HPE Automotores anuncia Leopoldo Diniz como novo diretor financeiro

São Paulo – A partir deste mês a HPE Automotores, que representa Mitsubishi e Suzuki no País, tem novo diretor financeiro. Trata-se de Leopoldo Diniz, que assume o cargo em sucessão a Everson Bispo, que ocupou a cadeira por quase oito anos e que somava mais de três décadas de trabalho na companhia.

Diniz, que trabalhou anteriormente como diretor financeiro regional na Denso South America, fabricante de autopeças japonesa, e também passou por multinacionais italiana, finlandesa e estadunidense, além de empresas brasileiras, é formado em administração pela PUC-MG e pós-graduado em finanças pela FGV.

Brasil é o país que mais busca equidade de gênero no setor automotivo

São Paulo – O majoritariamente masculino ambiente de trabalho no setor automotivo ainda é adverso para as mulheres ao redor do mundo, aponta estudo conduzido pela empresa de recursos humanos Gi Group em onze países, com 6,5 mil profissionais. Brasil e China, no entanto, destacam-se ao liderar ranking com a maior proporção de companhias trabalhando para alcançar a equidade de gêneros, sendo que no País 96,4% dos respondentes acenaram positivamente quanto ao tema e 93,5% dos chineses.

De fato, hoje em dia é raro ver empresa brasileira deste setor, seja montadora ou fornecedor, que não possua alguma ação em vigor a fim de incluir e promover mais, em busca de um ambiente de trabalho mais igualitário. É crescente o movimento de companhias que estão abrindo espaço para que as mulheres demonstrem sua capacidade produtiva e exerçam as mesmas funções que os homens.

Tanto que outro destaque para as empresas dessa indústria no Brasil é que está no topo da lista na promoção de representantes do sexo feminino a cargos de liderança, movimento que vem ocorrendo segundo 59% dos entrevistados.

Reportagem da Agência AutoData neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, traz exemplos de mulheres que não somente representam a operação na América do Sul como tornaram-se executivas globais das indústrias de suprimentos em que trabalham.

Ana Britto, diretora da divisão de temporários e efetivos da Gi Group Holding, ressaltou ser inegável a importância de mulheres na indústria automotiva e notável leve crescimento da presença feminina. O setor, no entanto, ainda é visto como predominantemente masculino “e é por isto que campanhas de incentivo e de ações para dar mais voz às profissionais são fundamentais para mudar este cenário nos próximos anos”.

Na avaliação de Britto as novas tecnologias e práticas de trabalho no setor podem capacitar um maior número de mulheres para ingressar nas empresas, uma vez que oferecer trabalho remoto e híbrido significa que as mulheres em cargos administrativos, de vendas e marketing, por exemplo, podem obter a flexibilidade necessária para equilibrar trabalho e vida pessoal.

Ela citou, com base na pesquisa – que considera tanto montadoras quanto fornecedoras de autopeças –, ações que já estão sendo postas em prática, como remuneração igualitária e oportunidades para avanço de carreira dentro da companhia, programas de mentoria e redes de apoio na empresa, parceria com instituições educacionais para inspirar jovens mulheres a considerarem uma carreira no setor automotivo e oferta de bolsas de estudos para aumentar a participação feminina em programas educacionais relacionados ao setor.

Iniciativas das quais as executivas entrevistadas pela Agência AutoData, que trabalham na Schaeffler e na Phinia, contaram fazer parte.

A pesquisa da Gi Group foi realizada em parceria com a Politecnico di Milano, a maior universidade de tecnologia da Itália, e a INTWIG Data Management, empresa de inteligência de dados, no Brasil, Estados Unidos, China, Reino Unido, Alemanha, França, Hungria, Itália, Japão, Espanha e Polônia.

Dentre os países que apresentaram menor número de empresas com iniciativas do tipo estão Japão, apontaram 80,1% dos entrevistados, e Polônia, 78,6%. A Itália destaca-se por ser o mais focado em garantir a igualdade de remuneração e oportunidades de progressão na carreira, de acordo com 66% dos respondentes. No Brasil 57% apontaram a existência de ações com esse fim. A Hungria, de acordo com 72%, prioriza a oferta de treinamento para combater preconceitos, mesmo aqueles inconscientes.

Quais medidas as empresas do setor no Brasil vêm tomando para reduzir diferenças de gênero?

  • Promover modelos e líderes femininas dentro da empresa – 59,3%
  • Garantir igualdade salarial e oportunidades de progressão na carreira para as mulheres dentro da empresa – 57,4%
  • Organizar iniciativas de inclusão e sensibilização para criar um ambiente de trabalho inclusivo e equitativo para as mulheres – 38,9%
  • Ativar programas de mentoria e redes de apoio às mulheres do setor automotivo – 37%
  • Criação de acordos e políticas de trabalho flexíveis que atendam às necessidades das mulheres no mercado de trabalho, como licença maternidade e pensão alimentícia – 37%
  • Realizar treinamento sobre preconceitos e preconceitos inconscientes para garantir práticas justas e objetivas de recrutamento e promoção – 35,2%
  • Colaborar com instituições de ensino para inspirar mulheres jovens a considerarem uma carreira no setor automóvel através de programas de sensibilização – 33,3%
  • Oferecer bolsas para promover a participação feminina em programas de educação e treinamento relacionados ao setor automotivo – 25,9%
  • Não sabe dizer – 3,7%

Apesar dos avanços globais indústria ainda é pouco atrativa às mulheres

Metade dos respondentes em âmbito global alegou que as empresas em que trabalham possuem ações para garantir igualdade de remuneração e oportunidades para as mulheres, e 40,8% afirmaram que é oferecido a elas trabalho flexível, licença-maternidade e auxílio alimentício.

As companhias têm lançado mão de ações para promover lideranças femininas, de acordo com 41,1% dos participantes da pesquisa, ao passo que 38,4% informaram que a fraca visibilidade dada a essas lideranças no setor as afasta desse mercado de trabalho.

Para cerca de um terço dos respondentes fatores como o equilíbrio do trabalho com a vida pessoal e a desigualdade na evolução de carreira acabam afugentando mulheres desta indústria. Porcentuais semelhantes também apontaram que estereótipos da maior presença masculina também as desencorajam, assim como a fraca percepção da representação de gênero nas empresas.

Especificamente no Brasil o setor é pouco atrativo, principalmente por três fatores: baixa visibilidade das líderes femininas, falta de equilíbrio do trabalho com a vida pessoal e desigualdade na evolução da carreira.

Na análise da diretora da divisão de temporários e efetivos da Gi Group Holding, Ana Britto, diante destes fatos os principais desafios estão em dar mais espaço às poucas lideranças femininas nesta indústria para que elas incentivem mais mulheres a buscarem uma carreira na área.

Além disso citou a importância de trabalho do RH para oferecer um ambiente de trabalho digno, levando em conta cargo de trabalho, programas de bem-estar e de treinamento e desenvolvimento independentemente do gênero e a compreensão de que a mulher, hoje, ainda tem a dupla jornada.

“Pesquisas apontam que a mulher é a principal responsável pelos cuidados com o lar e a família, e isso precisa entrar na discussão de RH e liderança e, claro, da sociedade, para que possa haver uma mudança de cultura sobre divisão das tarefas em casa.”

Fatores que desencorajam mulheres a ingressarem no setor

  • Pouca visibilidade de líderes femininas no setor automotivo – 48,4%
  • Acesso reduzido das mulheres a programas de educação e treinamento dedicados ao setor automotivo – 45,2%
  • Diferença salarial e desigualdade nas oportunidades de progressão na carreira para as mulheres –40,3%
  • Características físicas ou problemas de segurança associados a algumas funções operacionais no setor automotivo – 38,7% 
  • Percepção de baixa representação de gênero nas empresas – 33,9%   
  • Estereótipos que desencorajam as mulheres a seguir carreiras em setores tradicionalmente masculinos – 33,9%  
  • Falta de campanhas de conscientização e recrutamento voltadas para as mulheres –30,6%    
  • Dificuldades relacionadas ao equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, como arranjos de trabalho inflexíveis – 30,6%

Para que as mulheres possam avançar na carreira e chegar a cargos de liderança, entende Britto, é necessário haver trabalho conjunto a fim de proporcionar condições igualitárias para que elas possam se dedicar à jornada profissional: “Falando em ações práticas é possível fazer campanhas de recrutamento e seleção dedicadas ao público feminino no setor, dar mais acesso a programas de treinamento e desenvolvimento e equiparação salarial, independentemente do cargo”. Iniciativas que diversas montadoras e sistemistas vêm adotando no País.

Atrair mais profissionais femininas também poderá trazer maior competividade às companhias que mais investirem nessa mão de obra, avaliou a especialista, uma vez que elas podem ajudar as montadoras a atenderem melhor necessidades e preferências desse importante segmento do mercado consumidor: “Sem mulheres não há futuro para o setor automotivo”.

Mercado de veículos usados avança 14% no primeiro bimestre

São Paulo – O mercado de veículos seminovos e usados registrou 2,3 milhões de unidades vendidas no primeiro bimestre, volume 14,2% maior do que o registrado em igual período do ano passado, de acordo com dados divulgados pela Fenauto, entidade que representa o setor. 

As vendas em fevereiro somaram 1,1 milhão de unidades, expansão de 15,3% sobre o mesmo mês de 2023 e recuo de 4,8% com relação a janeiro. Enílson Sales, presidente da Fenauto, avaliou o resultado do mês como positivo:

“É importante ressaltar que o resultado de fevereiro foi bom apesar de termos apenas dezoito dias úteis, desconsiderando a quarta-feira de cinzas que pouco movimenta o mercado, contra 23 em janeiro. O índice de confiança do consumidor continua em uma trajetória ascendente, confirmando nossa expectativa positiva para 2024”.

Eletrificados representaram 7% das vendas até fevereiro

São Paulo – As vendas de veículos eletrificados somaram 22,5 mil unidades no primeiro bimestre de 2024, crescimento de 155,7% na comparação com igual período do ano passado, de acordo com dados divulgados pela Anfavea. Nos dois primeiros meses os modelos 100% elétricos representaram a maior parte da demanda, 8 mil unidades, seguidos pelos híbridos plug-in com 7,3 mil e os híbridos convencionais com 7,2 mil.

De acordo com presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, esta não é uma tendência para o futuro porque no mês passado houve alguns gargalos no fluxo de liberação dos veículos importados: 

“Não podemos apontar isto porque fevereiro teve algumas características específicas, com o fluxo de liberação de veículos importados um pouco diferente, sem ocorrer de forma estável, o que pode ter afetado o desempenho de alguma tecnologia específica pois todos os modelos híbridos plug-in oferecidos no mercado são importados, assim como os elétricos”.

Após o crescimento das vendas no primeiro bimestre a participação dos veículos eletrificados nos emplacamentos totais de veículos leves foi de 7,3%, contra 4,3% em todo o ano passado.

Com impulso da BYD venda de importados da Abeifa cresce 225% no primeiro bimestre

São Paulo – As vendas das marcas importadoras associadas à Abeifa somaram 12,1 mil unidades no primeiro bimestre, volume muito superior ao registrado em igual período do ano passado, com alta de 225,2%, segundo comunicado divulgado pela entidade. O incremento foi puxado pela BYD, que nos dois primeiros meses do ano registrou mais de 8,7 mil vendas, com 71,9% de participação diante das outras associadas.

Em fevereiro foram vendidos 6 mil veículos, incremento de 242,8% na comparação com igual mês do ano passado, período em que algumas marcas ainda sofriam para abastecer sua rede de concessionárias e a BYD ainda tinha baixo volume de vendas. Com relação a janeiro houve um leve recuo de 1,9%.

No ranking por marca até fevereiro a BYD é, naturalmente, a líder de vendas com 8,7 mil veículos. Em segundo lugar ficou a Volvo com 1 mil unidades, seguida pela Kia, 838.

O ranking por modelo no primeiro bimestre foi dominado pela BYD, que conquistou as três primeiras colocações. O BYD Dolphin foi o modelo importado mais vendido no primeiro bimestre, 3,6 mil unidades, seguido de perto pelo SUV BYD Song Plus, 3,4 mil. Em terceiro lugar ficou o BYD Seal com 1,1 unidades.

Fiat Strada lidera em mês com bom desempenho dos hatches compactos

São Paulo – Em um fevereiro com grande volume de compras por parte das locadoras – segundo a Anfavea foram 70 mil unidades, enquanto a média costuma ser de 50 mil por mês – os hatches e compactos se destacaram no Top 10 mais vendidos que, sem surpresa, registrou mais uma vez a liderança da picape Fiat Strada.

Atrás dela cinco hatches compactos: pela ordem Volkswagen Polo, Fiat Argo, Fiat Mobi, Renault Kwid e Hyundai HB20. Um SUV só apareceu na sétima posição, o Hyundai Creta, que impediu o Chevrolet Onix de manter a sequência dos hatches.

Os hatches são os modelos mais demandados pelas locadoras pelas características do modelo de negócio.

Mas a grande surpresa do mês foi a nona colocada do ranking: a picape Volkswagen Saveiro. Ainda montado sobre a antiga plataforma do Gol o utilitário vem apresentando bom desempenho nos últimos meses até chegar ao ranking dos dez mais vendidos em fevereiro. Tem deixado para trás, inclusive, a Chevrolet Montana, recém-lançada – e de porte maior, é verdade, mas com um projeto bem mais novo.

Dentre os dez mais vendidos tivemos seis hatches, duas picapes e dois SUVs.

Veja o ranking:

Hervé Le Gavrian é o novo CEO da Michelin na América do Sul

São Paulo – A Michelin anunciou Hervé Le Gavrian como seu novo CEO para a América do Sul. Um dos compromissos do executivo, que assumiu o cargo no começo de março, é com o ESG na região, promovendo mudanças positivas para o futuro da sociedade e do planeta.

Gavrian tem mais de trinta anos de experiência nas áreas financeira, comercial e industrial. Já trabalhou na operação brasileira na década de 1990, quando foi gerente de projetos, participando do desenvolvimento e do estabelecimento de mais de quarenta fábricas por toda a América do Sul.

Mulheres destacam-se em funções globais de liderança

São Paulo – Pouco a pouco profissionais do gênero feminino vão galgando posições dentro de empresas do setor automotivo e conquistando funções de destaque não somente regionais mas globais. Isto tem ocorrido, também, em multinacionais da cadeia de suprimento.

É o caso das profissionais Renata Costa Silva, vice-presidente global de marketing e comunicação para o aftermarket da Schaeffler, dona das marcas LuK, INA e FAG, e Camila Rocha, gerente global de shows e eventos de aftermarket da Phinia, que nasceu da cisão da BorgWarner para dedicar-se ao mercado de reposição e detém as marcas Delphi, Delco Remy e Hartridge.

Embora tenham histórias de vida diferentes possuem muitos pontos em comum na trajetória que as levou aos atuais cargos. Um deles, por exemplo, é que ambas aprenderam inglês, ferramenta primordial para o seu dia a dia, de forma autodidata, a partir de leituras, busca em dicionários e tradução de letras de música e filmes ainda na adolescência.

O mesmo ocorreu com o espanhol, uma vez que antes de assumirem posições globais passaram pelo desafio de encabeçar suas áreas na América do Sul. E agora as duas, coincidentemente, desafiam-se a aprender alemão. Silva por estar morando há oito meses nos arredores de Frankfurt com seu marido e filho de 9 anos – além de compreender e lidar melhor com a burocracia local. Rocha, casada, sem filhos e residindo em Piracicaba, SP, desde 2015, por considerar que a ajudará a se comunicar melhor com a operação alemã, ainda que a matriz de sua empresa seja estadunidense.

Elas tiveram de ocupar seu espaço dentro do próprio ambiente de trabalho

As duas executivas foram uníssonas quanto à importância de manter o foco e se posicionar de forma correspondente à sua atribuição dentro da corporação, com firmeza, a fim de conquistar respeito e driblar eventuais ações que demonstrem qualquer tipo de preconceito.

“Eu não sou uma pessoa que recua. Em reuniões de gerência ou diretoria, seja no Brasil ou no Exterior, em situações que poderiam me deixar acuada, penso: eu sou a especialista de marketing, sei o que estou falando. Eu ocupo meu espaço”, disse a vice-presidente global da Schaeffler.

Costa Silva contou que busca estar preparada para essas ocasiões a fim de ter propriedade no que será apresentado. Formada em jornalismo pela Uniso, de Sorocaba, SP, cursou MBA em marketing na Esamc e se pós-graduou em gestão, comunicação e relações públicas na USP:

“Fiz tudo de forma estratégica, ainda que não houvesse possibilidades concretas de promoção. Sempre fui certa dos próximos passos que gostaria de trilhar dentro da empresa, queria ser gerente, diretora… para quando houvesse qualquer possibilidade, ainda que remota, eu conseguisse me aplicar a ela, e aqui estou”.

Sua escalada na carreira começou quando, como coordenadora de marketing, voltou da licença maternidade, após seis meses em casa, no fim de 2014 para o início de 2015. Seu então chefe havia pedido demissão e ela lamentou ter perdido a possibilidade pelo fato de estar afastada, mas para sua surpresa ninguém havia ocupado o posto e o processo seletivo, aberto inclusive para fora da companhia, foi iniciado um mês após o seu retorno.

Foi quando se tornou chefe de marketing e comunicação para a América do Sul, fez sua primeira viagem à Alemanha para participar de reuniões, deixou Pedro, ainda bebê, no Brasil e passou a responder ao presidente de aftermarket. Em 2020, em meio à pandemia, foi promovida a gerente e assumiu também o México, onde estruturou departamento de comunicação, inicialmente, à distância. E em 2023 recebeu o convite para assumir a vice-presidência global e passou a reportar ao presidente global de vendas e marketing.

Camila Rocha, gerente global de shows e eventos de aftermarket da Phinia: “Ninguém tem o direito de te diminuir”. Foto: Divulgação.

Jovens, executivas construíram carreira em uma só companhia

Outro ponto em comum é que ambas fizeram carreira nas empresas praticamente desde os tempos de faculdade e são jovens: Renata Costa Silva tem 40 anos, sendo dezessete na empresa e, Rocha, 33, com doze na companhia. Ou seja: além da questão de gênero desafio adicional foi driblar prejulgamentos e mostrar o que as colocou em suas cadeiras atuais, como conhecimento – inclusive de suas capacidades, especialização e domínio do produto da empresa.

Rocha ingressou estagiária e passou a assistente na Delphi em São Caetano do Sul, SP, e em 2015, com a transferência da unidade para Piracicaba, SP, mudou-se também. Tornou-se analista, coordenadora, supervisora, manteve o cargo na incorporação pela BorgWarner, chegou à gerência de marketing e desenvolvimento de produto e, com a cisão e a criação da Phinia, assumiu sua posição atual.

Ela lembrou, ao longo do seu percurso profissional, das diversas vezes em que teve de respirar fundo ao entrar em uma sala repleta de pessoas mais experientes e também de homens, em que sentia como se os presentes perguntassem mentalmente: será que ela sabe do que está falando?

“Pensava que eles tinham que dar uma oportunidade ao que tinha que lhes apresentar pois, afinal, detenho conhecimento técnico, me especializei, domino informações do produto que fabricamos e vendemos. Foi preciso conquistar este espaço dentro do nosso próprio ambiente de trabalho. E infelizmente não podemos demonstrar fragilidade nesses momentos.”

Formada em publicidade e propaganda na USCS, Universidade Municipal de São Caetano do Sul, e pós-graduada em marketing pela ESPM, a gerente global da Phinia contou que tem lidado com desafio adicional desde meados do ano passado, quando foi promovida.

Profissionais avaliam que cultura brasileira pesou a favor em integração no Exterior

Embora não viva no Exterior, uma vez que o Brasil possui horários e distâncias mais compatíveis com os das unidades da companhia mundo afora, ela responde ao diretor global de comunicação e marketing, de origem inglesa, e viaja com frequência a Estados Unidos, Alemanha, China, Japão e Índia, onde possui interfaces locais para elaborar planos de como apresentar o produto a clientes.

“Não conhecia nada do mercado indiano, por exemplo, onde a equipe ainda é 100% masculina. Então pesquiso muito, leio, ouço podcasts a fim de conhecer melhor os hábitos e cultura locais. Sigo humilde e muito disposta a aprender.”

Ela relatou situação curiosa na China, país mais desafiador, em sua avaliação, em que foi orientada a cobrir tatuagens e a retirar alargador da orelha para não chocar os clientes mais tradicionais.

“Mas mantive a minha essência, confiei no meu trabalho e fui assim mesmo. É o que digo: se estiver com medo vá com medo mesmo. Só esteja preparada. A parte boa é que com o jeitinho brasileiro, descontraído, fácil de se adaptar, para tudo dá-se um jeito e tende a conquistar as pessoas.”

Renata Costa Silva também acabou beneficiando-se de características culturais brasileiras para melhor interagir com sua equipe de vinte profissionais e também com suas interfaces nas regiões das Américas, Europa, Ásia Pacífico e China, em que o guarda-chuva é estendido a 170 unidades.

“Quando cheguei queria conhecê-los melhor, achei que isso facilitaria nossa adaptação. Então comecei a perguntar como tinha sido o fim de semana, me desculpando, antecipadamente, caso tivesse sido intrometida, mas que isso no Brasil era comum e que costumava criar laços com as pessoas.”

Ela relatou que, passado um choque inicial, os profissionais sentiram-se à vontade para mostrar fotos, inclusive de filhos e animais de estimação, e esta troca estabeleceu ambiente de empatia, principalmente com as outras mães, e trouxe um sentimento de família.

“Esse espírito de integração eu levo para as outras localidades em que a Schaeffler possui fábrica. Meu objetivo é promover uma unidade global, com projetos colaborativos. Pelo fato de as culturas serem diferentes isso só tem a agregar. Por exemplo: o que a Índia faz de interessante pode ser aplicado no Brasil.”

Ambas foram inspiradas e estimuladas por seus pais a ingressarem no setor

Mais um fator compartilhado pelas duas foi a inspiração em seus pais, que fizeram carreira no setor automotivo e estimularam o ingresso de suas filhas em empresas do ramo. O de Rocha na Volkswagen, em São Bernardo do Campo, SP. O de Costa Silva na LuK, posteriormente incorporada à Schaeffler.

Mulheres e jovens as duas executivas trabalham para que seja aberto cada vez mais espaço em suas companhias para que profissionais do gênero feminino possam ocupar, de forma gradativa e exponencial, cargos de liderança. Costa Silva ministrou aulas no programa Formare para ajudar a qualificar meninas para este mercado de trabalho, e Rocha exerce trabalho de mentoria também para ajudá-las no processo de educação.

“Algo que falo sempre, e para todos, independentemente do sexo, é que ninguém tem o direito de te diminuir”, disse, referindo-se ao fato de que o respeito vale para todos, assim como as oportunidades. Afinal, este é o caminho para que haja cada vez mais equidade não só na indústria automobilística mas em todo o mercado de trabalho.

AEA estuda mudanças nas normas de emissões de máquinas produzidas no Brasil

São Paulo – Em 2011 foi criada a primeira norma de emissões para máquinas agrícolas e de construção, a Proconve MAR-I, que era equivalente à Tier-3 dos Estados Unidos e à Stage III da Europa, que reduziu a emissão de material particulado em 50% ante os motores mais antigos, dentre outras melhorias. A expectativa era de que se criasse uma norma que tivesse sequência, reduzindo cada vez mais as emissões a cada período, como acontece com os veículos leves e pesados. Mas um entrave dificultou o avanço: a baixa disponibilidade do diesel S10 em quase todo o País.

O uso do diesel S10 no lugar do S500 é pré-requisito para a criação de normas de emissões mais restritas, porque o primeiro tem baixo teor de enxofre e o segundo tem alto teor, de acordo com Maurício Lavoratti, diretor executivo para o segmento Fora de Estrada e Geradores da AEA, Associação Brasileira de Engenharia Automotiva. Mas agora o cenário mudou pois o diesel S10 representa 90% da produção da Petrobrás, que já anunciou o fim da produção do S500, e está presente em todo o País. Diante disso a AEA retomou os trabalhos para criação de uma nova norma:

“Em 2022 retomamos o olhar para este projeto e em 2023 a AEA decidiu criar uma comissão técnica, que começou bastante no escuro porque a gente não sabia nem a frota total de máquinas do País. Depois de cruzar vários dados chegamos ao número de 1,8 milhão de unidades”.

Deste volume, na melhor das hipóteses, o nível de emissões é MAR-I, que está em vigor atualmente no País, mas muitos equipamentos são mais antigos e estão abaixo disso, emitindo muito acima do padrão. O trabalho da AEA para avançar com uma nova norma é reflexo dos estudos que mostram dados preocupantes de emissões: na comparação com um motor diesel Euro 5 usado em um veículo pesado o material particulado que uma máquina emite é quatro vezes maior e, na comparação com um motor Euro 6, este volume é ainda maior, de acordo com o executivo.

A nova norma que a AEA está criando é a Proconve MAR-II, que reduzirá o nível de emissões de diversos poluentes, como aquela fumaça preta que sai das máquinas e, muitas vezes, chama a atenção nas grandes cidades. A nova norma segue o padrão em vigor nos Estados Unidos, mas com adaptações para o mercado brasileiro: as máquinas emitirão dez vezes menos material particulado e também reduzirão as emissões de CO2, NO2.

Uma máquina enquadrada na legislação Proconve MAR-I emite, hoje, 50 quilos de material particulado por ano, trabalhando 1 mil horas/ano, mas em alguns casos estas horas podem ser muito maiores, chegando a 3 mil horas/ano, triplicando o volume de material particulado emitido. 

Prazo e mudanças

A intenção da AEA, que contou com diversas montadoras e fornecedores para desenvolver a base para o novo programa de emissões, é tornar o programa vigente a partir de 2028, seguindo uma escala das máquinas maiores para as médias em 2030 e em 2032 para as pequenas. Esta escala é necessária porque o impacto no preço das máquinas maiores será menor, enquanto em máquinas com menor potência o porcentual de alta será maior. Mas tudo ainda está na fase de estudos:

“Máquinas dotadas de motores de 130 cv a 530 cv terão um acréscimo baixo, de 5% a no máximo 10%, mas em tratores pequenos o impacto pode ser bem maior, chegando a 30%”, disse Lavoratti. Desta forma é preciso tomar cuidado com o avanço do programa, para não afetar os pequenos produtores que precisam se programar para estes aumentos. 

A segunda fase do Proconve MAR-II, em 2030, incluirá máquinas de 75 cv a 130 cv e, abaixo disto, será a terceira fase em 2032. Uma alteração na comparação com o MAR-I é que a única separação será por potência, excluindo separações por categoria, como construção e agrícola.

O que muda nos motores das máquinas?

Em máquinas grandes, com motores globais, o sistema de injeção já é eletrônico, mas em muitos tratores médios e pequenos o sistema ainda é mecânico, sendo essa a grande mudança que virá, caso o Proconve MAR-II torne-se realidade. Isto quer dizer que os injetores serão controlados por softwares, assim como todo o motor e o sistema de pós-tratamento, que deverá contar com catalisador mais moderno para reduzir as emissões.

A adoção de filtro de material particulado também será uma novidade nos motores mecânicos mais antigos, sendo que em alguns casos será necessário, também, o uso de Arla 32. 

Oportunidades e riscos para os fornecedores

Das vinte maiores economias do mundo apenas Austrália, Brasil, Índia e Rússia ainda não migraram para motores eletrônicos em todas as suas máquinas, mas de acordo com Lavoratti estamos próximos de uma convergência global, sendo que na Índia já existe data para acontecer e será em 2026, derrubando o mercado mundial de motores mecânicos para um décimo do que é hoje e colocando em risco toda a cadeia de fornecimento, que se não migrar para o fornecimento de componentes para motores eletrônicos passará por grandes dificuldades.

Diante deste cenário a AEA alerta que a mudança é necessária também para manter a cadeia nacional de fornecedores ativa, porque o custo global de bombas de combustível, por exemplo, para motores mecânicos será muito maior do que o atual pois a produção será muito menor. 

Mesmo com custo maior para entregar os componentes para os motores eletrônicos, que serão mais caros do que os mecânicos, fornecedores nacionais terão oportunidades de nacionalizar novos componentes, ganhar escala com o passar dos anos e reduzir o custo inicial de produção. É o caso do injetores eletrônicos, que podem ser produzidos aqui com parte dos componentes ainda importados, computadores embarcados e sistema de pós-tratamento dos gases poluentes.

Carros limpos e acessíveis, a obsessão de Carlos Tavares

Brasília, DF – O CEO da quarta maior montadora global esteve no Brasil por dois dias e meio. Visitou fábricas, participou de ações com seus funcionários, dirigiu alguns carros que ainda não foram lançados, teve reunião com o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva e anunciou o maior investimento de uma empresa deste setor na história da indústria no País.

Para o português de Lisboa Carlos Tavares “estar no Brasil é como estar em casa”. Talvez pela língua em comum, que o deixou à vontade para abordar diversos temas mas, também, porque o País oferece soluções à descarbonização que ele acredita que podem ajudar na missão global de reduzir e eliminar o CO2 da mobilidade.

“O mundo está sofrendo uma fragmentação. E uma tendência de regionalização. Então a mobilidade limpa tem várias visões, o que não necessariamente é uma boa coisa. Somos uma empresa global e temos que oferecer todas as tecnologias para cada uma dessas regiões.”

O discurso veste perfeitamente em um líder global, que precisa atender aos anseios de mercados com variadas exigências. Mas Carlos Tavares elaborou em bom português resposta à reportagem, sobre a possibilidade de o Brasil oferecer tecnologias baseadas em biocombustíveis que contribuirão para a missão em outros lugares:

“Penso que obviamente os países da região poderiam se beneficiar imediatamente dos biocombustíveis utilizados no Brasil, com algum nível de hibridização no powertrain. Temos tudo pronto ou em desenvolvimento avançado por aqui. Mas também acredito que esta possa ser uma solução para o continente africano, desde que não tenha impacto na produção de alimentos. Porque a prioridade é acabar com a fome produzindo alimentos, não combustíveis”.

Tavares estava particularmente falante, segundo pessoas próximas a ele, e demonstrou bastante entusiasmo com as possibilidades de oferecer veículos mais limpos e eficientes a um público bem maior do que os abonados consumidores de carros descarbonizados premium ou de luxo.

“A América Latina é, hoje, uma região estável. Vou repetir: para nós é uma região estável. O Brasil faz muitos esforços para alinhar suas políticas com os desafios globais, a exemplo do Mover. É de nosso interesse e estamos comprometidos em desenvolver nossos negócios na região.”

Só no Brasil serão quarenta novos produtos de 2025 a 2030, a maioria com algum nível de eletrificação. O interesse é oferecer produtos acessíveis para a classe média, como a chamou Tavares, pois só assim haverá redução significativa das emissões.

“O mais importante é o alinhamento do valor com a expectativa de gerar eficiência em nossos produtos. Teremos veículos eficientes do ponto de vista da emissão e do consumo e, também, acessíveis à maioria dos consumidores.”

Dessa forma ele conclui que vender muitos carros mais eficientes será o caminho da Stellantis porque “o único número que interessa é o resultado da empresa, capaz de gerar lucro para continuarmos investindo nesta operação”.

Carlos Tavares e Emanuele Cappellano

Sobre os elétricos puros Tavares trouxe o comportamento do consumidor em alguns mercados na Europa: “Quando os incentivos para a compra acabaram o cliente disse: elétrico, tudo bem, mas precisa ter o preço de um carro com motor térmico”.

Segundo Tavares por isto as vendas estagnaram na Europa e nos Estados Unidos: o consumidor ainda não está convencido, preferindo pagar o preço do produto tradicional aos elétricos, também mais caros sem programas de incentivos com desconto no preço final.

Ele calcula que a aproximação dos preços dos veículos tradicionais aos dos elétricos puros comece a partir de 2026, 2027. Mesmo assim ainda é uma incógnita porque os insumos necessários, como os metais raros utilizados na bateria, podem limitar a redução dos preços. “Seria importante substituir os materiais raros das baterias porque sua escassez não permitirá que os preços dos veículos caiam.”

Nesta quinta-feira, 7, a agenda atribulada permitiu uma visita, pela manhã, à fábrica de Porto Real, RJ, onde provavelmente esteve ao volante de veículos ainda em gestação. À tarde Tavares encerrou sua terceira passagem pelo Brasil como CEO da Stellantis levando na bagagem planos, tecnologias e a esperança de que possam fazer a diferença — não só por aqui mas em muitos outros lugares.