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44 Outubro 2024 | AutoData TRANSIÇÃO ENERGÉTICA » HIDROGÊNIO baixo carbono nos próximos anos deverá subir para 120 milhões de toneladas por ano, mas somente 30% deste volume já têm investimentos confirmados: os outros 70% ainda estão sob insegurança jurídica, à espera de regulamentações.” Com o uso do hidrogênio para mover veículos elétricos e a combustão a demanda global pelo gás deve aumentar significativamente até a virada desta década. Ferraresi destaca que “o Brasil tem potencial de produzir 240 milhões de toneladas por ano [de hidrogênio de baixo carbono] com competitividade econômica”. Para competir comercialmente com o diesel o hidrogênio de baixo carbono precisa, no mínimo, reduzir pela metade seu custo de produção atual que, na Europa, é de € 5 a € 6 por quilo, acrescido de € 4 para distribuição, somando preço final de até € 10 por quilo, de acordo com as estimativas de Ferraresi: “Como cada quilo de hidrogênio equivale a cerca de 3 litros de diesel, que no mercado europeu, a € 2 por litro, custam em torno de € 6, o preço do hidrogênio só será competitivo quando seu custo de produção por quilo baixar para menos de € 3, mantendo os mesmos custos de distribuição de € 4, o que formaria preço mais próximo do diesel”. Com energia renovável abundante e barata o Brasil tem potencial para produzir hidrogênio de baixo carbono com preços competitivos. Justamente por isto grande parte dos projetos planejados são de complexos dedicados à exportação, principalmente para a Europa, que pretende utilizar o hidrogênio verde para descarbonizar as emissões de caminhões e ônibus a diesel, mais propensos a adotar a tecnologia das células de combustível – uma espécie de gerador eletroquímico que transforma hidrogênio e o oxigênio do ar em energia elétrica e emite apenas vapor d’água neste processo. Há mais de trinta anos diversos fabricantes na Europa, Ásia e Estados Unidos vêm investindo no desenvolvimento de carros elétricos com células de combustível a hidrogênio, mas a tecnologia nunca encontrou a viabilidade econômica. Muitos protótipos foram construídos e apenas alguns modelos estão à venda atualmente, como o Hyundai Nexo e o Toyota Mirai, que mais recentemente ganharam a companhia de caminhões e ônibus. DEFINIÇÃO DE BAIXO CARBONO O marco legal recém-aprovado no Brasil define que o hidrogênio de baixo carbono receberá certificação e é todo aquele que não emite mais do que 7 kg de CO2 equivalente para cada tonelada produzida de H2. Este limite é bem maior do que o adotado pela União Europeia, de 4 kgCO2e/t H2, mas foi instituído pelos senadores na revisão da legislação porque inclui um número maior de fontes favoráveis à matriz brasileira, como é o caso do etanol, do qual se extrai hidrogênio por meio de reforma química com uso de catalisador. Este limite de 7 kg de CO2 por tonelada de H2 é um teto máximo no processo de produção, que tende a ficar abaixo porque a legislação leva em conta as emissões do ciclo completo de produção e distribuição dos combustíveis para reforma, o que favorece o uso de biocombustíveis como etanol ou biometano, pois eles só emitem CO2 biogênico, que é reabsorvido em grande parte por plantações das matérias-primas das quais se originam, como a cana-de-açúcar, por exemplo. Toyota testará o Mirai abastecido com hidrogênio extraído do etanol: estação começa a operar na USP, em São Paulo, ainda este ano. Divulgação/Toyota

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