AutoData 30 Anos

INDÚSTRIA POLÍTICA SETORIAL 80 AutoData | Novembro | 2022 21 Abril 2012 poderá ter produção suficiente para galgar degraus no ranking dos maiores fabricantes. Paulo Butori, presidente do Sindipeças, também mostrou-se satisfeito: “Apoiamos e comemoramos qualquer ação governamental que valorize a indús- tria instalada no Brasil e amenize os efeitos de políti- cas econômicas que tiram nossa competitividade de um dia para outro, sem que possamos reagir. Temos vocação para produzir e queremos continuar vivos”. Conteúdo nacional. Dentre as princi- pais medidas ficou decidido que a majoração do IPI em 30 pontos porcentuais para os modelos que não atendam ao regime, antes com término previsto para dezembro, seguirá por pelo menos mais cinco anos. Não pagará o IPI ampliado apenas quem produz e quem planeja produzir aqui, com a devida habilita- ção ao programa. Também é importante a mudança dos critérios do conteúdo nacional para ter os devidos benefícios previstos no novo regime. O porcentual mínimo de conteúdo regional, válido a partir de janeiro de 2013, será de 55% para desconto dos 30 pontos porcentu- ais no IPI. A base de cálculo muda, pois hoje o míni- mo exigido é 65%. Passará a ser a mesma utilizada no México e em outros países, e considera apenas a quantidade de insumos, peças e componentes ad- quiridos no Brasil e no Mercosul usados na produção do veículo. No cálculo utilizado atualmente a base é o valor faturado do veículo, o que acaba por in- cluir custos que não estão diretamen- te ligados à sua fabricação, como publicidade, custos com marke- ting e folha de pagamento. As fabricantes que tiverem índice de nacionalização menor do que 55% não serão alijadas do regime, mas terão um desconto na sobretaxa do IPI proporcionalmente menor. Para se habilitar ao novo regime as empresas de- verão cumprir três de quatro requisitos exigidos pelo governo: investimento de pelo menos 0,15% da re- ceita operacional bruta em inovação, de no mínimo 0,5% da mesma receita em engenharia e tecnologia industrial básica, prover no mínimo 25% de seus ve- ículos com as etiquetas veiculares do Inmetro, que atestam niveis de emissão de poluentes, e também atender aos novos padrões fabris, diferenciados de acordo com o segmento de atuação, veículos leves e pesados. As fabricantes de leves precisam agora cumprir oito de doze etapas, enquanto que as de pesados dez de catorze. Cada montadora terá até 31 de de- zembro para cumprir essas novas determinações e, O novo cálculo de conteúdo local abrange apenas os insumos, peças e componentes utilizados na produção de veículos de origem Brasil e Mercosul e será igual ao do utilizado no México 3 ©iStockphoto.com/studiovision AD 272 - Regime Automotivo.indd 21 12/04/2012 15:38:48 automóveis da Kia e da JACMotors, por exemplo, compareceram pessoalmente a Brasília, DF, para tentar reverter minimamente as decisões, sem sucesso. Naquele momento as operações da JAC perderam fôlego no Brasil e a empresa jamais se reergueu. A fábrica que pro- meteu construir para fugir da sobretaxação, embora tenha assentado sua pedra fundamental em Camaçari, BA, jamais passou deste incipiente passo. Emcontrapartida, outra chinesa, a Chery, acatou o pacote de medidas e concluiu a construção da fábrica em Jacareí, SP. “O novo regime automotivo teve saldo positivo porque aju- dou a indústria a criar uma base de engenharia e de desen- volvimento”, atesta Márcio Stéfani, sócio e diretor de AutoData. “Empresas como BMW, Audi e Jaguar-Land Rover enxergaram no plano uma forma de se estabelecer no País e até de enfrentar momentos de crises de forma sustentável.” BALANÇO POSITIVO O Inovar-Auto, diminutivo do quilométrico e autoexpli- cativo nome oficial de Programa de Incentivos à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores, apesar da polêmica inicial seguiu sua missão de incentivar o desenvolvimento tecnológico, a eficiência ener- gética e a maior nacionalização dos veículos e das autopeças produzidos no Brasil. Abril de 2012 20 Abril 2012 Regime automotivo Entidades do setor aplaudem novas medidas de incentivo à indústria local, apostando que o Brasil poderá galgar degraus no ranking de produção mundial Texto Redação Autodata . redacaoad@autodata.com.br A indústria automotiva brasileira inicia agora um novo ciclo de desenvolvimen- to. Saíram finalmente, em 3 de abril, as tão esperadas diretrizes de um novo regime para o setor, com vigência prevista até 2017. Nas entrelinhas o sentimento é que uma página da história da indústria automotiva foi virada. E que aquela, em branco, que surge a seguir, ao menos em tese tem pleno potencial para ser escrita com tintas novas. Parte de um amplo pacote de incentivos à indús- tria brasileira, o novo regime automotivo foi bem re- cebido pelas principais entidades do setor, desta vez ouvidas pelo governo e, portanto, com participação ativa na elaboração das novas regras. A decisão de incentivar a produção local acon- tece exatamente vinte anos após o primeiro acordo setorial automotivo, até agora considerado um dos principais marcos da indústria brasileira de veículos (veja reportagem na pág. 30). Cledorvino Belini, presidente da Anfavea, con- siderou as medidas recém-anunciadas como “um grande passo para o Brasil”, por oferecer à indústria automotiva um horizonte de longo prazo. Na sua avaliação a tendência é a de que, no futuro, as em- presas brasileiras do setor venham a pagar menos royalties, vez que o novo regime instiga a inovação e o desenvolvimento tecnológico brasileiros. Para o presidente da Anfavea o novo regime au- tomotivo, associado a políticas setoriais e estrutu- rais de competitividade, poderá consolidar o Brasil também como produtor automobilístico de classe mundial. Ou seja: além de um grande mercado o País Outra página virada Divulgação/Fiat AD 272 - Regime Automotivo.indd 20 12/04/2012 15:38:46 26 Abril 2012 Ranking Vendas estáveis no trimestre O mercado chegou até a recuar 0,8%, estancando processo de crescimento mantido nos últimos anos. Mas pacote econômico favorecerá a retomada. Texto Redação AutoData . redacaoad@autodata.com.br O novo regime automotivo brasileiro chega em um bom momento para a indústria. Após anos de crescimento contínuo o setor iniciou 2012 sem registrar desempenho positivo no comparativo com o ano anterior. As vendas no primeiro trimestre atingiram 818,3 mil veículos, com um leve encolhimento de 0,8% em relação ao mesmo período do ano passado. No caso dos veículos nacionais o recuo foi de 3,9% – 618,3 mil contra 643,2 mil veículos –, enquanto a comercialização de importados teve alta de 10%, passando de 182 mil para 200 mil unidades. No segmento de veículos leves a queda foi de 0,7%, numtotal de quase 772,3mil unidades vendidas este ano. A Fiat se mantém na liderança, seguida da Volkswagen e Ge- neral Motors. Apesar do resultado do trimestre, o presiden- te da Anfavea, Cledorvino Belini, mostra-se otimista com o futuro do setor. “Com a divulgação do pacote de incentivos à produção local, o cenário é de retomada do mercado in- terno. Por isso mantemos nossas projeções de crescimento de 4% a 5% em 2012”. O executivo aponta fatores con- junturais como queda nos juros, melhores condições de financiamento e índice de confiança em ascensão para justificar sua análise. E cita um dado positivo registrado em março antes mesmo da divulgação do novo regime automotivo: o estoque de veículos existente nas mon- tadoras e nas redes caíram de 38 dias para 35 dias. Nas concessionárias caíram de 28 para 25 dias e nos pátios das fabricantes manteve-se em dez dias. A produção total do setor, incluindo automóveis, co- merciais leves, caminhões e ônibus, totalizou 738,1 mil unidades nos primeiros três meses do ano, volume 10,9% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado. Especificamente em março a produção teve crescimento tanto sobre o mesmo mês de 2011 como no comparativo com fevereiro. Com relação às exportações, o setor obteve receita de US$ 3,7 bilhões no acumulado do primeiro trimestre, alta de 13,2% ante mesmo perío- do de 2011. As vendas externas atingiram quase US$ 1,4 bilhão em março, consolidando crescimento nessa área por três meses consecutivos. Montadora 1‘ tri/2012 1‘ tri/2011 Variação Participação Total 772 283 777 671 -0,7% 1º Fiat 173 527 171 999 0,9% 22,5% 2º Volkswagen 159 774 167 020 -4,3% 20,7% 3º GM 136 771 142 741 -4,2% 17,7% 4º Ford 72 619 74 274 -2,2% 9,4% 5º Renault 52 317 38 331 36,5% 6,8% 6º Nissan 27 299 13 380 104,0% 3,5% 7º Honda 23 207 27 786 -16,5% 3,0% 8º Hyundai 21 507 25 089 -14,3% 2,8% 9º Toyota 21 170 22 018 -3,9% 2,7% 10º Citroën 16 437 22 369 -26,5% 2,1% Ranking veículos leves AD 272 - Ranking.indd 26 11/04/2012 18:14:22 Cledorvino Belini (Anfavea) Divulgação/Stellantis

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