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12 FROM THE TOP » SEBASTIÁN BEATO, ACARA Setembro 2024 | AutoData mil, mas de lá para cá, com a ampliação da desvalorização cambial em 60%, hoje aquele carro vale US$ 15 mil [na conversão para pesos]. Então quando compro este carro tenho de vendê-lo o mais rápido possível porque no próximo mês não sei como vai ser a situação financeira. Se a cotação aumentar para 1 mil 500 pesos o meu carro importado [no estoque] pode valer ainda menos em dólares. Como esta volatilidade cambial influencia nas vendas de carros importados e dos nacionais, produzidos na Argentina? Há meses em que vale a pena comprar um importado e há meses em que é aconselhável comprar um nacional. Quando a desvalorização cambial é pequena os importados vendem muito bem. Quando a diferença do câmbio é muito alta o nacional vende melhor. Um exemplo: em 2023 tivemos mercado de 66% de produção nacional contra 34% de importados. Este ano, até julho, a relação se reduziu para 57% de carros nacionais e 43% de importados. Em 2023 tivemos maior dominância de modelos produzidos na Argentina porque não podíamos trazer carros de fora, tanto pela questão do dólar como por restrições aduaneiras. Mas este ano as fabricantes viram que precisam trazer mais automóveis importados para levantar a imagem da marca e oferecer uma gama mais ampla. Em alguns momentos [do ano passado] marcas na Argentina como a Fiat só vendia o Cronos [pois só produz este carro em Córdoba] e a Peugeot só vendeu o 208 [até então o único modelo argentino da marca, fabricado em El Palomar]. Já este ano as fabricantes começaram a trazer outros modelos, a maioria brasileiros. “ Hoje nosso mercado seria como um eletrocardiograma, porque dependemos de meses bons e ruins de vendas e da diferença cambial do peso ante o dólar.” Esta diferença cambial de quando o senhor compra o carro e quando ele chega na Argentina está causando prejuízo aos concessionários? Sim, muito grande. No início de 2024 a cotação do dólar oficial era de 400 pesos. Tivemos uma desvalorização e passou a valer 800 pesos. Isto significa que [neste intervalo] um carro importado praticamente passou a valer o dobro. Se eu voltar três meses o dólar era 1 mil 200, hoje está 1 mil 400, então já estamos falando de uma diferença de praticamente 20% no mesmo valor em pesos do carro importado. É assim que vivemos dia após dia. Com estas enormes diferenças cambiais como os concessionários argentinos fazem para rodar o estoque de carros? Quando recebemos um carro importado em que a diferença cambial ficou muito grande aparecem os bônus das montadoras e o desconto da concessionária de 7% a 8%, porque precisamos vender rápido, pois no mês que vem podemos perder dinheiro [na conversão em dólares]. Vamos dar um exemplo: em março compramos um Peugeot 208 por US$ 20

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