AutoData 30 Anos

54 AutoData | Novembro | 2022 O título acima, O braço direito de López estendido para o Brasil, era uma das manchetes de uma nova publicação nomercado, uma certa AutoData, antes que um senhor de nome Vicente pedisse uma entrevista comi- go, no fim de 1992. Mas a verdade não podia ser tão diferente: na verdade eu tinha fugido daquele senhor famoso do título, José Ignacio López de Arriortúa. Sem saber nada do Brasil che- guei em abril de 1991 como chefe de compras da General Motors. Antes liderava as compras da GM Europa para componen- tes metálicos, que girava 4 bi- lhões de marcos por ano. Aqui encontrei orçamento equiva- lente a 20% da minha antiga posição e achei que seria fácil. Como me enganei! Logo de cara enf rentei o congela- mento de preços, que nos primeiros meses de 1991 foi liberado e fornecedores passaram a pedir aumentos inimagináveis. Como as montadoras não aceitaram era normal a in- terrupção de fornecimentos e quebras da produção. Começamos a visitar fornecedores para apresentar nossos planos de trazer novas plata- formas damatriz para substituir as chamadas O braço direito de López estendido ao Brasil Volker Barth foi expatriado da Alemanha para ser diretor de compras da GM Brasil de 1991 a 1993. Em 1997 regressou a São Caetano do Sul, SP, como presidente da Delphi América do Sul, cargo que ocupou até 2003, quando foi transferido para liderar a Delphi Europa. carroças. Na época o governo reduziu a tarifa de importação que impôs uma ameaça real de substituição para os fornecedores locais. Funcionou e nosso relacionamentomelhorou muito, trouxemos Ômega e Corsa com alto nível de localização. Após o Plano Real, em 1994, a supervalo- rização da moeda brasileira elevou o custo de produção e as montadoras chamaram grandes fornecedores estrangeiros para se estabelecer no País, ao mesmo tempo em que começaram a importar peças e comprar subsistemas completos. Em 1997, após passagem de quatro anos nos Estados Unidos, voltei ao Brasil como presi- dente da Delphi América do Sul, originalmente uma empresa da GM que se tornou indepen- dente e se preparou para ganhar contratos de outras montadoras. A indústria automotiva estava bombando comprojeções de 3milhões de veículos no ano 2000, mas este mundo ideal não chegou. A crise asiática seguida da crise russa e, um ano depois, a abrupta desvalorização do real, em 1999, provocarama queda das vendas no Brasil de quase 2 milhões de veículos, em 1997, para cerca de metade disso. O sonho do Brasil como país do futuro tinha acabado, mas sobrevivemos. O Brasil experimentou altos e baixos. Com muitas novas montadoras no País a competi- ção aumentou, mantendo os preços em nível tal que ajudou a renovar a frota do País. O mercado chegou a 3 milhões e ao recorde de quase 4 milhões, mas muitas crises globais e locais ainda viriam provocar retrocessos, o mais recente deles pela pandemia de covid-19. Emmeio às pressões por re- dução de emissões de CO2 e pela eletrificação o Brasil aparece mais bem situado pelo uso de etanol. Espera- mos que a economia brasileira retome embre- ve seusmelhoresmomentos, carregando junto a indústria automobilística. Eu torço por isto. AutoData relatou todas essas fases que eu mesmo vivi na indústria e quero enfatizar a devoção de suas sucessivas equipes pelo setor automotivo, pela boa informação e boas análises nestes trinta anos. Meus desejos de um futuro ainda mais brilhante. A c e r v o P e s s o a l ARTIGO VOLKER BARTH

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