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55 AutoData | Maio 2024 Alto-forno 3 da Usiminas em Ipatinga: investimento de R$ 2,7 bilhões para a reforma. Nacional, para dar base ao desenvolvimento industrial do País, inclusive e especialmente do setor automotivo. Passados mais de setenta anos da chegada dos primeiros fabricantes estrangeiros de veículos hoje esta indústria consome um quarto da produção siderúrgica do País, volume que em 2022 correspondeu a 5,5 milhões de toneladas, segundo dados mais recentes do IBr, Instituto Aço Brasil, que reúne empresas do setor. A indústria automotiva pode até reclamar de preços mas não de falta de aço no País, pois as siderúrgicas dizem que têm capacidade para fornecer o dobro do volume consumido hoje. Também não falta qualidade, pois os fabricantes de veículos são os clientes mais exigentes, demandam cada vez mais material de maior resistência e menor peso, o que tem puxado o desenvolvimento e os investimentos do setor. Miguel Homes, experiente executivo com cerca de três décadas trabalhando no setor de aço da América do Sul e desde 2018 vice-presidente comercial da Usiminas, calcula que um veículo de 1 tonelada produzido no Brasil atualmente tem metade de seu peso e dos custos de produção relacionados ao aço, tanto na carroceria como nos componentes, levando-se em conta que até pneus têm malha de aço na sua composição. COMPLEXIDADE E INVESTIMENTO A indústria siderúrgica projeta crescimento contínuo, ainda que lento, da produção de veículos no País, e por isto vem fazendo investimentos em ampliação de capacidades e novos aços que beneficiam diretamente o fornecimento às montadoras. Três dos maiores fornecedores do insumo às fábricas de autopeças e de veículos leves e pesados, Usiminas, Gerdau e ArcelorMittal, realizam aportes em suas operações que somam R$ 11,6 bilhões desde 2023 até 2026. Apesar de ser uma indústria cujos resultados de produção são medidos em toneladas o que mais importa hoje aos fabricantes de aço e de veículos é a redução de peso sem perda de resistência e Divulgação/Usiminas maleabilidade, uma qualidade importante para estampar peças, o que gera complexidade crescente na produção. Segundo Homes as siderúrgicas no País já trabalham com a terceira geração de aços avançados de alta resistência, denominados pela sigla em inglês AHSS, utilizados predominantemente na produção de veículos. Atualmente o aço produzido pela Usiminas é oito vezes mais forte do que há cinquenta anos. Os AHSS são o grande trunfo da indústria do aço contra outros metais para fabricação de automóveis, pois segundo a Usiminas sua produção gera cinco vezes menos emissão de carbono do que o alumínio. Homes indica que, hoje, os veículos já usam perto de 30% de AHSS em suas carrocerias, principalmente nas partes estruturais, e o executivo projeta que “este porcentual crescerá para 50% em mais três ou quatro anos”. Homes sabe disto porque a Usiminas é o maior fornecedor de aços planos laminados e galvanizados para a indústria automotiva no País, com mais de duzentos clientes do setor na carteira, e segundo ele conta “já trabalhamos com especificações de aços para carros que as montadoras lançarão em 2025 e 2026”. Para acompanhar a evolução de seus maiores clientes – que em 2023 compraram quase 1,4 milhão de toneladas, ou 34% do total de 4 milhões de toneladas pro-

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