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51 AutoData | Maio 2024 “Fato é que a indústria brasileira perdeu espaço no PIB e consequentemente sua relevância política e econômica”, observa Marcelo Gabriel, professor do programa de mestrado e doutorado em administração e do mestrado profissional em comportamento do consumidor da ESPM SP, e que tem experiência de mais de trinta anos no setor automotivo. Do lado conjuntural a proliferação de marcas e modelos fez com que muitas empresas fabricantes de veículos trouxessem para cá seus fornecedores globais, enfraquecendo assim a indústria local de componentes, de capital nacional, que décadas atrás floresceu com a chegada das grandes montadoras estrangeiras. “Outra questão conjuntural importante é a estratégia das grandes montadoras de concentrar suas compras em países de baixo custo, sendo que o custo-Brasil inviabiliza nossa participação maior nesse seleto grupo No Brasil exportamos impostos, visto que a tributação em cascata impacta a formação de custos e preços”, afirma Gabriel. “Ao buscar um mercado externo a concorrência que se apresenta por lá é de um nível bastante superior ao encontrado no mercado local, considerando que os produtos são compatíveis e com a mesma qualidade.” Dentre as principais barreiras para a internacionalização de empresas o professor cita a necessidade de investimento em infraestrutura em um outro país, o que inclui capital de giro, contratação de mão-de-obra e desenvolvimento de mercado, ao mesmo tempo em que os desafios do mercado interno postergam planos de expansão para fora. “A Randoncorp é um exemplo interessante na construção de uma cultura glocal, é global e local. Vários dos atuais executivos em posição de liderança na organização tiveram experiências fora do Brasil, seja em subsidiárias ou nas diversas joint-ventures pelo mundo, levando a cultura Randon, aprendendo a cultura local, e criando assim essa experiência de convívio, que tem sido muito proveitosa.” Criar uma operação fora do Brasil requer conhecimento sobre o mercado no qual se quer instalar a operação, apetite para risco e infraestrutura no Brasil bastante sólida para apoiar este desenvolvimento. A ausência de um modelo de estímulo à internacionalização das empresas restringe as iniciativas a grandes grupos econômicos, como Iochpe-Maxion e Randon, que entendem este processo como de longo prazo e de baixo retorno inicial. “Não consigo imaginar um pequeno empresário brasileiro de autopeças que forneça como tier 2 ou tier 3 para um sistemista, pensar em internacionalização como os grandes grupos. Experimentar uma iniciativa no Paraguai, dados os incentivos e o fomento local, parece uma alternativa mais plausível para este perfil, que perfaz a maioria das empresas no Brasil.” Marcopolo na África do Sul: produção de ônibus com posição de dirigir na direita. Motores elétricos da WEG: presença em 130 países. Divulgação/Marcopolo Divulgação/WEG

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