AutoData 30 Anos

MERCADO IMPORTADOS 96 AutoData | Novembro | 2022 FIM DA FESTA O crescimento econômico robusto vivido pelo Brasil no início dos anos 2010 aumentou a renda da população, valorizou o real e compensou a alíquota de importação de veículos de 35%. O resultado foi uma explosão das importações, que chegaram a representar mais de umquarto das vendas de veículos no País. Marcas como as coreanas Kia e Hyundai chegaram a vender mais de 80 mil automóveis importados no início da década. O fimda festa dos importados, mirando principalmente nas marcas chinesas e sul-coreanas, foi decretado pelo governo com a criação do Inovar-Auto que impôs, de 2012 a 2017, sobretaxação de 30 pontos porcentuais extras sobre o IPI de carros vindos de fora do Mercosul e do México, com os quais o Brasil honrou acordos comerciais. Ao mesmo tempo em que sobretaxou os importados o Inovar-Auto estimulou investimentos em fábri- cas locais por meio da concessão de cotas de importação sem os 30 pontos extras em troca da promessa da produção local. Funcionou e muitos importadores inauguraram fábricas no Brasil. Mas o fato é que nos anos seguintes ao Inovar-Auto, mesmo depois do fimda sobretaxação de 30 pontos do IPI, as importações nunca mais voltaram aos mesmos níveis. Após a barreira tributária, criou-se outra: a contínua desvalorização do real como dólar hoje cotado amais de R$ 5,00 tratou de tornar inviáveis importações de carros mais baratos. Hoje o que se vê por aqui é a concentração do mercado de veículos importados no chamado segmento premium, com a maioria dos carros destinados ao público com maior poder aquisitivo. Nessa mesma conta também entra a novidade dos carros elétricos. Os carros chineses são uma realidade no País, mas a maio- ria nem é mais importada: é montada aqui mesmo. E já não carregam mais a pecha de produtos de qualidade inferior e clones de outros automóveis. Além da JAC Motors e Chery, BYD e Great Wall chegarammais recentemente ao mercado brasileiro, sempre commodelos sofisticados que jamais seriam imaginados poucos anos atrás. A operação brasileira da Chery, em 2017, associou-se em partes iguais com o Grupo Caoa e atualmente monta em fábricas brasileiras a maioria dos modelos Caoa Chery que vende no Brasil. A Great Wall chegou no fim de 2021, quando nem havia mais sobretaxação aos importados, mas comprou a fábrica Outubro de 2008 82 Outubro 2008 | AutoData | IMPORTADOS PERSPECTIVAS 2009 Ricardo Couto redacaoad@autodata.com.br Agora é esperar A s vendas de importados podem crescer até 10% no ano que vem, caso a crise internacional não jogue a cotação do dólar muito além dos R$ 2. De qualquer forma não se cogita que- da com relação a este ano, quando 400 mil automóveis e comerciais leves es- trangeiros serão vendidos aqui. As montadoras e os importadores independentes devem aumentar as importações de veículos em 2009, mas em nível bem menor do que nos últi- mos anos. Apesar da crise financeira internacional que abalou as bolsas em independentes, é de alta de cerca de 10%, caso a economia brasileira e o dólar não sejam muito afetados. Já a percepção geral dos fabricantes com plantas aqui – e que importam veícu- los principalmente da Argentina, Mé- xico e Europa – é de que, se o mercado não crescer o esperado, na pior das hipóteses repetirá os resultados des- te ano, o que para essas empresas já é considerado muito bom. Ainda que predominasse a percep- ção de clima favorável a subida repen- tina do dólar em setembro e início de todo o mundo em setembro e outubro e da consequente da disparada do dólar frente ao real, as empresas contavam com a manutenção de conjuntura fa- vorável no mercado brasileiro, con- tratos já firmados e lançamentos de modelos para sustentar seus negócios. Ainda assim o nível de crescimento do mercado de importados deve ficar atrelado ao desdobramento da crise estadunidense neste fim de ano. 10% a mais. A previsão mais oti- mista para o ano que vem, dentre os outubro, girando em torno de R$ 2, acendeu a luz de alerta. Até meados de setembro o setor apontava projeções positivas para o desempenho do mer- cado em 2009. Mas, segundo as empre- sas ouvidas, as estratégias poderiam ser revistas a qualquer momento, caso a crise internacional ganhasse contor- nos mais amplos, com a relação cam- bial mudando de forma acentuada. “Ainda existe espaço para crescer um pouco as importações de veículos acima de R$ 100 mil, caso o dólar se mantenha no próximo ano na faixa de Foto: Divulgação/GM Foto: Divulgação/Ford AD 230 - PERSPECTIVAS - IMPORT V82 82 8/10/2008 22:14:02

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