Híbridos a etanol têm vantagem econômica trilionária sobre os elétricos puros

Brasília, DF – O estudo Trajetórias Tecnológicas mais Eficientes para a Descarbonização da Mobilidade, elaborado pela LCA Consultores e pela MTempo Capital, levando em conta as características do Brasil, coloca a adoção de veículos híbridos flex, alimentados com 100% de etanol, em larga vantagem ambiental, social e econômica em comparação à convergência aos elétricos puros, movidos por baterias.

De acordo com o trabalho, encomendado pelo MBCB, Acordo de Cooperação Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil, a opção por veículos híbridos flex, combinados com a adoção de políticas para aumentar o uso de etanol, como principal solução para reduzir as emissões de CO2 no País, traria no horizonte de trinta anos, de 2020 a 2050, ganhos socioeconômicos trilionários.

Com maior foco na produção dos veículos agora chamados de bioelétricos – híbridos alimentados por biocombustíveis –, no período de três décadas, o faturamento das empresas envolvidas na cadeia aumentaria quase R$ 2,4 trilhões com relação à realidade atual, de continuar produzindo somente carros a combustão. Na mesma comparação a convergência ao 100% elétricos reduziria o faturamento em R$ 5 trilhões.

Outros achados socioeconômicos do estudo: os bioelétricos acrescentariam R$ 878 bilhões ao PIB brasileiro enquanto os elétricos retirariam R$ 1,9 trilhão, a arrecadação de impostos aumentaria R$ 318 bilhões com os híbridos a etanol e cairia R$ 679 bilhões com os carros a bateria, e a correlação com geração de empregos é de mais 1 milhão de vagas para produzir modelos bioelétricos contra o fechamento de 597,3 mil postos de trabalho na hipótese de se investir nos elétricos puros.

Explicação

Coordenador do trabalho o economista Luciano Coutinho (na foto acima), sócio da MTempo e ex-presidente do BNDES, explica as diferenças que pesam a favor dos híbridos: “Ao se produzir elétricos descarta-se toda a cadeia de produção necessária para fabricar motores a combustão, utiliza-se menos componentes e menos mão de obra, além de atualmente o País não produzir aqui baterias e não há nenhuma perspectiva no horizonte de fazer as células dessas baterias, que seguiriam sendo importadas, portanto [sem agregar faturamento às empresas instaladas no País]. Já para fabricar híbridos agrega-se novos itens ao veículos sem descartar a rede produtiva já instalada”.

Como mais de 80% da frota de veículos leves no Brasil tem motores flex e pode usar 100% de etanol, um biocombustível quase neutro em emissões de carbono já utilizado e largamente distribuído no País há mais de quarenta anos, faz muito mais sentido apostar nos bioelétricos do que nos elétricos puros.

Segundo Coutinho é exatamente isto que os fabricantes de veículos querem fazer: “Para fazer o estudo nós conversamos com diversos fabricantes e perguntamos para onde iriam os investimentos em descarbonização e quase todos responderam que vão seguir o caminho dos híbridos flex. Por isto este é o cenário mais provável que traçamos”.

Vantagem ambiental

Não se trata somente de vantagens socioeconômicas medidas em bilhões e trilhões de reais, mas os bioelétricos também emitem menos CO2 do que os elétricos quando se faz a conta do berço à roda, que compreende, além do uso do veículo em si [a parte do tanque à roda], também todas as emissões acumuladas desde a extração de matérias-primas, produção de insumos e componentes, processos de fabricação, produção e distribuição dos combustíveis.

Levando em consideração todo este ciclo, segundo dados apurados no estudo pela LCA e MTempo, um modelo bioelétrico, híbrido utilizando só etanol, emite 77,5 gramas de CO2 por quilômetro rodado, enquanto no elétrico a emissão sobe para 104,8 gCO2/km, isto sendo alimentado com a matriz energética mais limpa do Brasil – hoje 55% da eletricidade gerada no País vêm de usinas hidrelétricas e 35% de captação eólica e solar –, pois na Europa, por exemplo, a energia predominantemente gerada por termelétricas emite mais CO2 para alimentar as baterias dos carros.

Este mesmo veículo equipado só com motor a combustão emite 120,9 gCO2/km usando 100% de etanol hidratado e 269,3 gCO2/km quando usa gasolina pura – diferente da distribuída no Brasil, misturada com 27% de etanol anidro.

A conclusão é que, no Brasil, é possível descarbonizar – ou desfossilizar – as emissões de CO2 dos veículos leves com uso de etanol e ainda obter mais ganhos econômicos com isto. É uma vantagem incontestável.

“As sociedades lá fora estão pagando para fazer a transição energética de baixo carbono, direcionando incentivos aos carros elétricos. Aqui no Brasil é o contrário: só com veículo flex economizamos mais de R$ 110 bilhões e evitamos 660 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. Portanto aqui é o único lugar do mundo em que a gente economiza descarbonizando e descarboniza economizando”, raciocina Evandro Gussi, presidente da Unica, que reúne empresas da cadeia produtora de etanol e biocombustíveis, no evento em Brasília no qual foi apresentado o estudo.

Veja aqui o resumo executivo do estudo Trajetórias Tecnológicas mais eficientes para a Descarbonização da Mobilidade.

Tecfil busca se fortalecer como fornecedora de produtos originais

São Paulo – Com o objetivo de reforçar o reconhecimento de sua marca como fornecedora de produtos originais para montadoras a Tecfil utiliza campanha nomeada de O Original do Brasileiro, em que chama atenção ao fato de competir de igual para igual com as multinacionais deste segmento.  

A nova identidade visual da Tecfil, fabricante de filtros automotivos 100% nacional instalada em Guarulhos, SP, possui a proposta de criar maior conexão com o público e, para tanto, foram criados dois selos, um deles é o Escolha o Original e o outro e o OEM Fabricante de Originais.

Câmara aprova proposta que traz incentivos para a transição energética

São Paulo – Proposta que visa estimular o financiamento de projetos de desenvolvimento sustentável, especialmente os relacionados à infraestrutura, pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação a partir do uso de créditos tributários foi aprovada no plenário da Câmara dos Deputados.

O projeto de lei 5 174/23 cria o Paten, Programa de Aceleração da Transição Energética, que estabelece instrumentos para a sua regulação no Brasil. Integram esse escopo inciativas relacionadas ao etanol de segunda geração, biometano e hidrogênio verde, entre outros.

O deputado federal Arnaldo Jardim, autor da proposta, estimou que o montante de créditos tributários da União e dos contribuintes que poderia ser aplicado em projetos de transição energética chega a R$ 3,5 trilhões. O projeto de lei segue agora para o Senado.

Volvo reinaugura concessionária com critérios de sustentabilidade

São Paulo – A concessionária de caminhões Lapônia Ourinhos, representante dos veículos Volvo na região de Ourinhos, SP, ganhou uma nova construção que atende aos preceitos de construção verde, em projeto que privilegia a qualidade do ambiente com economia de recursos naturais.

Com captação de energia renovável por meio de fotocélulas, reaproveitamento da água da chuva e o emprego de materiais de alto conforto térmico para reduzir o uso do ar-condicionado a unidade será a primeira do tipo a conquistar o selo Leed, que atesta critérios sustentáveis ao espaço.

Erguida em terreno de 15 mil m², sendo 4 mil m² de área construída, a nova concessionária ampliou não somente seu espaço como a capacidade de receber caminhões. Se anteriormente atendia de quatrocentos a quinhentos veículos por mês a expectativa, agora, é a de ampliar esse número em 50%.

A nova casa abriga ainda 21 boxes de serviço, área para reforma de veículos e pátio para manobras de caminhões bitrens e rodotrens.

A nova Lapônia Ourinhos está às margens da Rodovia João Goulart, também conhecida por Transbrasiliana, no km 338. A Volvo possui, ao todo, 106 pontos de atendimento no Brasil e diversos deles estão passando por reformas ou ampliação em iniciativas que somarão R$ 100 milhões em 2024.

VW Caminhões e Ônibus vendeu 20 mil extrapesados em três anos e meio

São Paulo – Os extrapesados da Volkswagen Caminhões e Ônibus Meteor e Constellation contabilizaram 20 mil emplacamentos ao longo dos últimos três anos e meio. O marco estimulou a montadora a lançar série de vídeos acerca dos atributos dos caminhões. O primeiro episódio, disponível no link, é apresentado pelo seu instrutor de treinamento Nílson Nascimento e fala sobre a eficiência dos veículos.

A empresa ressaltou, em nota, que nos diferenciais dos modelos, que desde o ano passado ganharam nova configuração que promete até 10% mais de produtividade e redução de até 8% no consumo de combustível, estão incluídos a potência e o torque superiores do motor D26 de 13 litros, produzido no Brasil. Eles também estão mais potentes, com 2.400 Nm de torque e equipados com sistema de emissões SCR e EGR.

Stellantis Ventures anuncia investimento em Lidar

São Paulo – A Stellantis Ventures, que representa o primeiro fundo de capital de risco da companhia, anunciou aporte em Lidar, tecnologia de detecção de alto desempenho compacto e de baixo custo que ajudará a promover maior adoção de sistemas avançados de assistência ao condutor, incluindo direção autônoma, por parte de motoristas dos futuros veículos das suas marcas.

O investimento, cujo valor não foi divulgado, se deu por meio da SteerLight, que desenvolve tecnologia fotônica de silício, que combina material semicondutor universal com a velocidade de captação das fotos, e que detecta ambiente circundante em três dimensões com maior resolução e precisão.

Além disso, de acordo com a Stellantis, a solução oferece menor custo de produção em volume do que os sistemas Lidar atualmente disponíveis no mercado.

Nissan manterá o Kicks atual em produção junto com a nova geração

São Paulo – Diante do crescimento das vendas do SUV Kicks, que foram ampliadas em 23% no primeiro bimestre na comparação ao mesmo período do ano passado, a Nissan decidiu manter a produção do modelo embora nova geração esteja a caminho. Ou seja: serão fabricados em Resende, RJ, dois veículos com o mesmo nome, assim como a Hyundai optou por fazer com o SUV Creta em Piracicaba, SP.

A Nissan investirá R$ 2,8 bilhões em Resende a partir de 2025, o que incluirá a montagem de motor turbo e a produção de dois novos SUVs, dentre os quais a nova geração do Kicks, um carro totalmente novo que conviverá no mercado com o modelo atual, aumentando assim o leque de opções no mercado brasileiro.

Hyundai anuncia Marcos Oliveira como COO para Américas Central e do Sul

São Paulo – Marcos Oliveira é o novo COO da Hyundai para as Américas Central e do Sul. Será o responsável pelas operações de produção em Piracicaba, SP, o que abrange os setores de estamparia, solda, pintura, montagem, controle de produção, manutenção, pesquisa e desenvolvimento, e também pela área de qualidade e pela fábrica de motores.

Com mais de três décadas de experiência na indústria automotiva global e passagens por Volkswagen e Fiat, Oliveira, que iniciou sua carreira na companhia em 2012 como gerente sênior de controle de qualidade, agora se reporta ao presidente e CEO da Hyundai Motor nas Américas Central e do Sul, Airton Cousseau.

Graduado em engenharia mecânica pela FEI o executivo possui também especialização em qualidade automotiva pela Unicamp e MBA em administração de empresas pela ESALQ/USP. Atualmente conclui mestrado profissional em engenharia de produção pela FEG/Unesp.

Vento colaborou com a produção de 1 milhão de carros Honda

Xangri-la, RS – A energia gerada pelo vento que movimenta as pás de dez aerogeradores instalados pela Honda Energy em seu parque eólico de Xangri-la, RS, proporcionou a produção de 1 milhão de automóveis nas fábricas de Itirapina e Sumaré, SP, em menos de  dez anos. O marco foi alcançado agora, em março, e foi celebrado pela companhia que tem no Brasil sua única operação industrial totalmente abastecida por energia limpa e renovável.

Além das fábricas de Sumaré, que no passado entregou automóveis e agora é responsável pela produção de peças e motores, e Itirapina, que atualmente monta os modelos City e HR-V, os 31,7 MW gerados pelo parque eólico abastecem o escritório da companhia em São Paulo. Eventualmente sobra energia:

“Sobra em torno de 20% da energia gerada”, afirmou Otávio Mizikami, presidente da Honda Energy e vice-presidente industrial da Honda Automóveis. “Este excedente comercializamos no mercado livre de energia. A venda não é o nosso objetivo principal”.

A operação, segundo Mizikami, foi desenvolvida para a capacidade máxima de produção e automóveis, que é de 120 mil unidades em Itirapina. Nos últimos anos, porém, a unidade trabalhou com ociosidade na faixa dos 50%: “Ano a ano a produção vem crescendo, mas ainda estimamos trabalhar com até 20% de ociosidade em 2024 e 2025”.

Expansão, portanto, não está no horizonte da Honda no médio prazo. Para isto seria preciso adquirir mais terreno, porque pelo posicionamento dos aerogeradores a instalação de um novo não seria possível sem prejudicar o desempenho. Há dez anos o parque foi inaugurado com nove equipamentos e um décimo foi instalado em 2020. No total a companhia investiu R$ 130 milhões no projeto.

Segundo Mizikami a companhia deixou de emitir 47 mil toneladas de CO2 com a energia eólica autogerada, que é suficiente para iluminar uma cidade de 35 mil habitantes.

A única operação brasileira da Honda que ainda não tem energia limpa autogerada é a fábrica de motocicletas em Manaus, AM, que somente recentemente foi integrada ao SIN, Sistema Interligado Nacional. Não há planos concretos, ainda, de gerar energia para a operação da Zona Franca.

Testes do modelo de tributação deverão começar em vinte meses

São Paulo – O novo modelo de cobrança de impostos da reforma tributária deverá iniciar seus testes em um intervalo de vinte meses, afirmou Edinilson Apolinário, diretor de produto e conteúdo da Thomson Reuters na América Latina, durante apresentação no Seminário Megatendências 2024, realizado por AutoData de 19 a 20 de março.

“Adquirimos boas práticas do modelo global e o Brasil inovou mais uma vez, pois será o primeiro país a criar um modelo de IVA dual. Para compor o valor a ser recolhido ao Fisco será necessário compor duas caixinhas, a do IBS, que congregou impostos sobre o consumo estaduais e municipais, como ICMS e ISS, e a do CBS, que substituirá os tributos de competência federal, como PIS, Cofins e IPI.”

De certa forma haverá uma simplificação, avaliou o especialista, ao mesmo tempo em que será estabelecida preocupação, pois algumas operações que não eram tributadas antes com determinado imposto passarão a recolhê-lo. O setor de serviços deverá ser o mais penalizado, a exemplo da locação. “Existiam muitas operações que não eram alcançadas a partir do ISS, por exemplo, e agora passarão a ter os dois juntos.”

Existe a expectativa de alíquota única de 27,5%, sendo que um porcentual ficará para CBS e outro à IBS, o que na visão do diretor da Thomson Reuters trará uma simplificação enorme para as empresas.

Apolinário citou que um ponto crítico é que o Brasil tem a previsão de que o crédito gerado a partir do IVA só poderá ser utilizado a partir da confirmação do pagamento do imposto do fornecedor.

“Isso é muito ruim, pois saímos de um padrão de tomada de crédito a partir da simples emissão do documento que se paga ao fornecedor e que segue o fluxo normal de competência para outro, como ocorre no México, em que quando o fornecedor emitir a nota ele destacará o IVA, mas quem adquire ficará com o crédito pendurado que só será liberado a partir da confirmação do governo de que aquele imposto foi pago, o que pode levar de um a dois meses.”

Segundo Apolinário há previsão na lei complementar trazendo essa possibilidade, no entanto, quando se vincula o crédito ao efetivo pagamento, tem-se grande distorção dentro do seu controle, e o maior problema se dará com o PIS/Cofins. “Com a mudança para CBS, o crédito de PIS/Cofins deixará de ser calculado, devendo ser utilizado o valor pago pelo fornecedor.”

Hoje o crédito é calculado sobre o valor de aquisição.

Reforma tributária será escalonada até 2032

A partir de 2026 a CBS e o IBS terão alíquota teste de 1%, sendo que empresas cumpridoras das obrigações fiscais poderão ser dispensadas e, em 2027, haverá a primeira grande alteração com a eliminação do PIS/Cofins e a entrada em vigor da CBS. Nesse mesmo ano o IPI será zerado, com exceção da lista de produtos incentivados da Zona Franca de Manaus e produzidos fora dessa região.

“Dessa forma a redução de alíquota de IPI do Mover poderá ficar sem efeito devido à alíquota zerada. O desafio, portanto, será estender os benefícios do programa até 2032.”

Em 2027 também terá início a cobrança do imposto seletivo, chamado também de imposto do pecado, com a possibilidade de o motor a combustão ser incluído na lista. A partir de 2029 terminará o período de teste do IBS e terá início aumento gradativo dessa alíquota, e a respectiva diminuição dos porcentuais do ICMS e ISS. Em 2032 ambos serão extintos:

“A partir de então teremos o fim da guerra fiscal, com o afastamento do risco de glosa de crédito fiscal e melhoria de eficiência logística com a eliminação das distorções operacionais vinculadas aos incentivos que deixarão de existir”.

Adicionalmente, segundo o especialista, haverá o aumento da segurança jurídica com a diminuição do risco de autuação fiscal e também o incremento da atração de investimentos. Outros benefícios citados serão a redução do custo de pessoas e de infraestrutura e a tão aguardada transparência tributária que permitirá ao consumidor visualizar a carga real de impostos pagos.