AutoData 30 Anos

41 2022 | Novembro | AutoData anos, mas demaneira tímida, comamontagemdo antiquado – mas robusto – modelo Bandeirante: “Há diversos indícios de que, desta vez, a Toyota vem para valer, podendo até mesmo partir para a produção de veículos em larga escala no País”, relatou AutoData. O texto, porém, apontava a picape Hilux como amais cotada para ser feita por aqui, mas o investimento foi para a Argentina e só em 1998 a montadora abriria a fábrica de Indaiatuba, SP, para fazer o Corolla. ACORDO NO FIO DA NAVALHA Apesar do clima positivo por causa dos estímulos que em- purravam o setor automotivo para cima o País vivia tempos conturbados no último trimestre de 1992 com o andamento do processo de impeachment do presidente da República, que se concretizaria no fim daquele ano. Em sua terceira edição AutoData já alertava em sua primeira página: “Acordo está sobre o fio da navalha”, destacando declaração de Sérgio Reze, presidente da Fenabrave na época: “Contribuímos para a sua existência [do acordo automotivo] mas não conseguimos per- ceber proporcionalmente os seus resultados”. Mais à frente o texto traz outra declaração de Reze, segundo a qual as montadoras já haviam recuperado, emparte, sua cota de sacrifício no acordo: “Já as revendas, que vivem clima de conceder descontos – proliferam os Chevy-Fest, os Festi-Volks e os Ford a preço de fábrica –, têm cada vez mais dificuldades em pagar seus custos e repor os estoques”, reclamava o di- rigente, como continuaria fazendo muitas vezes por muitos anos seguidos. Embora os fabricantes sugerissemos preços de seus veículos aos distribuidores na prática a realidade era muito diferente: “São [os preços] pura ficção”, garante o texto. “A lei vigente é a dos descontos. E amargem, já encolhida, torna-se até negativa em muitos casos, pois carro no pátio por mais de sete dias é prejuízo quase certo”, completa a análise. Por fim o texto traz uma constatação amarga: “Parece evi- dente que asmontadoras conseguiramrecuperar preço e algum valor na sua margem, depois do acordo. Já os distribuidores não contam commuitas alternativas. Por mais que se tenha a consciência, com relação ao acordo, de que a situação é ruim com ele, mas certamente será pior sem”. Mudanças estavam por acontecer. Sergio Reze (Fenabrave) 36 Março 2022 | AutoData ANIVERSÁRIO » POLÍTICA SETORIAL O ano era 1992, e a indústria auto- motiva nacional vivia sua pior fase após uma década de estagnação econômica, volumes decrescentes, baixa produtividade e atraso tecnológico, evidenciado pela abertura em 1990 das importações de carros que competiam com larga vantagem de qualidade e tec- nologia diante de carroças, como definiu os produtos feitos no Brasil o então pre- sidente da República. Por Pedro Kutney 30 anos do acordo que mudou a indústria Como governo, empresas e trabalhadores se uniram na Câmara Setorial Automotiva, em 1992, para salvar a produção brasileira de veículos Estabelecido no País cerca de quarenta anos antes como símbolo do desenvolvi- mento econômico o setor encontrava-se sufocado em sua própria inércia, estabe- lecida por anos de protecionismo que fez restar apenas três fabricantes de quatro marcas: Autolatina, com Volkswagen e Ford, Fiat e General Motors, com Che- vrolet. Foi quando um improvável acordo tripartite por empresas, trabalhadores e governo salvou a produção e o mercado Divulgação/GM Março de 2022: AutoData revisita a Câmara.

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