67 AutoData | Março 2024 eletrônicos a serem comprados. O novo SUV agrega quantidade de semicondutores – microchips que controlam seus sistemas – que equivale a volume 70% superior ao empregado no Duster, modelo também produzido no Paraná, mas sobre plataforma projetada há cerca de vinte anos. Marluce Borges aponta que o aumento de eletrônica embarcada se reflete na importação de 1 mil, ou dois terços, de todas as 1,5 mil referências de componentes que compõem o Kardian. Ou seja: embora 68% dos itens do Kardian sejam nacionalizados existe vasto número de pequenas peças eletrônicas importadas: “Felizmente não estamos mais enfrentando dificuldades no fornecimento de semicondutores, não há gargalos para produzir o Kardian no momento”. Do quadro atual de trezentos fornecedores produtivos da Renault no Brasil sessenta fornecem para o Kardian. Segundo a executiva quase todos os parceiros já tinham relação comercial com a empresa, “só dois são novos que vieram para fornecer ao Kardian”. DESEJO DE NACIONALIZAÇÃO “Mais do que oportunidades temos o desejo constante de aumentar a nacionalização de todos os produtos que fabricamos”, enfatiza Borges, mas pondera sobre as dificuldades de ir além com o Kardian: “Temos um painel de fornecedores muito robusto no Brasil mas poucos produzem aqui as novas tecnologias que estamos adotando.” A vice-presidente de compras afirma que o trabalho para buscar oportunidades de nacionalização é constante e obedece a dois preceitos: “Precisa ter condições de produzir determinadas tecnologias aqui e precisa ser competitivo com relação aos preços do Exterior”. Borges ressalta que novos projetos sempre melhoram a relação com a cadeia de suprimentos porque aumentam naturalmente o volume de compras. Mais do que isso um carro completamente novo, como é o Kardian, também propicia a venda à montadora de componentes mais sofisticados e rentáveis para os fornecedores. Todos ficam mais felizes. MOTOR É OPORTUNIDADE Com a chegada do Kardian na linha de produção brasileira a oportunidade mais visível de nacionalização de componentes aparece no novo motor 1.0 TCe turboflex, que já está sendo montado no Paraná na fábrica da Horse, divisão do Grupo Renault criada para integrar a produção motores a combustão e sistemas de propulsão híbridos. Embora o 1.0 TCe seja um projeto nacional – derivado do 1.3 TCe turbo projetado em conjunto com a Mercedes-Benz, hoje fabricado na Espanha e que também será nacionalizado no Paraná a partir de 2025 – o motor utilizado pelo Kardian tem apenas 20% de componentes nacionais. Há, portanto, 60% de oportunidades de nacionalização. A começar pelo cabeçote e bloco de alumínio, hoje importados da fábrica de Valladolid, Espanha, mas que podem ser produzidos bem ao lado da linha de montagem, na CIS, Curitiba Injeção de Alumínio, fundição inaugurada em 2018 dentro do Complexo Ayrton Senna. Também existem conversas para nacionalizar o turbocompressor fornecido na Europa pela BorgWarner, que a empresa poderá produzir na fábrica que mantém em Itatiaia, SP, e que já fornece turbos para Volkswagen e Stellantis. Já a transmissão EDC, automática de dupla embreagem úmida, vem da China e não há nenhum fornecedor de equipamento semelhante no Brasil.
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