414-2024-09

10 FROM THE TOP » SEBASTIÁN BEATO, ACARA Setembro 2024 | AutoData Tango em compasso de eletrocardiograma Vender carros na Argentina pode se comparar a um tango em compasso de eletrocardiograma, com fortes picos acima e abaixo, ao ritmo de constantes desvalorizações cambiais que complicam a vida dos revendedores e seus clientes, como conta Sebastián Beato, presidente da Acara, associação que reúne, lá, os revendedores autorizados. Segundo Beato os empresários argentinos estão, digamos, supertreinados e já se acostumaram a viver um dia após o outro de muitos altos e baixos, desviando das perdas e aproveitando as oportunidades quando elas surgem, como agora que a inflação deu um pouco de trégua, o dólar sobe menos e os bancos voltaram a conceder financiamentos com juros mais palatáveis de 29% ao ano, deixando no passado recente os inviáveis 130%. Falta de dólares e restrições aduaneiras fecharam o mercado argentino aos carros importados, o topo do ranking dos mais vendidos é composto por modelos produzidos localmente, não houve invasão de veículos chineses e as importações são majoritariamente do Brasil: “Ainda não há segurança para importar carros chineses porque quando o dólar dispara eles ficam caros e saem do mercado”. Este ano o cenário começou a mudar lentamente, com aumento de importações para ampliar a oferta de modelos, mas o mercado continua pequeno, não deve ultrapassar 350 mil unidades – e deveria ser o dobro disto em condições normais. Beato indica que somente depois de o país conquistar estabilidade macroeconômica a situação melhorará: “É o que queremos que aconteça”. Nesta entrevista, concedida durante o 6º Congresso de Negócios do Setor Automotivo Latino-Americano, o presidente da Acara traçou o panorama do mercado argentino e suas perspectivas de curto prazo. Qual a situação do mercado argentino de veículos neste momento? Nós dependemos de importações e somos afetados por um gargalo cambial. Nosso mercado seria como um eletrocardiograma, porque dependemos de meses bons e ruins de vendas e da diferença cambial do peso ante o dólar. Corremos um risco com carros importados, dependendo da velocidade de rotação dos estoques [nas concessionárias], porque existe uma lacuna cambial. Hoje a cotação está em 1 mil 400 pesos por dólar e há um mês estava em 1 mil 200. Esta desvalorização cambial em curto prazo torna o relacionamento comercial muito difícil porque estou comprando um carro importado e não sei quando vou recebê-lo e também não sei quando vou vendê-lo, nem a que preço. Entrevista a Leandro Alves Clique aqui para assistir à versão em videocast desta entrevista

RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=