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7 AutoData | Setembro 2024 a abertura de uma bifurcação perigosa: o uso preferencial da gasolina em vez do etanol, o que reduz sensivelmente a vantagem ambiental do carro híbrido flex, pois cerca de 90% das emissões de CO2 do biocombustível produzido no País são reabsorvidas pelas próprias plantações de cana ou milho. Em medições divulgadas pela Unica, União da Indústria de Canade-Açúcar e Bioenergia, levando em conta o balanço quase neutro de emissões do biocombustível brasileiro, um carro abastecido com gasolina utilizada no Brasil, misturada com 27% de etanol anidro, emite 131 gramas de CO2 por quilômetro rodado, relação que se reduz a 37 gCO2/km no veículo que usa só etanol hidratado, o E100, e a apenas 29 gCO2/km no caso de um Toyota Corolla híbrido flex abastecido com etanol, que emite menos do que um carro elétrico a bateria alimentado pela matriz energética da Europa. O Brasil é, no momento, o único país do mundo que domina e pode usar a rota tecnológica dos híbridos flex, mas não utiliza incentivos suficientes para tornar o etanol a escolha de preferência da maioria dos consumidores nos postos de abastecimento. Por diferença favorável de preço, desinformação ou puro preconceito a gasolina fóssil continua a dominar os abastecimentos de veículos leves equipados com motores ciclo otto”. FATOS QUE VOCÊ PODE NÃO TER, EXATAMENTE, NOTADO 5 A coluna continua: “Atualmente existem cerca de 33 milhões de carros flex em circulação no País, que compõem quase 85% da frota nacional de veículos leves. Em 2023 eles consumiram 18,1 bilhões de litros de etanol hidratado, o E100, o que significou apenas 21% do consumo total de combustíveis para motores otto. Os 79% restantes no ano passado resultam do consumo de 46,5 bilhões de litros de gasolina C, obrigatoriamente misturada com 27,5% de etanol anidro, o que representou 12,9 bilhões de litros. A gasolina A, sem mistura com etanol, em 2023 representou 57% do consumo total da frota de 39,7 milhões de veículos leves com motores otto. Ou seja: o combustível fóssil continua a dominar a cena no único país do mundo com farta distribuição de biocombustível e com dezenas de milhões de carros que podem utilizá-lo sem problemas, incluindo aí os modelos híbridos flex atuais e futuros. É fato que a desvantagem de preço do biocombustível em relação à gasolina – em muitos casos nem tão grande – é responsável em grande medida por esta distorção, mas também existe o componente do viralatismo atávico que avalia como sendo inferior qualquer invenção ou inovação nacional. A preferência pela gasolina se dá até mesmo na meia dúzia de estados onde o etanol fica abaixo de 70% do preço da gasolina para compensar o consumo 30% maior do biocombustível – uma conta antiga que, diga-se, não acompanhou a evolução tecnológica dos motores, como os turboalimentados com injeção direta que deixam essa diferença já abaixo dos 25%, e os híbridos flex tendem a melhorar ainda mais esta relação. Segundo acompanhamento da ANP, Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, em 2023 o preço médio da gasolina no País aumentou 6,8% e o litro do etanol caiu 12,8%, mas nem assim o consumo do biocombustível aumentou, ficou estável com relação a 2022”.

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