AutoData 30 Anos

44 AutoData | Novembro | 2022 T rinta anos atrás, quando AutoData co- meçou a circular, omercado brasileiro de automóveis e comerciais leves con- sumia poucomais de 700mil unidades por ano. Estava, porém, prestes a viver uma forte expansão. A introdução do carro po- pular, um conceito que gerou novos modelos ao alcance do poder aquisitivo de camadas mais abrangentes de consumidores, foi uma poderosa força impulsionadora de vendas, que cresceramaté atingir o recorde de 3,6milhões de automóveis e comerciais leves, em 2012. O mecanismo por trás deste fenômeno foi a combinação de preço e demanda. Ou seja: o automóvel é um bem aspiracional e omercado consu- midor reage comenergia com- pradora às reduções de preço ou adequação das condições de compra ao poder aquisitivo. Este princípio semostrou ativo e foi utilizado inúmeras vezes como instrumento de ativação da economia. Os dois setores com relações seto- riais mais variadas e intensas são a indústria automobilística e a construção civil porque demandammatérias-primas, insumos e com- ponentes de grande número de setores produ- tivos. Quando é necessário ativar rapidamente a economia para debelar uma recessão estes dois setores, uma vez estimulados, transmi- tem a demanda para as diversas indústrias e a economia volta a ser irrigada. O desenvolvimento da indústria automo- bilística no País representou não apenas o crescimento das vendas e da produção, mas tambéma crescente e contínuamodernização dos veículos, por meio de políticas públicas dedicadas sobretudo para a segurança veicular e eficiência energética. Este esforço público A indústria certa a estimular Cledorvino Belini foi presidente da Fiat no Brasil, depois FCA, Fiat Chrysler Automóveis, de 2004 a 2015. Foi presidente da Anfavea na gestão 2010-2013. e privado resultou no desenvolvimento de tecnologias ambientalmente corretas, como a utilização do etanol combustível que com- pensa a maior parte de suas emissões nas próprias plantações da cana-de-açúcar que lhe dá origem. Por isto, hoje, do ponto de vista ambiental, temos uma indústria automotiva emmelhor situação do na Europa e na América do Norte. Os motores a combustão interna estão com seus dias contados e o Brasil terá de passar por esta disrupção, mas não com a mesma urgência que europeus e americanos do Norte. No País será possível atender a níveismuito restritivos de emissões comos veículos híbridos flex, que combinam eletrificação e eta- nol. É uma grande vantagem comparativa. O Brasil também terá a oportunidade de, nas próximas décadas, consolidar a propulsão a hidrogênio verde. E poderá até mesmo exportar este combustível. O futuro é disruptivo e em breve veremos veículos autônomos rodando sem condutor aqui também. A indústria automo- bilística brasileira está consciente dessas po- tencialidades e se movimenta para tornar-se um setor de alta tecnologia. É importante que seu parceiro histórico, a indústria de autopeças, tambémevolua namesma direção, tornando- -se fornecedor de sistemas eletroeletrônicos de propulsão, de armazenamento de energia e de controle. O etanol e sua combinação com a eletrifi- cação nos oferecem a possibilidade de uma transição mais longa e planejada. É preci- so aproveitar esta janela de oportunidade e planejar o futuro da indústria brasileira da mobilidade. D i v u l g a ç ã o / S t e l l a n t is ARTIGO CLEDORVINO BELINI C M Y CM MY CY CMY K

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