AutoData 30 Anos

87 2022 | Novembro | AutoData é necessário, antes, discutir como será o amanhã”, advertia o então presidente da Anfavea, AntônioMegale. Alémdisso estava àmesa dos grupos de discussão uma série de conflitos de inte- ressesmercadológicos, políticos e financeiros, que, logo de cara, impediamque a roda do Rota 2030 girassemais rapidamente. ESPINHA DORSAL O tempo passou e nada de efetivo aconteceu. Em fevereiro de 2018 AutoData tratava da indefinição do anúncio da nova política para a indústria automotiva, que preocupava o setor. Diante de muitos impasses a da falta de consenso durante as negociações do Ministério da Indústria, que defendia a con- cessão de incentivos, como Ministério da Fazenda, que queria barrar todos eles, alguns executivos dasmontadoras propunham atémesmo que o Rota 2030 fosse engavetado: “Se o Rota 2030 nascer desconfigurado e com regras sem quaisquer contra- partidas é melhor que nem saia do papel”, afirmava um deles. Em entrevista exclusiva a AutoData Margarete Gandini, diretora do Departamento das Indústrias para a Mobilidade e Logística do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Servi- ços, pensava diferente. Ela opinava que, no mínimo, a espinha dorsal do Rota 2030 deveria ser anunciada, para impulsionar o avanço de outras questões paralelas da indústria. Essa base continha, segundo ela, regulamentações especí- ficas para eficiência energética, segurança, pesquisa e desen- volvimento, apoio a novas tecnologias, híbridos e elétricos, eti- quetagemveicular e especificações para fabricantes premium e de baixo volume: “A partir disso completamos o programa conforme outros temas sejam debatidos e acordados, como rede de concessionárias, mobilidade urbana e logística”. MUDANÇAS DE ROTA As idas e vindas terminaram, finalmente, no apagar das luzes do governo Michel Temer. Depois de quase dois anos de discussões e polêmicas o Rota 2030 foi sancionado em 11 de dezembro de 2018, mas com gosto de obra inacabada: “Foi como deu”, estampava, com certo tom de frustração, o título de reportagem da AutoData de fevereiro do ano seguinte. Ainda assim o Rota 2030 manteve no horizonte as princi- pais metas para o desenvolvimento da indústria nacional em linha com a global, com objetivos ambiciosos de redução de consumo e emissões, bem como a adoção gradual de siste- Fevereiro de 2018 Agosto de 2018 20 Fevereiro 2018 | AutoData ROTA 2030 » A NEGOCIAÇÃO O setor automotivo vive um início de 2018 em frustração. O tão esperado Rota 2030, que representaria na prá- tica a continuação do Inovar-Auto, simplesmente não foi anunciado até 31 de dezembro, apesar de todas as expectati- vas neste sentido. O desapontamento foi bastante reforçado por representar não o primeiro mas sim já o quarto adiamento: inicialmente falou-se em lançar o programa em agosto, que passou a setembro – in- cluindo uma confusa questão de necessi- dade de noventena –, depois novembro e depois dezembro. E nada. E assim chegamos a fevereiro e mais Por Marcos Rozen Everett Collection/Shutterstock.com Para evitar a derrota do ROTA A indefinição para o anúncio do novo regime automotivo causa angústia. E caso seja desconfigurado ante o negociado o resultado poderá ser pior do que a espera. um nada. Agora estima-se anúncio no fi - nal deste mês, mas não são exatamente poucos os executivos do setor automotivo nacional que já consideram seriamente um cenário em que apenas uma parte do Rota 2030 seja efetivada ou, até mesmo, que ele simplesmente não exista. A Anfavea ainda acredita que a nova política seja efetivamente lançada. Antonio Megale, seu presidente, garante que no final de dezembro o próprio Presidente da República avisou que a decisão sobre o Rota 2030 seria tomada no final de feve - reiro. “Vemos este atraso com naturalidade e temos a esperança de que tudo esteja fechado até lá.” AD 341 - Rota 2030.indd 20 05/02/2018 20:38:18 22 Agosto 2018 | AutoData POLÍTICA INDUSTRIAL » BÊ-A-BÁ DO ROTA 2030 D epois de praticamente um ano de atraso, idas e vindas, luzes e penum- bras, no começo de julho finalmente o Rota 2030 foi promulgado pelo governo federal. Mas isso não significa que está tudo resolvido – bem diferente disso, aliás. Há muita coisa à frente para acontecer, inclusive... nada. AutoData preparou um especial ex- clusivo para apresentar ao leitor absolu- tamente tudo o que diz respeito ao Rota 2030, em todos os seus pormenores e nuanças, não só das regras mas também do processo. É umverdadeiro guia da nova política automotiva brasileira. Acompanhe. Por Marcos Rozen ROTEIRO DO ROTA Nova política automotiva substituta do Inovar- Auto traz várias novidades mas ainda nada é 100% certo. Explicamos aqui tudo o que você queria saber mas não tinha para quem perguntar. O que é e o que não é A nova política setorial para o setor automotivo é algo um pouco diferente do Inovar-Auto e bastante diferente do que foi proposto inicialmente nos estudos do Rota 2030. De forma bastante simplificada, pode-se dividir o programa em três pilares: Quem quiser vender veículos no Brasil, sejam nacionais ou importados, terá que assumir compromisso de atender novas metas de eficiência energética, cronograma de equipamentos de segurança e etiquetagem veicular, tanto de consumo e emissões quanto dos itens de segurança. E ponto. Quem não quiser assumir o compromisso ainda poderá vender, mas terá que pagar multa de 20% sobre o valor de venda do veículo. Dentro destes compromissos obrigatórios de eficiência e segurança haverá metas- bônus, para além da mínima obrigatória. A da eficiência terá duas faixas, oferecendo benefício extra de 1 ou 2 pontos a menos do IPI. Para segurança o bônus é 1 ponto do IPI, mas mesmo que uma montadora alcance todas as metas-bônus nos dois casos o benefício acumulado não poderá ultrapassar os 2 pontos de IPI. Quem não alcançar o índice estabelecido de melhoria na eficiência energética pagará multa de acordo com a evolução que obteve: quanto mais distante seu resultado de melhoria ficar do índice mínimo exigido, maior será a multa. Requisitos obrigatórios AD 347 - Rota2030.indd 22 09/08/2018 14:27:04

RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=