AutoData 30 Anos

MERCADO INTERNACIONALIZAÇÃO 106 AutoData | Novembro | 2022 que, se efetivamente alcançado, teria o poder de transformar o Bra- sil num digno postulante de um lugar não apenas entre os dez, mas, quem sabe, já entre os cinco maiores produtores mundiais de veículos. À frente, inclusive, talvez de alguns países com larga tradição na área, como, por exemplo, França e, incrível, Alemanha”. E quase todo o resultado seria lastreado pelo pretenso crescimen- to do mercado doméstico brasilei- ro. A ambição – como era comum naquela época – era alcançar nú- meros próximos aos dos Estados Unidos na relação carro- -habitante. No Brasil a proporção era de 11 pessoas para cada veículo, enquanto que lá a proporção era de 3 para 1. A estabilidade econômica proporcionada pelo Plano Real era outro fator que alimentava o otimismo. De acordo com Silvano Valentino, então presidente da Anfavea, a melhora na distribuição de renda seria uma das consequências do plano econômico, assim como a inflação baixa permitiria ampliar os prazos de financiamento e reduzir as taxas de juros, facilitan- do a entrada de um novo público consumidor no mercado. “Basta que todas essas peças se combinem adequada- mente para que, por volta de 2000, as 2,5 milhões a 3 milhões de unidades que o setor hoje está programando produzir sejam necessárias para atender apenas ao mercado domés- tico”, declarou Valentino ainda naquela edição de AutoData. A produção em 1995 fechou em quase 1,5 milhão de veículos. EXPORTAR É O QUE IMPORTA Voltando às exportações: como os resultados indicavam melhora gradual nos anos seguintes – 296 mil 273 unidades em 1996, 416 mil 872 em 1997 e 400 mil 244 em 1998 – parecia que tudo seguia sob controle. Mas em 1999 as exportações do setor registraramqueda acentuada de 30,2%, com apenas 268 mil, em comparação com 384 mil no ano anterior, de acordo com levantamento da AutoResearch publicada na edição 126. O alerta amarelo, que vinha piscando há algum tempo, finalmente foi percebido. 78 Agosto 2011 Produção Quatro décadas em uma Brasil atinge a marca de 50 milhões de veículos de passeio produzidos. Quase a metade o foi neste início de século. Texto Redação AutoData . redacaoad@autodata.com.br É marco importante principalmente se for levado em conta que quase metade dessa produção foi obtida de 2000 para cá – 23,5 milhões em pouco mais de uma década, ante 26,3 milhões em mais de quatro, de 1957 a 2009. Em pouco mais de doze anos, desde 1999, o setor produziu perto de 25 milhões, o equivalente ao acumulado nos 41 anos anteriores, de 1957 a 1998. Esses números evidenciam o expressivo cresci- mento da indústria automotiva brasileira neste século, o que lhe garantiu galgar degraus no ranking mundial de vendas de veículos, ocupando hoje o quarto lugar. Que o mercado brasileiro tem importância mundial e ainda grande potencial ninguém mais discute. O deba- te agora é em torno da sua produção. Atualmente o País é o sexto no ranking mundial nesse quesito e a grande pergunta no setor neste momento é se o Brasil quer ser grande só em mer- cado ou também quer garantir seu espaço no time dos primeiros em produção. Para a Anfavea é hora de pensar o futuro do setor em termos de produção. A entidade já encaminhou estudo ao governo mostrando os problemas enfrentados pela indústria. Dentre outros itens destaca que o custo de produção de um veículo no Brasil é 60% superior ao da China Simão Salomão A indústria automobilística está próxima de atingir 50 milhões de au- tomóveis produzidos no Brasil. Até o encerramento do primeiro semestre foram fabricados exatos 49 milhões 554 mil e, considerando-se a média mensal de maio e junho, a marca deverá ser alcançada até o fim deste agosto ou, no máximo, no início de setembro. e 20% maior que o do México. A mão de obra custa o equivalente, respectivamente, a três e duas vezes mais. O custo Brasil também envolve elevado tempo para administrar a burocracia tributária: 2,6 mil ho- ras no Brasil, ante 549 no México, 504 na China e 187 nos Estados Unidos. Cledorvino Belini AD 264 - Produção Automóveis.indd 78 29/07/2011 14:41:50 80 Agosto 2011 Produção Novo recorde. De qualquer forma a Anfa- vea reconhece que cabe à própria indústria encon- trar saídas para ganhar competitividade. Segundo o presidente da entidade, Cledorvino Belini, o setor “precisa buscar mais inovações disruptivas, ou seja, tecnologias realmente originais, novas, inéditas”. Essa busca, na prática, já existe. Como mostra reportagem nesta edição sobre inovação tecnológica tanto as montadoras aqui instaladas como também os principais sistemistas têm centros de desenvol- vimento e pesquisa que integram o grupo dos mais ativos do mundo. O desafio é acelerar o processo de inovações para efetivamente garantir a tão sonhada competitividade internacional. Até porque mercado interno não tem sido pro- blema. Contrariando previsões de desaceleração do crescimento este ano o balanço do primeiro semestre mostrou novo recorde de vendas, com 1 milhão 737 mil veículos licenciados no período, 10% de aumento sobre igual semestre do ano passado e exatamente o dobro do crescimento esperado para o ano todo. Todos os segmentos registraram desempenho positivo. As vendas de automóveis cresceram 7,6% no semestre, atingindo 1 milhão 273 mil unidades. A alta foi de 17% em comercias leves, com 364,5 mil veículos. O mercado de caminhões emplacou qua- se 83 mil unidades nos primeiros seis meses do ano, 16,9% a mais do que no primeiro semestre de 2010. Já o aumento na produção foi um pouco inferior em todos os segmentos, mas mesmo assim em índi- ce superior ao projetado pela Anfavea para o ano. Considerando-se automóveis, comerciais leves, ca- minhões e ônibus a produção cresceu 4,1% no pri- meiro semestre, quase quatro vezes a estimativa de 1,1% feita no início do ano pela Anfavea. E os números poderiam ter sido melhores se a indústria não tivesse sido afetada por greves – caso da Volkswagen de São José dos Pinhais, PR, que che- gou a ficar parada 37 dias, e da Honda – e pelo atra- so na chegada de peças do Japão, que mexeu com o cronograma da própria Honda e da Toyota. Por segmento a alta da produção foi de 1,7% em automóveis, com 1 milhão 286 mil unidades fabri- cadas em seis meses, e de 12,4% em comerciais le- ves – 303 mil unidades de janeiro a junho. Somando -se automóveis e comerciais leves verifica-se alta de 3,6% na produção e de 9,5% nas vendas. Apesar de o desempenho no semestre ter ficado acima do esperado a Anfavea prefere aguardar os números de agosto para eventualmente refazer as projeções para 2011. Na avaliação de Belini o segun- do semestre deverá mostrar estabilidade com rela- ção ao mesmo período de 2010. A expectativa é a de que os reflexos das medidas macroprudenciais anunciadas pelo governo no fim do ano passado sejam sentidas com maior ênfase a partir de agora. Já no fim do primeiro semestre ve- rificava-se um menor volume de vendas financiadas no setor – 62% do total comercializado em junho ante os 68% de dezembro passado. Produção de automóveis por período 1957-1969 1970-1979 1980-1989 1990-1999 2000-2011* 1 196 943 6 426 510 7 389 408 11 330 823 23 656 316 *Estimado até julho / Fonte: Anfavea AD 264 - Produção Automóveis.indd 80 29/07/2011 14:42:15

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