17 AutoData | Agosto 2024 Quanto são importantes para a HPE os incentivos federais ao Centro-Oeste, que foram renovados até 2032, para manter a fábrica de Catalão? O incentivo é importante para colocar uma fábrica em Catalão. O custo logístico de operar lá é muito maior, estamos longe de portos e do grande centro consumidor. E não podemos esquecer que os modelos que produzimos hoje em Goiás concorrem com picapes importadas da Argentina, na sua grande maioria, que são trazidas sem imposto de importação e também recebem benefícios no país de origem. Mas existe um prazo para o incentivo terminar, então estamos trabalhando muito para que a fábrica não tenha dependência de incentivo. Existem vários caminhos para descarbonizar as emissões dos veículos. Qual o senhor avalia ser o melhor para o Brasil e em qual a HPE aposta mais? Olhando para o que o Brasil tem, sendo o precursor dos veículos a álcool, com tecnologia de ponta no agronegócio que ajuda muito no aumento de produtividade da cana e na produção do álcool, um combustível renovável que ajuda o meio ambiente, acho que a tendência aqui é o veículo híbrido flex. Este é o caminho para o Brasil. Qual desafio foi maior na sua carreira? Construir do zero e com uma fórmula inovadora de produção a fábrica da Ford em Camaçari ou tornar mais produtivas duas fábricas bem menores em Goiás? Em todos estes desafios eu me diverti muito. Em Camaçari eu era muito jovem, trinta e poucos anos de idade, quando pediram para que eu gerenciasse todo o projeto, algo muito grande, um investimento muito alto e nos foi dada a liberdade de desenvolver métodos e negócios novos. Era para esquecer os livros de manufatura e criar coisas novas aqui no Brasil. Isso virou um benchmark mundial. Quando eu passei por outras empresas, de eletrônicos ou de roupa íntima feminina, eram outros desafios totalmente diferentes. E depois, quando vim para duas operações que são 100% nacionais [Caoa e HPE], mas que estão atreladas a grandes multinacionais, era outra cabeça, outro negócio, uma delas com rede de distribuição muito grande. Eu aprendi muito também nestas duas empresas, porque ao ficar mais próximo do varejo você realmente entende quem é o seu consumidor. E, quando se trabalha em uma corporação nacional, é você e a equipe que está aqui: não pode bater na porta de ninguém, não pedirá investimento para ninguém, tem que gerar o seu próprio caixa para isto, tem que ter a certeza que fará o volume do mês porque tem que faturar, há as contas para pagar, precisa remunerar o capital do acionista. Mas eu gosto muito de desafios e gostei de todos eles. “ Hoje temos 218 fornecedores locais de componentes produtivos para a fábrica de Catalão, o que resulta em pouco mais de 30% de nacionalização. É o porcentual viável no momento.”
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