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65 AutoData | Março 2025 plástico virgem, que hoje tem maior oferta do que demanda e chega no País a preços muito competitivos, mesmo com a cotação elevada do dólar da alíquota de importação”, afirma Jaroski. Mas o caso do setor automotivo é diferente: o consumo de materiais reciclados continua avançando porque as empresas do setor têm metas ambientais de reciclagem, que se combinam com objetivos de aumento de eficiência e redução de peso dos veículos por meio de maior uso de plástico. Com base neste resultado de 2023, em que o uso de plástico reciclado caiu na indústria mais cresceu na cadeia automotiva, Jaroski estima que o uso da resina reciclada por fabricantes de componentes e veículos deve ter continuado a crescer em 2024, apesar dos dados do ano passado ainda não terem sido consolidados: “Vejo um caminho sem volta a adoção crescente de plástico reciclado pelo segmento”. Simone Carvalho, integrante do grupo técnico do Movimento Plástico Transforma da Abiplast, partilha da opinião e avalia que o setor automotivo tem oportunidade única de se beneficiar cada vez mais com a utilização do insumo reciclado: “À medida que a indústria adota soluções mais verdes não só contribui para a preservação do meio ambiente mas, também, impulsiona movimento que pode transformar o mercado global, criando uma economia circular mais eficiente e sustentável para todos”. DESAFIO DA QUALIDADE NA COLETA A principal barreira para aumentar a oferta de matéria-prima reciclada está na coleta dos insumos, pois nem todo plástico coletado tem as características técnicas necessárias para nova aplicação, muitas vezes vem contaminado e misturado com diversos materiais, nem todos recicláveis. Assim é mais difícil selecionar o insumo correto a ser reciclado, principalmente para aplicação em componentes críticos. “A parte mais difícil é a padronização da matéria-prima com os mesmos requerimentos técnicos que o plástico virgem tem”, explica Jaroski. “Que tipo de peça plástica foi lavada e moída para constituir uma nova peça que vai para aplicação de alto desempenho de um veículo?” Desafio adicional é ter quantidade suficiente de insumos, indica o consultor. Muitas vezes, em mercados mais estratégicos, as empresas adotam a logística reversa e arcam com os custos, o que onera bastante a atividade: “O ideal seria que as coletas municipais conseguissem segregar melhor, mas são muitos volumes de plásticos diferentes”. Para Simone Carvalho a logística reversa tem se mostrado mais viável com materiais pós-industrialização ou refugos do próprio setor, em que material é limpo e mantém as propriedades necessárias, ao contrário de itens coletados pós-consumo: “A coleta é condição para termos um resíduo de qualidade, por isto o processo é um pouco mais lento”.

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