38 Março 2025 | AutoData COMÉRCIO EXTERIOR » TARIFAS instalada nos Estados Unidos. Como o país importa 25% do aço e 50% do alumínio que consome algumas estimativas já apontam para um grande estrago potencial em diversos pontos da cadeia produtiva. Ao contrário do que propaga o governo Trump a sobretaxação tende a prejudicar mais do que ajudar a indústria local, que não tem tempo nem condições objetivas para nacionalizar toda esta quantidade de matéria-prima e artigos derivados, o que resultará em elevação de custos e restrições de fornecimento. O Cato Institute, uma organização liberal sediada em Washington, DC, que diz defender liberdades individuais, livre comércio e a paz, estima que as tarifas do governo Trump têm potencial quase imediato para aumentar os custos produtivos em US$ 4,6 bilhões e provocar a perda de 75 mil empregos industriais nos Estados Unidos. Devido ao longo comprimento da cadeia automotiva analistas avaliam que as tarifas terão impacto de US$ 150 bilhões sobre seus produtos produzidos com aço e alumínio, que vão de automóveis à retroescavadeiras. O American Automotive Policy Council, grupo de lobby que reúne as chamadas Big Three, as três maiores fabricantes de veículos dos Estados Unidos, General Motors, Ford e Stellantis, afirma que a preocupação recai sobre seus fornecedores, pois as montadoras finais já compram de empresas instaladas no país mais de 90% do aço e alumínio que utilizam. Isto ocorre porque são itens, como aço laminado para estampar partes da carroceria, que têm padrões diferentes especificados por cada montadora, o que resulta em contratos de longo prazo com siderúrgicas próximas dos polos de produção. Já a consultoria Alix Partners calcula que as tarifas devem adicionar US$ 60 bilhões em custos à indústria de autopeças nos Estados Unidos, em um mercado que girou US$ 225 bilhões em 2024. As estimativas são díspares porque esta é uma cadeia industrial das mais complexas, com centenas de ramificações. Por exemplo: autopeças chegam a cruzar até oito vezes a fronteira dos Estados Unidos com o México no processo integrado de produção de peças e veículos dos dois países. ATAQUE A TRIANGULAÇÕES Ao recusar, até o momento, a concessão de isenções ou cotas de importação sem impostos para todos os países afetados pela sobretaxação ao aço e alumínio e a produtos derivados acabados, Trump afirma que evitará a triangulação de exportações de aço aos Estados Unidos. Ele cita nominalmente a China, que já é sobretaxada no país e estaria utilizando México e Brasil como intermediários, exportando aos dois insumos semiacabados que são processados e depois embarcados ao mercado estadunidense sem pagar impostos. “As importações brasileiras de países com níveis significativos de sobrecapacidade, especificamente a China, cresceram tremendamente nos últimos anos, mais do que triplicando desde a instituição do acordo de cotas com o País, em 2018”, justifica um dos trechos do decreto presidencial. O Instituto Aço Brasil, que representa as siderúrgicas brasileiras, negou que o País esteja importando grandes quantidades de aço chinês para enviar a produção nacional aos Estados Unidos: “O mercado brasileiro também vem sendo assolado
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