AutoData 30 Anos

146 AutoData | Novembro | 2022 Três anos que definirão as próximas três décadas I maginar como será a indústria automobilís- tica daqui a trinta anos é um exercício que praticamos com frequência, especialmente neste momento de mudanças tão profun- das. Até lá os países mais ricos já terão como padrão a eletrificação, pelomenos segundo as diretrizes atuais. Outros, como o Brasil, deverão estar em um estágio intermediário, usando múltiplas soluções de propulsão, e alguns ain- da no início deste processo, demandando motores a combustão. Além dessa inevitável corrida pela descarbonização o setor au- tomotivo receberá ainda mais impactos de fenômenos já em curso, como a conectividade, que intensificará a troca de in- formações de veículos com o ambiente, o aumento do grau da automação e os serviços de compartilhamento que semolda- rão a novos perfis de clientes. A che- gada do 5G acelerará todos esses processos em velocidade jamais vista. Mas, como presidente da Anfavea, o que maisme preocupa é o que estará reservado ao Brasil. Qual será o papel da indústria nacional nesses cenários de médio e longo prazos? Acredito que os próximos três anos serão de- finidores do destino do ecossistema industrial automotivo. As tecnologias avançadas, a corri- da da descarbonização e a reorganização das ARTIGO MÁRCIO DE LIMA LEITE D i v u l g a ç ã o / A n f a v e a Márcio de Lima Leite é presidente da Anfavea, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores cadeias de suprimentos pós-pandemia são movimentos que exigem visão de futuro por parte de entes públicos e privados, e princi- palmente ações no presente. Desde a chegada das primeiras monta- doras o Brasil revelou uma vocação para de- senvolver soluções próprias de engenharia, propulsão commotores a etanol, depois flex, design e outras tecnologias, alémde se tornar um polo exportador de veículos e compo- nentes. Nossas montadoras, fornecedores e aca- demia geram para o País uma riqueza intan- gível em termos de produção de tecnologias, inteligência estratégica e formação profissio- nal. Esse ecossistema está preparado para se apropriar da nova fase de industrialização que o mundo está passando. A revolução tecnológica e a corrida pela descarbonização geram oportunidades in- críveis para que o Brasil amplie sua tradição como importante polo automotivo. Temos parques industriais de primeiro mundo, mão de obra e engenharia qualificadas, e centros de desenvolvimento e design avançados. Nosso País é rico em recursos naturais, energia limpa e recursos humanos. Tomo como exemplo o lítio, minério que temos em abundância e é um dos mais requisitados pelos fabricantes de baterias para veículos elétricos. Por que não produzir local- mente essas baterias e exportá-las comalto valor agregado, em vez de apenas exportar commodi- ties? Por que não produzir local- mente semicondutores, item eletrônico estratégico para toda a indústria de ponta? Por que não aumentar os investi- mentos locais embiocombustíveis e exportar essa solução fantástica para a redução das emissões de CO2, em combi- nação com a eletrificação? Temos de fortalecer nossa histórica vocação industrial comumolhar otimista e estratégico para o futuro. A promoção de uma indústria como a automotiva, que tem características de forte indução de desenvolvimento social e econômico emmúltiplos setores da economia, é fundamental para a aceleração do crescimen- to e um futuro melhor para o Brasil. C M Y CM MY CY CMY K

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