36 Novembro 2024 | AutoData PERSPECTIVAS 2025 » TENDÊNCIAS Ricardo Roa destaca que a principal novidade no Mover é a reciclabilidade, com foco em materiais dos veículos e tributação sustentável. Modelos de baixo volume não serão incluídos inicialmente nas métricas de reciclagem, cuja implementação começa em 1º de janeiro de 2027, levando à regularização de empresas de desmontagem: “Oficializaremos os desmanches”. A responsabilidade pelo fim da vida do veículo cabe às montadoras, que precisam colaborar com outros agentes para desenvolver soluções que o tornem reciclável. Um desafio importante é a rastreabilidade das peças, com necessidade de parcerias com startups e uso de tecnologias como blockchain para garantir mercado legal de peças recondicionadas. ALTA RENDA PUXA O MERCADO Todas as novas exigências, embora tornem os carro brasileiros mais eficientes, seguros e confortáveis contribuem para a eliminação total do conceito que algum dia foi chamado no Brasil de “carro popular”, pois tecnologias antes consideradas premium agora são obrigatórias nos modelos de acesso, o que os tornam mais caros. Na estimativa de Cardamone o mercado brasileiro deve alcançar 2 milhões 620 mil unidades em 2025, em alta discreta de 8% sobre 2024, com crescimento das vendas diretas para 48% do total, caminhando para ultrapassar os 50%: “O mercado cresce pouco porque as taxas de juros são altas e a economia não anda. O problema não é a indústria”. Devido a limitações econômicas do País a transição para a propulsão elétrica será inicialmente concentrada nos modelos híbridos-leves, mais baratos, diz o consultor: “Esta rota acontece pela falta de renda”. A Bright trabalha com a projeção de que os carros elétricos representarão 2,8% do mercado brasileiro em 2024, subindo para 11% em 2030, demandando uma eletrificação gradual e investimentos em infraestrutura, que virá da iniciativa privada. Cardamone também observa que todo o cenário está sendo construído por pessoas com nível de renda do topo da pirâmide social, das classes A e B: “Quem puxa o mercado hoje é o consumidor de alta renda, conectado, que quer tudo dentro do automóvel. Este consumidor é quem vai direcionar o mercado”. REVIRAVOLTA DE TENDÊNCIA Alfonso Abrami, da Pieracciani, conversou com AutoData enquanto passava uma temporada de estudos na Europa. In loco ele observa ali uma queda nas vendas de veículos elétricos, indicando que o mercado real é diferente do planejado. Veículos elétricos mais acessíveis são predominantemente chineses, que agora enfrentam sobretaxações de importação. “Temos de preparar o nosso mercado e mostrar que dispomos de uma grande oportunidade alternativa porque aquele elétrico com o qual se sonhava há dois ou três anos, estamos vendo, principalmente na Europa, não é tudo isso. Ou seja: está havendo uma reviravolta no mercado”. Graças às suas características singulares o Brasil, até agora, escapou desta armadilha e pode, com os incentivos a pesquisa e desenvolvimento do Mover, investir em diversas rotas tecnológicas de descarbonização mais viáveis para se adaptar mais facilmente ao novo cenário do mercado em que a demanda por veículos elétricos enfrenta desafios na Europa. Benoist/shutterstock
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