AutoData 30 Anos

MERCADO EVOLUÇÃO 140 AutoData | Novembro | 2022 Aomesmo tempo o País firmava-se no cenário internacional como exportador de caminhões e ônibus graças à tecnologia atualizada dos produtos, a segurança e o conforto, que ajuda- vam a alavancar a rentabilidade dos clientes. Em 2006 os embarques de caminhões significaram 36% do volume produzido. O oásis era tamanho que chegou a criar situações inusitadas, como a falta de caminhões para pronta- -entrega nas concessionárias. Para tentar disfarçar a situação a fila de espera mudou de nome e virou “venda programada”. Em 2007, pela primeira vez na história, a venda de pesados superou 100 mil unidades, crescimento de 31,5% na compara- ção com o ano anterior. No período 2008-2012 a previsão das fabricantes era investir um total de quase R$ 2,5 bilhões em ampliação das linhas de produção, novos centros logísticos e desenvolvimento de produtos. A crise financeiramundial de 2008, no entanto, atingiu todos os setores da cadeia automotiva, principalmente no segundo semestre, e não foi diferente com os caminhões, embora as vendas do primeiro semestre de 2009 tenhammantido a espe- rança das montadoras por uma retomada: foram emplacados 46 mil 139 caminhões, número superior ao de mesmo período de 2007, ano pré-crise. A linha de financiamento do BNDES PSI Finame, lançada pelo governo federal, trouxe alento aomercado. Segundo AutoData de agosto de 2009 a crise formou uma bolha enorme: “As grandes compras de frotistas permaneceram reprimidas, aguardando umsinal de como omundo se compor- taria. Depois veio a perspectiva de possível pacote do governo. Passada a pior parte fase as vendas estão sendo retomadas e os sinais positivos da economia ajudam no processo”. Gilson Mansur, então diretor de vendas da Mercedes-Benz, refletia: “Se existe algo que se aprende nas crises é equilibrar os custos. Diante desse cenário todo mundo amadurece”. TRANSIÇÃO DOS PESADOS AO EURO 5 Omercado de veículos comerciais recuperou-se rapidamente da crise e seguiu de vento empopa até o fimde 2011, quando foi registrado o recorde histórico do segmento, com quase 173 mil caminhões e 34,5mil chassis de ônibus vendidos. Mas foi ummo- vimento artificial, amparado pelas antecipações de compras de clientes que tentavam fugir dos aumentos de preços que viriam coma nova fase da legislação brasileira de emissões, o Proconve P7, obrigando a adoção emveículos pesados demotores Euro 5. Agosto de 2009 42 Agosto 2009 | AutoData | BALANÇO SETORIAL Erica Munhoz redacao@autodata.com.br De volta a 2007 P assada a trombada provocada pela crise, com enorme impacto nos primeiros meses do ano, parece que o mercado interno de caminhões ca- minha para a franca recuperação em 2009. Executivos das principais fabri- cantes entendem que as vendas de- vem, no mínimo, igualar as de 2007, o segundo melhor resultado da história no segmento, com 137,3 mil caminhões produzidos, dos quais 98,5 mil comer- cializados no mercado interno. No fundo a maioria aposta, mesmo, é em crescimento sobre o ano retra- nos do que outros mercados. É fato. En- quanto a maior parte dos países sul- americanos amargou quedas de 40% a 80%, caso da Argentina, por aqui retraiu 19,1% no primeiro semestre, contra apostas de baixa de 25%. Aqui a comparação é feita com 2008, o me- lhor ano da indústria de caminhões. Se contraposto aos seis primeiros me- ses de 2007 – 44,5 mil unidades vendi- das no varejo – há crescimento, para mais de 46 mil veículos. A maior queda verificada no perío- do de janeiro a junho, de 29,8%, se deu nos caminhões pesados, segmen- to mais ligado às exportações. Os de- mais desempenhos negativos foram de 16,9% nos semipesados, de 12,9% nos médios e de 2,9% nos leves. Mas pode- ria ter sido pior, todos concordam. E concordam também que a per- cepção do governo para a gravidade da situação veio a tempo com as me- didas de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados e os pro- gramas de incentivo. O IPI menor, por exemplo, não teve o mesmo efeito em caminhões quanto nos automóveis, mas percebe-se, sim, certa influência, em sua continuidade ou não, observa Roberto Cortes, presidente da MAN Latin America: “Em janeiro e fevereiro as vendas estavam em baixa, em março veio o incentivo elevando em 25%. Abril e maio arrefeceram novamente, voltan- do a aquecer em junho. Na verdade esperávamos um tombo maior, porém ainda é um tombo. Piores do que 2008 mas melhores com relação a 2007, ano sem complicações econômicas. Por isso acredito em um segundo semestre com queda bem menor, talvez de 10%. Produção sofre mais por conta das ex- portações.” Gilson Mansur, diretor de vendas sado e deixa de lado as comparações com 2008, considerado por todos um ano de pico. Receosos de indicar um número que represente essa expansão optam pela sensação, sustentada por um mercado que se recupera não ape- nas por si só mas também pelo pacote de medidas lançado pelo governo fe- deral – BNDES PSI Finame e Finame Leasing –, além das novas regras do programa Procaminhoneiro (veja bo- xes) no apagar do primeiro semestre. Tombo menor. O Brasil sofreu me- Fonte: Fenabrave Emplacamentos primeiro semestre em mil unidades 60 36 0 12 2002 48 24 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 29 250 31 320 38 681 40 339 35 658 44 540 57 652 46 138 AD 240 - ANALISE SETORIAL.indd 42 8/8/2009 01:27:21

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