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13 AutoData | Março 2025 duto em si mas a dificuldade para tornar viável a infraestrutura [de recarga]. Mas com todos os problemas da eletrificação eu diria que se Europa e China tivessem cana-de-açúcar e etanol ninguém estaria falando de veículos elétricos. Já faz um ano que o MBCB reuniu autoridades públicas de alto peso em Brasília e representantes de seus participantes para apresentar um dos primeiros frutos de seu trabalho: o estudo Trajetórias Tecnológicas mais Eficientes para a Descarbonização da Mobilidade no Brasil, encomendado às consultorias LCA e MTempo Capital. As informações deste documento influenciam políticas do governo? Este é um documento muito importante. O professor Luciano Coutinho desenvolveu um modelo de projeção que permitiu medir os impactos socioeconômicos das novas rotas tecnológicas. Muito já se sabia sobre as emissões de CO2 de cada tecnologia e de cada combustível, mas não se tinha um estudo que apresentasse o impacto socioeconômico disto. E até hoje este é o único estudo vigente com esta visão que está à disposição – inclusive no site do MBCB. Com isto impactamos legisladores, fizemos eventos de apresentação para que todos pudessem compreender o impacto das decisões que eles viessem a tomar, o que poderia acontecer na indústria, na economia, na sociedade, na geração de emprego e renda e também na perda de renda, porque quando você transfere atividades para outros países deixa de gerar emprego e renda no País. Então, sim, este estudo impactou e continua impactando bastante decisões e análises. No Norte e Nordeste, por exemplo, estão sendo desenvolvidas novas fontes de etanol e outros biocombustíveis a partir de plantas regionais, como palma, macaúba, agave, além da biomassa marinha. Ao mesmo tempo desenvolvemos tecnologias de motorização e eletrificação que se conectam com os biocombustíveis. Tem muita coisa acontecendo e nos próximos anos o Brasil terá condições muito favoráveis para ser um grande protagonista [da bioeletrificação]. O MBCB defende a neutralidade de rotas tecnológicas para reduzir as emissões do setor de transportes, ao contrário de Europa e China que apostam todas as fichas no veículo elétrico. Por que esta não é a melhor solução para o Brasil? Um dos propósitos do MBCB é a descarbonização por meio de todas as rotas tecnológicas. A eletrificação é inevitável mas ela é parte da solução, não existe uma única bala de prata para descarbonizar. A tecnologia dos veículos elétricos é fantástica, mas precisa evoluir para atingir nível de maturidade, porque a tecnologia ainda está em desenvolvimento, o que vemos hoje não é o que teremos daqui a dez anos. E não é só a tecnologia do pro- “ O MBCB nasceu para propor políticas que promovem a descarbonização e evitam a desindustrialização, para proteger o parque industrial e a economia do País.”

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