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45 AutoData | Novembro 2024 SURPRESA NAS EXPORTAÇÕES Até onde ninguém esperava errar houve uma inesperada recuperação. Com quedas nos principais mercados compradores como Argentina, Chile, Colômbia e México, no início deste ano a Anfavea já estimava que o resultado das exportações brasileiras de veículos fosse ser ainda pior do que em 2023, quando houve tombo de 16% sobre 2022. A projeção inicial era de estabilidade nas vendas externas, um zero-a-zero que, em julho, foi transformado em retração extrema de 21%, para 320 mil unidades. Mas houve recuperação surpreendente nos últimos meses e, de janeiro a outubro, já foi superada a projeção com 327,8 mil veículos exportados. Embora reconheça que, felizmente, errou a previsão, em novembro a Anfavea ainda não havia refeito as contas. Então ficamos com a S&P Global, que projeta exportação total de 409,5 mil veículos leves em 2024, em alta 7,2% sobre 2023. Embora o cenário não seja exatamente favorável a consultoria projeta nova alta em 2025, de 9,2%, estimando o embarque de 447,4 mil carros e comerciais leves. A recuperação do mercado argentino, que analistas do país vizinho estimam ser de alta nas vendas de 25%, é o principal fator de mudança de rota para melhor. PRODUÇÃO EM TRAJETÓRIA POSITIVA A alta do mercado brasileiro favoreceu mais as importações de veículos, principalmente elétricos e híbridos da China, do que a produção nacional, que andou de lado em 2024 e cresceu na metade do ritmo das vendas domésticas, prejudicada também pela retração das exportações. Ao menos o ritmo segue no campo positivo de expansão, ainda que moderada. A Anfavea também não havia apresentado esta conta até novembro, mas juntando todas as projeções de consultorias dá para estimar que produção total de veículos no Brasil deve crescer em torno de 7,5% este ano sobre 2023, totalizando em torno de 2,5 milhões de unidades. Só para veículos leves a S&P projeta a produção 2 milhões 340 mil unidades, em expansão de 6,2% sobre 2023, e nova e leve alta de 4,7% em 2025, para 2 milhões 450 mil. Já a Brigh prevê resultados pouco melhores, com a montagem de 2,4 milhões de carros e utilitários este ano, crescimento de 8,9%, e 2 milhões 570 mil para 2025, volume 7,1% maior que o projetado para este ano. Roberto Barros, da S&P, justifica a previsão de um ano melhor para as fábricas de veículos no País: “Apesar dos desafios importantes enfrentados em 2024, como alta nas importações, fraqueza das exportações e disrupções devido a eventos climáticos, a produção de veículos leves no Brasil continua em trajetória positiva, beneficiando-se essencialmente de uma melhora na demanda nacional, especialmente visível nos últimos meses. Para 2025 essa situação deve se consolidar com o contínuo progresso do mercado brasileiro e uma conjuntura de fluxos mais favorável, com montadoras chinesas começando a operar localmente e o mercado argentino em relativa recuperação”. IMPORTAÇÕES ARREFECIDAS As importações, culpadas em grande medida pela Anfavea pelo ritmo mais lento nas fábricas do que a evolução do mercado, tendem a arrefecer em 2025 por alguns fatores: a nova escalada já prevista do imposto de importação sobre elétricos e híbridos, dólar que permanece na cotação elevada em torno de R$ 5,50 e o início previsto da produção local da BYD e GWM. A Bright projeta a importação de 422 mil veículos leves este ano, o que representará alta de 20% sobre as 352 mil unidades de 2023, que já tinham registrado crescimento anual expressivo de quase 30%. Já para 2025 a estimativa da consultoria é de insignificante expansão para 424 mil carros, diferença menor que 0,5% na comparação com o volume deste ano. Se não é o que todos queriam o resumo de 2024 mostra um ano para economia e para o setor automotivo bem melhor do que os mais otimistas esperavam. A expectativa agora é por um novo e bom erro nas projeções de 2025, ano que poderá ser tão surpreendente como sempre é o Brasil.

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