37 AutoData | Março 2025 pelos Estados Unidos, mas os US$ 267 milhões vendidos em 2024 corresponderam a 16,8% das exportações brasileiras em valor do produto, na forma de 72,4 mil toneladas que equivaleram a 13,5% do volume exportado. AFETAÇÃO DAS AUTOPEÇAS A sobretaxação pode afetar parcela relevante do comércio exterior de autopeças, porque os Estados Unidos são o segundo maior importador de componentes automotivos do Brasil – de todos os tipos, não só metálicos –, com compra total de US$ 1,4 bilhão em 2024, ou 17,5% das vendas externas do setor. O país também é o segundo maior fornecedor de peças ao mercado brasileiro, com US$ 2,2 bilhões no ano passado ou 10,7% das importações, o que causou déficit de US$ 872 milhões na balança comercial do setor. O saldo negativo com o parceiro vem se repetindo há dez anos. Parece certo que as exportações e importações brasileiras de autopeças serão afetadas, mas ainda não se sabe o quanto, segundo relata Edison da Matta, diretor do Sindipeças responsável pelas áreas fiscal, tributária e jurídica: “O impacto das medidas adotadas pelos Estados Unidos é questão complexa que está sendo minuciosamente analisada por técnicos do Sindipeças. Aparentemente é pequena a quantidade de posições tarifárias referentes a autopeças, mas como as especificações não determinam exatamente de quais matérias-primas elas são feitas, podem ser de aço, alumínio, plástico ou outro material, ainda não temos como saber qual é o volume ou o valor exportado e importado dessas peças”. Nas proclamações 10 895 e 10 896 assinadas por Trump e publicadas em 18 de fevereiro passado, nas quais o presidente dos Estados Unidos expõe os motivos das taxações ao aço e alumínio importados e classifica as medidas como questão de segurança nacional, fica claro que produtos derivados acabados também serão tarifados, mas nos anexos que indicam as nomenclaturas destes itens a maioria das classificações é inexata. Poderão ser tarifados componentes como peças estampadas, elementos de para-choques, suspensão e de powertrain, que são fabricados a partir de diversos insumos, mas boa parte da taxação será aplicada a posições tarifárias classificadas apenas como “outros”, deixando margem para muitas interpretações e incertezas, como ressalta o Sindipeças. A mão contrária, que reflete as importações de autopeças dos Estados Unidos para o Brasil, também será negativamente afetada por prováveis aumentos de preços provocados pelo reajuste de insumos: “A sobretaxa só não incide se o aço ou o alumínio forem originários dos Estados Unidos. Se o metal usado na fabricação dos artigos for do Brasil ou de outro país, a tarifa é aplicada”, observa Matta. Em resumo, as autopeças feitas no Brasil com aço ou alumínio brasileiros exportadas perderão competitividade nos Estados Unidos, bem como as fabricadas lá com aço ou alumínio importados de qualquer lugar do mundo também serão menos competitivas. O resultado é inflação com aumento de preços em ambas as pontas do comércio bilateral. INDÚSTRIA AUTOMOTIVA AFETADA Ainda estão sendo feitas as contas sobre a real amplitude do impacto que a sobretaxação a importantes insumos metálicos importados causará à indústria
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