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104 Fevereiro 2025 | AutoData INDÚSTRIA » COMÉRCIO EXTERIOR US$ 8,3 bilhões, o item com o maior crescimento porcentual do ano, 43,2%, em valor que é o dobro das exportações brasileiras do mesmo produto, que somaram US$ 4,3 bilhões, a décima maior receita com vendas externas do País, mas apenas 2,9% acima da registrada em 2023. Para Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, este foi um destaque perigoso de 2024 para a indústria: “Tivemos uma tempestade perfeita no comércio exterior, com excesso de importações, quase 500 mil veículos, e redução das exportações, o que causou um déficit para o setor pela primeira vez em dez anos. Isto ameaça os investimentos das empresas instaladas aqui, reduz a geração de empregos, prejudica nossa competitividade e a realização de pesquisa e desenvolvimento no País”. INVASÃO CHINESA Somente os fabricantes da China, que têm no Brasil o seu segundo maior mercado do mundo, foram responsáveis pelo emplacamento de 120,3 mil veículos, ou 26% do total importado em 2024 – e 68% das importações de países fora do Mercosul e do México, que têm acordo comercial e são isentos de tarifa aduaneira. As vendas de modelos estrangeiros que vêm de fora do bloco regional, por causa dos chineses, deram longos saltos nos últimos anos: passaram de 17% do total de importados em 2022 para 25% em 2023 e chegaram a 38% no ano passado. As importadoras chinesas foram lideradas por larga margem pela BYD, que sozinha emplacou 76,8 mil unidades, ou 64% dos veículos chineses emplacados no País, e em segundo e distante lugar pela GWM, que vendeu 29,2 mil unidades, ficando com outros 24,3% da fatia de modelos chineses vendidos aqui no ano passado. Ambas já confirmaram o início da montagem nacional de alguns de seus modelos ainda este ano, mas ao que tudo indica antes disso adotaram a estratégia de aproveitar até a última gota do imposto menor para lucrar com importações. Por causa principalmente da expressiva ampliação da participação de veículos da China no mercado brasileiro o porcentual de importações de carros por empresas que não têm fábricas no Brasil, que era de 6% em 2022, dobrou nos dois anos seguintes, para 14% em 2023 e saltou para 28% em 2024. Segundo calcula a Anfavea o volume de importações de veículos chineses é bem maior do que mostram os emplacamentos, isto porque as empresas adiantaram embarques para o Brasil antes da segunda etapa de aumento do imposto sobre elétricos e híbridos, em julho, e com isto entraram no País mais de 70 mil carros para formação de estoque e venda com preços menores. Somente a BYD confirmou que investiu R$ 10 bilhões para formar estoques antes do aumento da alíquota e assim promoveu descontos de mais de R$ 20 mil no fim de 2024 de modelos a pronta-entrega. A Anfavea estimava, em janeiro, que ainda havia 54,6 mil veículos chineses estocados à espera de compradores brasileiros, o que aumenta o total de importações em 2024 para 521 mil unidades e o déficit comercial do ano, em unidades, para 122,5 mil. PEDIDO DE PROTEÇÃO Para Lima Leite o mercado brasileiro virou um campo de desova de carros da China porque o próprio país não consegue mais dar conta de seu excesso de produDivulgação/Renault

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