106 Fevereiro 2025 | AutoData INDÚSTRIA » COMÉRCIO EXTERIOR Seja como for Lima Leite voltou a afirmar que, com esses dados na mão, a Anfavea já solicitou ao governo a retomada imediata da alíquota de 35% sobre elétricos e híbridos, que está programada para voltar a este nível somente em julho de 2026. Pelos mesmos motivos, antevendo que as fábricas da BYD e da GWM começarão a produzir com quase todos os componentes importados, sem nenhuma obrigação de nacionalização, a Anfavea também pede ao governo a retomada integral do imposto de 35% para carros montados no País em regime de CKD, com partes totalmente desmontadas importadas, ou SKD, que chegam do Exterior semimontados. Em 2022 o governo reduziu as alíquotas para os regimes de CKD e SKD a 16% e 18%, respectivamente. Lima Leite justifica: “Nós queremos priorizar o desenvolvimento de novas tecnologias no País, produzir aqui baterias e outros itens que hoje são importados, não podemos ficar dependentes de importações”. EXPORTAÇÕES ANDAM DE LADO Enquanto pressiona o governo a taxar modelos elétricos e híbridos plug-in que nenhuma de suas associadas produz no Brasil a Anfavea vê as exportações andarem de lado, com os mesmos problemas de sempre: produtos de menor valor agregado e dependentes de pequenos mercados vizinhos que, quando não estão em crise, também começam a dar preferência a produtos chineses mais baratos. Apesar do resultado melhor do que era esperado o desempenho externo dos fabricantes de veículos no Brasil segue sendo decepcionante, as 398,5 mil unidades exportadas representaram somente 15,6% da produção de 2,5 milhões, muito distante do passado recente quando este índice superava os 20% e chegou ao pico de 30%, em 2005. Em 2024 pode-se dizer que as exportações foram salvas do nocaute pelo gongo, com a inesperada ajuda da Argentina, que teve uma surpreendente recuperação das compras no segundo semestre. Na Argentina os veículos brasileiros levam vantagem porque os chineses ainda não conseguiram dominar o terreno, pois o país não tem capital para trazer carros de fora do Mercosul, o que acaba restringindo as trocas ao próprio bloco econômico com isenção de imposto de importação e empresas que mantêm operações industriais em ambos os lados da fronteira. Com o aumento das exportações da China para o Brasil a Argentina reduziu de 62%, em 2023, para 48%, em 2024, sua participação nas importações brasileiras de veículos, mas na mão contrária a participação do país vizinho nas exportações do Brasil subiu de 27% para 40% e os embarques de 160,2 mil unidades para lá asseguraram crescimento de 47,8% sobre o ano anterior. Outra expansão vistosa, de 22,5%, veio do Uruguai, que em 2024 ultrapassou a Colômbia e se tornou o terceiro maior comprador de veículos brasileiros, mas os volumes são pequenos, somaram 38,7 mil unidades, uma fatia de apenas 10% das vendas externas do setor. E os resultados positivos pararam por aí, como afirma Lima Leite: “Nossas exportações só cresceram na Argentina e no Uruguai, tivemos quedas nos demais países e não foi porque esses mercados caíram, mas porque perdemos participação para outros exportadores, principalmente da China”. MUITAS QUEDAS De fato as exportações brasileiras de veículos registraram quedas em mercados importantes: o México segue sendo o segundo maior destino, comprou 95,5 mil unidades em 2024, mas o volume representou expressiva queda de 25,3% sobre 2023, com participação nas compras reduzida de 32% para 24% de um ano para o outro. Com a expansão da presença chinesa no México, inclusive com a introdução de fábricas locais, a Anfavea teme perder terreno em um de seus principais mercados externos – que até então direciona a maior parte da produção para os Estados Unidos, deixando espaço aberto a modelos
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