Chega ao fim o ano dos investimentos e da volta da confiança

São Paulo – Parece distante o 30 de dezembro de 2023. Você lembra onde estava, caro leitor? Vamos ajudar a refrescar a memória: foi quando a medida provisória 1 205, que criou o Mover, Programa Mobilidade Verde e Inovação, foi publicada. Pois não faz nem um ano e muita coisa aconteceu de lá para cá no setor automotivo.

Mesmo sem conhecer todas as regulamentações e regras do programa industrial destinado à indústria automotiva o setor depositou as suas fichas no Brasil: calcula a Anfavea que são mais de R$ 130 bilhões em investimentos, boa parte anunciado neste 2024, após a publicação das regras do Mover.

Quem abriu a porteira foi a General Motors, ainda em janeiro. Não demorou muito e Volkswagen, Hyundai, Toyota, Stellantis, HPE, Honda e BMW divulgaram seus planos, que se juntaram aos anunciados no ano passado de Renault, Nissan e Caoa, em leves, além das chinesas BYD e GWM e, mais recentemente, GAC. Em pesados também anunciaram seus novos ciclos Iveco e Scania.

Nas contas de AutoData o valor é um pouco menor do que o da Anfavea, em torno de R$ 114 bilhões. A última atualização de AutoData para os ciclos de investimento em curso no País está aqui, para leves e para pesados

O mercado brasileiro desempenhou bem e chegará próximo das 2,7 milhões de unidades. Poderia bater os 3 milhões em 2025 caso a taxa Selic não crescesse tanto, na desculpa de combate a uma inflação que teima em estampar as páginas dos jornais. Para 2025 a expectativa é de mais crescimento.

De toda forma todos esses valores foram anunciados ainda sem o Mover estar inteiramente publicado. Componente importante da previsibilidade o IPI Verde ainda é desconhecido até a sexta-feira, 20 de dezembro. Será que ele chega no apagar das luzes do ano?

Se chegar você lerá tudo sobre ele aqui, assim como leu tudo o que de mais importante a indústria automotiva brasileira viveu neste 2024. A Agência AutoData produziu quase 2 mil notícias nestes doze meses, que geraram mais de 1,9 milhão de acessos ao nosso site, sem contar as mais de 1 mil páginas da revista AutoData.

Voltamos em 2025. Chegou a hora da tradicional pausa em nossas operações. Retornamos em 6 de janeiro.

Boas festas a todos!

Volkswagen lança o Vale+, seu serviço de blindagem de fábrica

São Paulo – A Volkswagen iniciou a oferta do Vale+, serviço de blindagem de fábrica dos seus veículos, tanto para quem for comprar um 0 KM quanto para quem optar pelo programa de assinatura.

O serviço demora quarenta dias após a entrega da documentação e está disponível para os modelos Polo, Virtus, Saveiro, Nivus, T‑Cross, Taos, Tiguan, Amarok, Jetta GLI, ID.4 e ID. Buzz. O primeiro veículo blindado de fábrica pela montadora foi a Amarok V6, que teve seu peso aumentado mas, ainda assim, ficou 57 quilos mais leve na comparação com outras blindagens ofertadas no mercado, segundo comunicado divulgado pela companhia.

O nível balístico é III-A, o mais alto permitido para uso civil no Brasil, utilizando um dos materiais mais leves do mercado, uma evolução da blindagem opaca, até 80 quilos mais leve que o aço/aramida. O valor inicial do serviço Volkswagen Vale+ é de R$ 64 mil para a Saveiro.

Iveco Bus vence concorrência de até 580 ônibus na Alemanha

São Paulo – A Iveco Bus venceu concorrência para fornecer até 580 ônibus ao Grupo BusGruppe, liderado pela Verkehrsbetriebe Bachstein, na Alemanha. O plano é entregar os veículos a partir de 2025, ao longo de cinco anos, inclusas 250 unidades a bateria – foi a maior venda de ônibus elétricos pela companhia no mercado alemão.   

O acordo inclui duzentos ônibus Crossway Low Entry Elec de 12 metros e cinquenta elétricos articulados e-Way. Os veículos serão equipados com baterias NMC de 69,2 kWh de alta densidade. Além dos veículos a bateria o contrato inclui o fornecimento de infraestruturas de carregamento vinculadas.

As demais unidades serão compostas por 150 ônibus articulados Urbanway Hybrid de 18 metros e 180 ônibus intermunicipais Crossway Low Entry de 12 metros. Os veículos levam motor Cursor 9 de 360 cv compatível, segundo a fabricante, com o padrão de emissões Euro 6 Step E e combustíveis renováveis XTL, X-To-Liquid.

Vendas de veículos na União Europeia caem 2%

São Paulo – Em novembro as vendas de veículos leves na União Europeia caíram 1,9%, somando 869,8 mil unidades, de acordo com a Acea. A França puxou a queda, dentre os principais mercados, com retração de 12,7%, seguida pela baixa de 10,8% na Itália. A Alemanha registrou leve alta de 0,5% e a Espanha fechou o mês em alta de 6,4%.

No acumulado do ano o mercado europeu ficou estável, somando 9,7 milhões de veículos leves vendidos. A Espanha cresceu 5,1%, compensando a queda de 3,7% da França, 0,4% da Alemanha e 0,2% da Itália.

A participação dos 100% elétricos reduziu de 16,3% em novembro de 2023 para 15% no mês passado, por causa de uma queda de 9,5% nas vendas. Os híbridos plug-in também caíram, 8,8%, e perderam 0,6 pontos porcentuais, para 7,6% das vendas no bloco. Caíram também as vendas de carros a gasolina, 7,8%, e diesel, 15,3%.

Só quem teve vendas maiores no mês passado foram os carros híbridos, avanço de 18,5% e 33,2% de fatia do mercado, comparada com 27,5% um ano antes.

Volvo Cars projeta crescimento de até 7% nas vendas de veículos premium

São Paulo – Após um ano de estabilidade, com cerca de 40 mil veículos vendidos no País, o mercado de carros premium deverá voltar a crescer em 2025, segundo Marcelo Godoy, presidente da Volvo Cars. Em entrevista exclusiva à Agência AutoData, o executivo projetou crescimento de 5% a 7% nas vendas do segmento, puxado por lançamentos importantes previstos por diversas marcas, ainda que a desvalorização cambial e a alta nos juros joguem contra.

No caso da Volvo dois lançamentos importantes deverão fazer suas vendas crescerem acima da média, calculou Godoy: o novo XC90 e o EX90. Ambos chegarão ao mercado brasileiro no primeiro trimestre, o primeiro com grandes mudanças, tanto externas quanto internas, e o segundo fará sua estreia. “O EX90 é um computador sobre rodas, cheio de tecnologia e o único elétrico premium de sete lugares do seu segmento”.

Outro modelo sobre o qual a Volvo deposita grande expectativa é o EX30, que posicionou a marca em uma nova fatia de mercado, abaixo dos R$ 300 mil, e terá o seu primeiro ano cheio de vendas. O executivo reconheceu que em 2024 o desempenho dele ficou abaixo do esperado, ainda que tenha sido bom, superando as vendas na China em alguns meses:

“Com o EX30 estamos negociando as vendas, em muitos casos, para um novo perfil de cliente, que é mais racional e demora mais tempo para fechar a compra. Eles visitam a concessionária mais de uma vez e realizam dois ou três test-drives até optarem por levar seu modelo para casa”.

Caso a projeção seja atingida a Volvo conseguirá manter a vice-liderança do segmento premium, atrás apenas da BMW, que mantém produção local no Brasil, diante de um cenário complicado para 2025, com juros altos e tendência de subir ainda mais e a  desvalorização do real perante ao dólar. Godoy confia que o País tem fôlego para reverter os dois cenários ao longo do ano. 

Outro debate importante que está no radar da Volvo Cars é a antecipação do retorno dos 35% de imposto de importação, previsto para retornar apenas em 2026 mas que tem pleito de reintegração imediata da tarifa por parte da Anfavea:

“Eu não acredito que aconteça no ano que vem, mas temos que estar sempre atentos, com o radar ligado e participando das discussões via Abeifa. O vice-presidente [da República, Geraldo] Alckmin já falou em algumas entrevistas que o Brasil precisa manter a estabilidade nos acordos. As regras desse jogo foram definidas há dois anos, embora a Anfavea defenda o retorno imeditado”.

Para o fechamento de 2024 a Volvo projeta vender de 8 mil a 8,2 mil unidades, volume estável na comparação com 2023, com o XC60, que é líder do seu segmento, representando cerca de 50% das vendas. Godoy disse que o ano poderia ter sido melhor mas ainda assim o resultado agradou a matriz, que vê com bons olhos os negócios no Brasil, uma vez que a empresa é vice-líder do segmento premium e possui 20% de participação:

“Foi um ano de grandes mudanças para a operação da Volvo no Brasil também, com uma nova diretoria e o meu primeiro ano na presidência, que trouxe grandes aprendizados”.

Indústria argentina terá 2025 de crescimento, estima Adefa

São Paulo – A Adefa informou ao ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, suas projeções para a indústria local em 2025: crescimento da produção de 7% a 9% , alcançando 545 mil veículos, avanço de 8% nas exportações, somando 324 mil unidades, e mercado doméstico crescendo 12% e somando 500 mil veículos.

A diretoria da entidade e a equipe econômica argentina se reuniram na quarta-feira, 19. Apresentaram a Caputo resultado de 2024 acima do esperado, segundo o presidente Martín Zuppi: 

“Como resultado do trabalho conjunto com o governo, que promoveu uma sede de medidas, o setor melhorou seu desempenho e elevou os números projetados no início do ano”.

Segundo a Adefa a produção encerrará o ano com 505 mil unidades produzidas, 300 mil exportadas e 412,5 mil licenciadas.

O difícil ano novo de Haddad e Tebet

Aprovada pela Câmara dos Deputados na noite da terça-feira, 17, a regulamentação da reforma tributária sobre o consumo trouxe profundas frustrações para a indústria automotiva. Como jornalista especializado em economia e na análise da evolução da indústria brasileira é difícil, para mim, compreender como o setor automotivo – cuja cadeia produtiva e comercial emprega mais de um milhão de brasileiros – foi enquadrado na categoria de imposto do pecado enquanto a indústria de armas e munições foi considerada essencial e isenta desta sobretaxa.

A inclusão dos veículos na lista de itens sujeitos ao IS, imposto seletivo, demonstra uma contradição. A Anfavea alertou que esta medida poderá encarecer produtos, prejudicar a geração de empregos e travar o mercado interno. Veículos novos são menos poluentes, atendem às mais rigorosas normas de emissões e contribuem para a descarbonização, promovendo a renovação da frota e reduzindo a emissão de CO2.

Mas, ainda assim, a categoria foi mantida no texto aprovado pela Câmara. Bebidas adoçadas, temporariamente retiradas da lista pelo Senado, acabaram sendo reincorporadas após a votação. Em contrapartida armas e munições seguem isentas. Qual é a lógica por trás dessa decisão? Em que país se coloca um automóvel, que é vital para a mobilidade e o trabalho de milhões de cidadãos, na mesma categoria de produtos considerados pecaminosos como revólveres, fuzis e metralhadoras?

A complexidade não para por aí. De acordo com o que foi publicado na Agência AutoData a regulamentação do IS para os veículos será baseada em critérios como potência, densidade tecnológica, etapas de fabricação no Brasil e categoria do veículo, provavelmente tomará como base o IPI Verde, criado junto ao programa Mover. Além disso a alíquota do IS será complementar à tarifa-base do IVA, que já é um imposto complexo e desafiador de implementar. Segundo o relator do texto da Câmara a alíquota poderá chegar a impressionantes 27,84%, a maior do planeta.

Enquanto isso, em outro movimento realizado na quarta-feira, 18, mais uma vez na Câmara dos Deputados causou surpresa: a desidratação da proposta de redução de gastos apresentada pelo governo para 2025. Em um momento em que o Brasil enfrenta alta do dólar e pressões inflacionárias colocar em risco o ajuste fiscal parece ser um tiro no próprio pé. Qual foi o objetivo desta decisão? Qual é o plano por trás de fragilizar ainda mais a economia em um período de tanta instabilidade?

Por fim não podemos ignorar as fakes news que têm circulado nos últimos dias, especulando sobre cenários econômicos e contribuindo para a instabilidade do câmbio. Quem se beneficia com a disseminação de desinformação? Essas ações, somadas às dificuldades na gestão fiscal e tributária, agravam ainda mais um quadro desafiador para o governo, especialmente para os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet.

Com a economia sob risco e o futuro da indústria ameaçado, o ano novo da equipe econômica não promete ser fácil. Aí está mais um capítulo da história de um Brasil que parece, vez ou outra, agir contra os seus próprios interesses.

XBRI escolhe Ponta Grossa para abrigar sua primeira fábrica própria de pneus

São Paulo – Em reunião com o vice-presidente da República e ministro do MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, a XBRI Pneus anunciou o local de sua fábrica no Brasil, a primeira própria da marca: Ponta Grossa, PR.

De acordo com o que seu diretor de relações institucionais, Samer Nasser, adiantara com exclusividade para a Agência AutoData, a companhia adquiriu terreno de cerca de 400 hectares onde será erguida fábrica de 500 mil m² com capacidade de produção anual de 12 milhões de unidades de pneus de passeio e 2,5 milhões de unidades de pneus de carga.

A escolha da cidade se deu, de acordo com o diretor, por causa da proximidade com o porto para trazer insumos e exportar pneus – a ideia é embarcar produtos para América Latina, Estados Unidos e Europa –, pela disponibilidade de mão de obra, gás, energia elétrica, água e o fato de estarem perto de grandes mercados consumidores.

Segundo Nasser o assentamento da pedra fundamental e posterior início das obras é aguardado para março. Até o fim de 2026 será introduzida fase de produção teste e, em 2027, começará a fabricação em escala comercial. O investimento inicial será de R$ 1,5 bilhão.

Para o encontro com Alckmin veio ao Brasil Nabil Chamseddine, CEO do Grupo Sunset Tires Corporation, sediado em Hong Kong. A companhia é detentora da marca XBRI Pneus, que possui capital 100% de brasileiros – a mesma origem do executivo: “Com a nova fábrica nacionalizaremos tecnologias hoje dominadas somente por companhias estrangeiras, criando uma verdadeira Escola da Borracha no Brasil”.

A unidade produtiva será a primeira da marca em todo o mundo, uma vez que, embora exista há 36 anos e esteja presente no País há vinte, os pneus são fabricados por meio de maquinário alocado em outras empresas na China, no Vietnã, na Tailândia e no Camboja.

“Hoje os custos de produção, logística e tributários para importação a partir de nossas fábricas na Ásia já se assemelham aos da produção aqui no Brasil. Assim entendemos que chegou a hora de fazer esse investimento.”

Os produtos da XBRI Pneus são homologados para reposição por montadoras como Volkswagen e por frotas de empresas como Raízen, Shell, JSL, Localiza e Unidas.

VW Caminhões e Ônibus apoiou dezesseis instituições em 2024

São Paulo — A Volkswagen Caminhões e Ônibus ampliou para dezesseis o número de instituições apoiadas em 2024. As ações sociais, que refletem no dia a dia de comunidades nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, envolvem as áreas de saúde, esporte, meio ambiente, educação, cultura, cidadania, proteção infanto-juvenil e assistência e inclusão.

São exemplos de projetos beneficiados a 22ª Corrida e Caminhada GRAACC, que gera recursos para crianças e adolescentes com câncer, a FLIR, Feira do Livro de Resende, que incentiva a leitura e o acesso a cultura, o Nado Artístico para Todos, que amplia o acesso de jovens com deficiência a esportes aquáticos e o Futebol Resende – Pelé Academia, que desenvolve e aprimora categorias de base do Resende Futebol Clube.

Vendas de pneus crescem em novembro

São Paulo – No primeiro mês de vigência das alíquotas mais elevadas para importação de pneus de carros de passeio o segmento apresentou crescimento nas vendas: 4,5 milhões de pneus, somados todos os tipos, avanço de 11,7% sobre novembro de 2024, 4,1 milhões, mas 2,6% abaixo do resultado de outubro, 4,7 milhões.

O saldo no acumulado do ano, porém, é de queda de 2,6%, somando 47,1 milhões de pneus comercializados de janeiro a novembro. O fornecimento para montadoras cresceu 1,4%, para 12,2 milhões de unidades, e a reposição recuou 3,9%, para 34,9 milhões.

As vendas para pneus de carros de passeio caíram 6,5% no acumulado do ano, comparado ao período janeiro-novembro de 2023, somando 25,3 milhões de unidades, enquanto as de pneus de carga subiram 3,6%, alcançando 6,2 milhões. Para motocicletas foram vendidos 9,3 milhões de pneus, avanço de 2,9%.

As importações recuaram, na comparação anual, cerca de 25%, para 3,1 milhões de pneus em novembro. Mas os efeitos completos da mudança no tributo só serão sentidos a partir do ano que vem, conforme Klaus Curt Müller, presidente da Anip, afirmou em recente entrevista à Agência AutoData. O saldo anual segue com forte avanço das importações, 17,3%, para 50,2 milhões de unidades.

As exportações caíram 3,5% de janeiro a novembro, para 10,6 milhões de unidades. O déficit comercial, portanto, chegou a 39,6 milhões de pneus.