AutoData 30 Anos

INDÚSTRIA AUTOPEÇAS 62 AutoData | Novembro | 2022 empresário, antes rico e poderoso, produtor de um importante componente automotivo que havia recebido, e recusado, uma oferta para vender sua empresa quando ela estava no auge. Cinco anos depois – então já sema fazenda e a casa na praia – o mesmo empresário buscava desesperadamente algum interessado em comprar o que restava da empresa: pedindo apenas o valor da dívida. Era a última tentativa de salvar, ao menos, o patrimônio que lhe restava: o apartamento no qual vivia. A história, de acordo com o jornalista, refletia o momento pelo qual o setor de autopeças passava: “Uma fase marcada pelo risco. Mas rica emoportunidades – umperíodo semmeio- -termo. Ou se acerta, e se cresce aceleradamente, ou se erra, e simplesmente se morre”. Stéfani fez outro alerta emseu texto, lembrando que as em- presas que desejassem se tornar fornecedoras na nova fábrica de caminhões que a Volkswagen se preparava para erguer em Resende, RJ, teriamde aceitar uma regra “absolutamente nova e inusitada: a de que entregar a encomenda não garante o di- reito ao faturamento”. Omotivo era o novo conceitomodular de produção, no qual os fornecedores também participam, e até hoje, dos processos produtivos, emque o faturamento só acon- tece após o veículo ficar pronto no fimda linha de montagem. Assim todos os fornecedores só receberiam se a linha de produção funcionasse de forma absolutamente perfeita, com todos se auxiliando e respeitando o ritmo de montagem. Se uma peça na cadeia falhasse e o veículo não ficasse pronto todos acabariam punidos. “É absolutamentemaquiavélico. Ou, numa versão de lingua- gem mais apropriada aos tempos, absolutamente iniakiano”, dizia, em referência ao espanhol José Ignácio Iniaki López de Arriortúa, executivo responsável pela adoção da ideia de levar os fornecedores para dentro da fábrica que permitiu dividir investimentos e erguer a fábrica em tempo recorde. Dois exemplos mais conhecidos de joias da coroa da cadeia de fabricantes nacionais de autopeças vitimadas pela concor- rência com as multinacionais foram a Metal Leve e a Freios Varga. A primeira, tradicional fornecedora de componentes de motor como pistões e camisas, foi adquirida em 1996 por um grupo formado pelo Bradesco, a alemã Mahle e a Cofap – esta já sob controle da Magneti Marelli, do Grupo Fiat na época –, em negociação que foi analisada na edição 77, em texto de Vicente Alessi Filho. 1995

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