34 Novembro 2024 | AutoData PERSPECTIVAS 2025 » TENDÊNCIAS legislação. São dois aspectos: o consumidor e a capacidade de eletrificar dentro das plataformas existentes no Brasil. Sem dizer que não temos uma infraestrutura avançada e o governo não colocará dinheiro nisto”. REDUÇÃO OBRIGATÓRIA DE EMISSÃO O consultor independente Milad Kalume Neto estima uma redução de 50% nas emissões de carbono dos veículos novos até 2030 em comparação a 2011, com gasto energético caindo da média de 2,07 MJ/km para 1,03 MJ/km. Este índice está alinhado com as metas a serem regulamentadas do Mover, que dá continuidade ao Rota 2030, iniciado em 2018. Em conjunto com o Mover o Proconve L8, vigente a partir de 2025, adota reduções de emissões cada vez mais restritivas em três etapas, a primeira até 2027, a segunda até 2029 e a terceira finalizando em 2031. O programa obrigará os fabricantes a colocar à venda modelos cada vez mais limpos, retirando de linha os equipados com motores mais antigos. Uma das consequências desta legislação é a adoção crescente de eletrificação, sem o que não será possível enquadrar a frota vendida dentro dos limites impostos pelo L8. Com isto já a partir do segundo semestre de 2025 haverá aumento no número de veículos eletrificados, especialmente os mild hybrids, modelos com eletrificação leve que dominarão o mercado até 2035. Marcus Ayres, CEO da Sensa Partners, concorda que a legislação empurra o Brasil para a dominância dos veículos híbridos, com investimentos paralelos em produção de baterias e restrição de motores térmicos tradicionais: “As pressões regulatórias do Proconve L8 fazem com que o mix de ofertas das montadoras se mova mais para algum nível de hibridização. Será virtualmente impossível atender aos níveis de emissões do L8 com motores tradicionais a combustão. A eletrificação, assim, é uma tendência tecnológica e deve continuar”. Com as novas regras alguns motores conhecidos como o 1.4 Ecotec Turbo da GM e o 1.6 THP Peugeot Citroën devem ser descontinuados, e modelos Fiat que ainda usam o motor Fire 1.0 e 1.4 incorporarão o Firefly 1.0 e 1.3, mais eficientes. A demanda do consumidor por melhores eficiências no gasto com combustível é esperada, especialmente com o aumento da oferta de híbridos, observa Ayres: “O brasileiro não verá mais consumos de combustível do nível 10 ou 11 quilômetro por litro como algo vantajoso. O aumento da oferta de veículos híbridos, mesmo leves, fará o consumidor naturalmente olhar para os carros e demandar uma eficiência melhor para todos os segmentos”. Ricardo Roa, líder do setor automotivo da KPMG no Brasil, também prevê para 2025 um aumento significativo na hibridização de modelos, com transição gradativa de híbridos leves para híbridos plug-in, especialmente com o início da produção de montadoras chinesas no País que prometem fazer aqui somente veículos híbridos e elétricos. Já endossado pela legislação que criou o Mover a medição das emissões dos veículos no Brasil evoluirá do tanque à roda para do poço à roda e, futuramente, do berço ao túmulo, beneficiando assim biocombustíveis como o etanol, que tem suas emissões neutralizadas no ciclo completo de produção, distribuição e uso. Alfonso Abrami, sócio-diretor da consultoria Pieracciani, avalia que as rotas de descarbonização adotadas pelo Brasil ampliam o leque de opções: “O programa Mover permitirá a avaliação do carbono desde a geração até o descarte, influenciando as escolhas tecnológicas, especialmente para fabricantes de autopeças, o que pode fortalecer a rede de fornecedores”. Para Abrami o cenário abre a oportunidade para desenvolver motores 100% movidos a biocombustíveis, especialmente etanol: “A Stellantis prepara o lançamento de veículos 100% etanol”, ele revela, com desenvolvimento para aumentar a eficiência. “Existem já muitos estudos e testes do etanol com 1% de água em vez dos atuais 7% ou 8%, o que melhoraria muito seu rendimento”.
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