16 FROM THE TOP » SEBASTIÁN BEATO, ACARA Setembro 2024 | AutoData tanta pressão sobre o setor financeiro. Antes a relação taxa-renda para poder fazer um empréstimo era inviável. Mas hoje é do interesse dos bancos emprestar esse dinheiro e assumir o risco. É por isto que hoje temos financiamentos de até 80% do valor do carro. Existe condições de sustentar este crescimento ou foi só um suspiro? Projetamos um mercado melhor principalmente porque as taxas de juros dos financiamentos caíram muito: em janeiro eram de 130% a 140% [ao ano], hoje falamos de 29%. Ou seja, em sete meses a situação mudou de forma impressionante. Estimamos que as taxas de juros seguirão caindo e os financiamentos bancários crescerão mais porque os bancos terão liquidez e as fabricantes continuarão oferecendo planos de financiamentos no segundo semestre. A Argentina tem cerca de 50 milhões de habitantes e 14 milhões deles teriam condições de adquirir um veículo novo, mas estamos falando neste momento de uma projeção anual de vendas de apenas 350 mil unidades em 2024. Em um mercado tão pequeno vemos que as pessoas só compram quando aparece alguma oportunidade. Dos 350 mil carros que devemos vender [este ano] uma grande porcentagem é para clientes que comprarão porque enxergaram uma boa oportunidade de comprar barato ou conseguiram um bom financiamento, mas não creio que tivessem necessidade de comprar. Como o cliente se comporta diante das muitas variações cambiais que acontecem na Argentina? “ Nos últimos dez anos, por causa das crises, calculamos que deixamos de vender 1,3 milhão de carros na Argentina. Dos 350 mil carros que devemos vender [este ano] uma grande porcentagem é para clientes que comprarão porque enxergaram uma boa oportunidade de comprar barato ou conseguiram um bom financiamento, mas não creio que tivessem necessidade de comprar.” Vamos vivendo o dia-a-dia, acompanhando as variações. Em outubro de 2023 o dólar paralelo valia 1 mil pesos e o oficial 350. Em dezembro este dólar oficial passou a valer 800 pesos. O produto importado passou a valer o dobro e deixou de ser vendido porque os salários não aumentaram duas vezes mais. São mudanças de mercado que encaramos e, como tudo na vida, a gente se acostuma. O cliente está se acostumando e sabe que praticamente toda semana o preço pode subir ou descer. É difícil mas estamos nos acostumando. Hoje todo argentino, todos os dias, pergunta a quanto fechou o dólar paralelo porque o carro nacional pode custar menos dólares do que economizaram.
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