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81 AutoData | Agosto 2024 e fazíamos as coisas na base da coragem. Improvisávamos tudo”. Segundo Bellini os artesãos transformavam pranchas de madeira de 3 metros e partes metálicas em carrocerias para transportar passageiros, tudo com uma bigorna, uma forja, formão e facão: “A geometria era no olho do operador... Na hora de pintar a carroceria precisávamos molhar o chão de terra para não levantar poeira”. A produção de um ônibus demorava noventa dias e os resultados eram os piores possíveis, com a entrega de veículos de baixa qualidade, cheios de defeitos, desalinhados e com goteiras na cabine em dias de chuva, como o próprio Bellini reconhece em seu livro de memórias. Foi assim o início do improvável futuro de uma respeitada empresa global que se tornou uma das melhores e maiores em seu segmento. Chega a ser inimaginável o salto da oficina rudimentar que produzia um ônibus ruim a cada noventa dias para a corporação internacional de hoje que monta dezenas de milhares de veículos de qualidade reconhecida globalmente. Em 2023 a Marcopolo produziu 13,3 mil ônibus, 83% deles no Brasil, respondendo por 49,2% do volume nacional, e os demais em oito fábricas em cinco continentes. Ao todo são cerca de 500 mil carrocerias fabricadas em 75 anos que estão presentes em mais de 140 países. Os resultados financeiros também se solidificaram: a receita líquida de R$ 6,7 bilhões significou acréscimo de 23,4% em comparação com 2022, e o lucro líquido de R$ 810,8 milhões representou alta de 85,5%. Em todas as suas operações a empresa emprega 16,2 mil pessoas, das quais 12,6 mil em operações no Brasil, 10 mil em Caxias do Sul. EXPANSÃO DOS NEGÓCIOS Com o passar das décadas a Marcopolo consolidou seu domínio do mercado brasileiro de carrocerias de ônibus e promoveu a expansão da operação aos cinco continentes, com grande diversificação do portfólio de produtos, incluindo seu recente ingresso no segmento metroferroviário e produção completa de chassi e carrocerias de ônibus elétricos e híbridos, inovando com tecnologias para as transições energética e sanitária. A fabricante de ônibus mantém doze unidades fabris, quatro delas no Brasil: duas linhas de carrocerias em Caxias do Sul e outra em São Mateus, ES, além da fábrica Apolo de peças poliméricas em Farroupilha, RS, da qual a Marcopolo detém 65%. No Exterior são oito operações industriais: três na Austrália e as demais na África do Sul, China, Argentina, México e Colômbia – nesta tem controle de 50% na joint venture Superpolo. Também detém participações estratégicas em empresas do segmento: 40% na Spheros Brasil, fornecedora de climatização e ar-condicionado, 30% na WSul, fabricante de espumas para assentos, ambas em Caxias do Sul, e 8,1% no NFI Group, principal fabricante de ônibus urbanos e rodoviários nos Estados Unidos e no Canadá. O CEO da Marcopolo, André Armaganijan, empossado na função em abril do ano passado, define como principais focos estratégicos o fortalecimento da presença global, a expansão da produção de ônibus elétricos e a contínua inovação nos produtos: “O desafio é apresentar e contemplar as demandas de mercado com soluções modernas, seguras, confortáveis e com alta tecnologia aplicada”. O PRIMEIRO GRANDE SALTO O primeiro salto tecnológico da Marcopolo ocorreu em 1952, quando começou a produzir carrocerias metálicas, fator determinante para aumentar as vendas.

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