concluir processo de integração de sua cadeia produtiva da poliamida 6.6, que tem na indústria automotiva sua maior cliente. Trata-se do sal nylon, insumo utilizado para produzir plástico de engenharia também presente nos veículos.

A unidade de Tortuguitas permanecerá com atividades relacionadas à repintura automotiva, serviços administrativos e técnicos, negócio de produtos químicos de cuidados pessoais e domésticos e do Centro de Treinamento de Repintura.