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33 AutoData | Agosto 2024 Arquivo Pessoal O México, um do poucos países fora do Mercosul que têm acordo de livre comércio de veículos com o Brasil, em 2023 ultrapassou a Argentina na qualidade de maior comprador estrangeiro de carros brasileiros, consumindo 32% das exportações do setor. Mas o movimento foi efêmero e este ano, até julho, esta proporção caiu para 27%, voltando ao segundo lugar com apenas 52,7 mil unidades exportadas, volume que representa declínio de 36% em relação ao mesmo período do ano passado. “No México, de 2003 a 2007, o Brasil já respondeu por metade das importações de carros do país. Hoje, dependendo do ano, fica com 20% a 30%”, observa Wong. “Isto ocorre porque os fabricantes chineses e coreanos estão chegando com produtos melhores e mais baratos. Mesmo empresas que já estão há mais tempo por lá, como a Nissan, não precisam comprar nada da fábrica brasileira. Somente a Volkswagen pode exportar mais para os mexicanos porque tem modelos como o Nivus que não são feitos lá e nem vêm de outros lugares.” PREÇO ALTO EM MERCADO FRACO Martín Bresciani é presidente da Aladda e da Cavem, associações que reúnem os distribuidores de automóveis na América Latina e no Chile. Com sua experiência ele afirma que vê poucas exportações de carros brasileiros para a maioria dos países latino-americanos: “Vemos que a maioria das importações são de veículos asiáticos. Os carros brasileiros têm boa reputação e não têm problemas de qualidade, a questão é de preço”. Tomando como exemplo o país onde vive, o Chile, Bresciani diz que com exceção da Fiat praticamente não vê em circulação outros carros vindos do Brasil. Não é para menos: este ano, até julho, foram embarcados para os chilenos apenas 9,5 mil automóveis e comerciais leves, uma queda de 40% em relação ao mesmo período de 2023. No ano passado inteiro o Chile recebeu 26,8 mil veículos importados do Brasil, o que já foi um desempenho bastante ruim, retração de 57% sobre as 62,5 mil unidades de 2022. O problema é agravado pelo fato de que todos os mercados preferenciais dos veículos brasileiros, assim como o Chile, além de serem pequenos, enfrentam crises que estão reduzindo as vendas. E Bresciani não vê nenhuma luz no fim deste túnel, conforme ele resume: “Só Brasil e México mantém volumes mais estáveis este ano, os demais países estão em queda e devem continuar assim por algum tempo, porque existe insegurança política e ânimo contra as empresas, ao mesmo tempo em que as economias estão débeis, com câmbio depreciado [o que torna as importações mais caras] e falta crédito porque os juros estão altos e as garantias estão fracas, o que prejudica mais da metade das vendas na região”. A fraqueza dos principais mercados externos anula boa parte de uma vantagem que o Brasil teria para exportar neste momento: a depreciação cambial que compensa a falta de competitividade dos produtos puxando para baixo os preços em dólar. “Com o câmbio a R$ 5,50 conseguimos ser mais competitivos mas se descer a R$ 4,50 ficamos no limite”, indica Max Frik, da Volkswagen. O problema é que as variações cambiais são muito voláteis no País e nos mercados vizinhos. Assim como a depreciação do real empobrece os brasileiros para comprar bens importados, o mesmo está acontecendo na maioria dos países latino-americanos, o que anula em parte a vantagem dos exportadores. Produção do Toyota Corolla Cross em Sorocaba: exclusividade para abastecer 22 países da América Latina. Divulgação/Toyota

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