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55 AutoData | Março 2025 uma consultoria que, segundo a Anfavea, buscou diversos candidatos para ocupar a função, enquanto o próprio Calvet já trabalhava na associação. No fim do ano passado Lima Leite admitiu que o executivo era um candidato natural ao cargo, desde que o aceitasse. As especulações esfriaram e chegou- -se a aventar que não haveria mais tempo de mudar o estatuto da entidade para acomodar um presidente executivo contratado por seu currículo e habilidades, em vez de indicado pelo associado da vez e depois eleito por unanimidade. Mas ao que parece prevaleceu a falta de desejo das montadoras e de seus executivos de indicar mais um dirigente e Calvet aceitou a missão. Ele é de fato a opção mais indicada, pois conhece bem a casa e vinha se destacando nos últimos meses em negociações com o governo e nas apresentações de resultados e objetivos do setor. ESCOLHA ESTRATÉGICA Segundo comunicado da associação “a nomeação ocorre em um momento estratégico para a Anfavea, que se prepara para revisitar sua governança, estatutos e ampliar sua atuação junto aos diferentes interlocutores governamentais e empresariais”. A ideia é que Calvet assuma a liderança executiva da entidade respondendo diretamente a um conselho formado por representantes ou presidentes de todas as empresas associadas, com a difícil missão de conciliar desejos nem sempre harmônicos do colegiado. Ainda assim esta configuração aumenta a representatividade das empresas nas decisões. Mas Calvet não é exatamente um neófito neste trato, pois sempre transitou bem em funções executivas e em órgãos públicos em Brasília, DF, passando por diversos governos em negociações com o setor privado, especialmente o automotivo. Em 2016 ele tornou-se secretário de Desenvolvimento e Competitividade Industrial do MDIC, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Nesta função foi o principal interlocutor do governo nas negociações para formulação do Rota 2030, política traçada para a indústria automotiva nacional. No governo seguinte, que alocou o MDIC em uma secretaria do Ministério da Economia, Calvet seguiu em função parecida como secretário especial adjunto. No fim de 2019 foi nomeado presidente da ABDI, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, responsável pela execução das políticas públicas para o setor. Ou seja, durante quase todo o período em que esteve no governo federal Calvet sempre manteve relações próximas com o setor automotivo, um dos principais beneficiados por políticas industriais no País. Assim a contratação pela Anfavea foi um caminho natural, em que o executivo seguiu fazendo interlocução política, só que desta vez do outro lado do balcão, na defesa dos interesses de um setor privado responsável por 20% do PIB industrial. No comunicado que anunciou sua nomeação Calvet confirma sua missão de reforçar o protagonismo da entidade na defesa dos interesses da indústria automotiva nacional: “A Anfavea tem papel fundamental na construção de políticas públicas que impactam diretamente o setor automotivo e a economia brasileira. Estou honrado em assumir essa posição e comprometido em intensificar o diálogo com o governo e com todo o setor, buscar soluções para os desafios e apoiar a inovação e a competitividade da indústria nacional”. Calvet tem formação para tanto: além da experiência acumulada no governo federal em políticas industriais, comércio exterior e inovação, é graduado em Relações Internacionais pela UnB, Universidade de Brasília, e mestre e doutorando em Ciências Políticas pela mesma instituição. FIM DO RODÍZIO SUCESSÓRIO Para Márcio de Lima Leite, que liderou o processo de transformação juntamente com os vice-presidentes que representam suas empresas na Anfavea, a profissionalização da gestão reflete a evolução necessária da associação dos fabricantes,

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