AutoData 30 Anos

INDÚSTRIA POLÍTICA SETORIAL 84 AutoData | Novembro | 2022 A despeito da carência de engenheiros no mercado para suprir as exigências do Inovar-Auto, a seremcumpridas até 2017, os primeiros frutos do regime automotivo começaram a ser colhidos já no segundo semestre de 2013, como o investimento em centros de desenvolvimento e a maior independência das montadoras em relação às matrizes, com produção local de componentes antes projetados no Exterior. Diretor de engenharia da Renault, Pierre-Jean Montanié dava o testemunho: “O centro de engenharia brasileira era responsável apenas por adaptar peças e componentes ao gosto do cliente local e agora amatriz nos deumaior autonomia para desenvolver peças, componentes e até a estrutura dos veículos”. Empresas de autopeças e detecnologias automotivas, como Delphi, Schaeffler, TRW e Bosch, diziam estar preparadas para atender, com produção local, à demanda das montadoras, que passaram a elevar consideravelmente as encomendas de sistemas para alcançar as metas de eficiência energética, segurança e nacionalização. O problema é que a economia brasileira não acompanhou o crescimento da indústria, como aconteceu nos regimes au- tomotivos anteriores. O mercado que chegou ao pico de 3,8 milhões de veículos vendidos em 2012 começou a cair e nunca mais regressou aomesmo nível, deixando os investimentos da indústria sem a esperada remuneração. POLÍTICA DE LONGO PRAZO Como tempo percebeu-se que os debates sobre a evolução do setor automotivo extrapolavamo Inovar-Auto. Em fevereiro de 2017, já com uma nova recessão econômica estabelecida no Brasil, AutoData mostrava a urgência de consolidar um plano industrial, com bases políticas e econômicas, a fim de encaminhar questões delicadas, como reformas trabalhista e tributária, melhorias na infraestrutura e logística, estímulo às exportações e capacidade de planejamento para o longo prazo. Como se fosse um filme repetido a situação não andava nada animadora na indústria cinco anos atrás. O uso da capa- cidade instalada da indústria era a menor em duas décadas, apenas 66%, e no setor automotivo a crise apresentava-se ainda mais dramática. As montadoras estavam produzindo menos da metade dos 5 milhões de veículos que poderiam fabricar por ano. No segmento de caminhões a ociosidade chegava a 75%. Paulo Butori (Sindipeças)

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