35 AutoData | Setembro 2024 Brasil, com o qual o governo pretende financiar a reindustrialização nacional, atuando em várias frentes. “Um dos objetivos centrais do NIB é aumentar a competitividade das nossas empresas e alavancar as exportações brasileiras de alto valor agregado”, justificou o vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin. “Aqui nós estamos falando de um setor de alta tecnologia, com capacidade não só de produzir e exportar, mas também de atrair parcerias e investimentos externos.” O presidente da Abisemi, Rogério Nunes, destacou que o setor de semicondutores é o segundo maior investidor mundial em pesquisa e desenvolvimento e em capacidade produtiva, perdendo apenas para óleo e gás: “Não será diferente no Brasil. Agora será estimulado um plano de longo prazo com as metas estabelecidas pelo governo”. Para entender melhor as perspectivas do Brasil Semicon e a viabilidade dessa promessa para a área automotiva a reportagem de AutoData ouviu especialistas da área de tecnologia e representantes do setor. Na opinião deles, de forma geral, o programa tem boas possibilidades de ser bem-sucedido mas é fundamental estabelecer estratégias assertivas para que o País encontre os melhores caminhos. ANFAVEA CELEBRA Para Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, que reúne os fabricantes de veículos instalados no País, a iniciativa é “excepcional” e deve ser comemorada desde já: “Nos últimos anos todos acompanharam o esforço da indústria e a Anfavea coordenou um dos trabalhos, que foi exatamente este de instalação da indústria de semicondutores no Brasil. A entidade esteve no Japão, acompanhou diversos produtores e quis entender o que o Brasil precisava ter para atrair esses investimentos, como tentar sugerir alterações na nossa legislação”. Na opinião de Lima Leite foi um trabalho relevante, que contou com a participação de profissionais da área, incluindo Arquivo Pessoal pessoas com experiência em produzir semicondutores: “Esta lei é uma conquista e um avanço extremamente importante para a nossa indústria, posicionando-a em outro patamar”. ESPECIALISTAS PEDEM FOCO Uma das cabeças pensantes nesta preparação para desenhar o que viria a ser o Brasil Semicon foi o diretor sênior automotivo da Harman no País, Flávio Sakai, que pondera: “Tem que se fazer as apostas certas. Você não pode idealizar que vai fabricar todos os componentes. É preciso escolher os itens em que a gente efetivamente tem possibilidades de se destacar”. O especialista coordena a área eletroeletrônica da rede colaborativa do MiBI, Made in Brazil Integrado, grupo criado pelo governo federal em outubro de 2021 para propor rotas de industrialização. Ele também acumula as atribuições de diretor de Eletrônica e Conectividade da AEA, Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, e de coordenador de um grupo de trabalho na área eletrônica no Sindipeças. Quem também aponta a necessidade de focar esforços em áreas específicas é Wanderlei Marinho, professor da Fundação Getúlio Vargas e do Instituto Mauá de Tecnologia: “O sucesso desta iniciativa dependerá muito da nossa estratégia e de uma definição clara da nossa capacidade de estabelecer essa estratégia com um objetivo. Ou seja: em que nicho atuaremos”. “Outro ponto para ter sucesso é olhar o mercado como um todo e identificar onde eventualmente é possível gerar volume de exportação. Se a gente pulverizar a possibilidade de sucesso é muito baixa”, argumenta Sakai. Para ele um volume alto de produção é um dos fatores chave para se ter competitividade e isto só será possível exportando, pois o Brasil não tem mercado interno para sustentar sozinho a indústria de semicondutores, como China ou Índia. “Mesmo que não possamos exportar para o mundo inteiro tentaremos fornecer alguma coisa para o México, para parte da Europa, por exemplo.”
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