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19 AutoData | Março 2025 Ferrarez, da MercedesBenz: “Com a alta da taxa de juros alguns operadores estão postergando a compra de novos caminhões”. Cavalcanti, da Volvo: cancelamento ou adiamento de dois terços das vendas na Fenatran e expectativa de queda do mercado em 2025. No fim de dezembro a Anfavea, que reúne as empresas fabricantes de veículos, ajustou sua projeção de vendas domésticas de caminhões para ficar, no máximo, igual a 2024, quando foram vendidas 125 mil unidades, considerando todos os segmentos. A maioria das consultorias segue a mesma linha, como a Power Systems Research, que prevê a venda de 120 mil caminhões acima de 6 toneladas de PBT este ano, em leve crescimento de 2,1% – não entram nesta conta os modelos semileves de 3,5 a 6 toneladas. Assim nem deu tempo para comemorar a boa alta de 15,7% sobre 2023, que foi apenas a recuperação da grande retração de 14,7% daquele ano, causada pela entrada em vigor da atual fase da legislação de emissões para veículos pesados, o Proconve P8, que tornou de 15% a 25% mais caros os caminhões pela adoção da motorização Euro 6. Mas 2025 não começou mal: os 18,4 mil caminhões emplacados no primeiro bimestre significaram crescimento de 10,8% sobre o mesmo período de 2024, segundo consolidação da Anfavea. Fevereiro, com 9 mil emplacamentos, registrou recuo de 4,7% sobre janeiro, mas alta de 7,1% ante o mesmo mês do ano passado. Ambos os movimentos são justificados pelo menor número de dias de fevereiro, que este ano teve maior número de dias úteis porque em 2024 o carnaval caiu no meio do mês. Divulgação/MB Divulgação/Volvo Na análise de Arcélio Júnior, presidente da Fenabrave, que reúne os concessionários, a tendência é de crescimento mas o embalo do primeiro bimestre ainda vem do fim de 2024: “O efeito Fenatran tem sido claro neste início do ano, com a confirmação dos pedidos realizados na feira. Embora a alta nas taxas de juros preocupe há a expectativa de se manter um bom desempenho em função da safra agrícola, que promete ser uma ser uma das melhores dos últimos anos”. HORIZONTE PREOCUPANTE O problema é que o gás da Fenatran não deve passar do primeiro trimestre e já houve cancelamentos, embora poucos fabricantes admitam isto com todas as letras, como Alcides Cavalcanti, diretor executivo da Volvo Caminhões: “Foram cancelados perto de um terço dos pedidos tirados na Fenatran. Outro terço foi faturado e entregue e o restante foi adiado justamente por causa do ambiente econômico atual, que encareceu o crédito”. E Cavalcanti prevê piora do cenário, especialmente no caso da Volvo, que tem produtos mais caros: “Estimamos uma redução de mercado de 10% este ano no segmento em que atuamos, que é o de caminhões acima de 16 toneladas de PBT. Embora a Selic esteja a 13,25% e com indicação de nova alta [para 14,25%] pelo Banco Central, a taxa de juros real [dos

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