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71 AutoData | Fevereiro 2024 Observatório do Clima, o setor de energia foi responsável por 25,3% das emissões de CO2 no País, a segunda maior contribuição do cenário nacional. A maior parte destas emissões concentrou-se nas Regiões Sudeste e Sul do País, com 47% e 16%, respectivamente, do CO2 emitido para gerar energia. Para a CCS Brasil o potencial para captura de CO2 chega a 32% das emissões do setor de energia, podendo reduzir cerca de 130 milhões de toneladas provenientes de fontes fósseis por ano. A CCS Brasil calcula que este potencial representaria em torno de 8% das emissões totais do Brasil em 2021. POUCAS INICIATIVAS NO BRASIL O Brasil está engatinhando na captura e armazenamento de CO2. Os três projetos que envolvem de alguma forma partes da cadeia de CCS estão em estágios de desenvolvimento muito diferentes, de acordo com levantamento da CCS Brasil. O primeiro e mais antigo projeto brasileiro é da Petrobras, que desenvolve etapas não só de estocagem mas, também, de utilização do CO2 capturado. A reinjeção de CO2 em poços é realizada regularmente pela petroleira nos campos do pré-sal. O projeto começou como um piloto, no campo de Tupi, e se estendeu aos campos de Mero e Búzios, acumulando atualmente 40,8 milhões de toneladas de CO2 reinjetadas. Só em 2022 foram 10,6 milhões de toneladas de CO2 injetadas e a expectativa é chegar a 80 milhões de toneladas até 2025. A segunda iniciativa está em fase de desenvolvimento de projeto e é liderada pela FS Bioenergia, a maior produtora de etanol de milho do País. A empresa planeja investir cerca de US$ 65 milhões para estruturar este projeto, que deverá implementar sistemas de captura e estocagem de CO2 em sua unidade de Lucas do Rio Verde, MT. Este projeto tem potencial, segundo a CCS Brasil, para reduzir as emissões de CO2 na produção de biocombustíveis, sendo uma referência para o setor. O terceiro projeto em operação está localizado em Criciúma, SC: uma planta piloto de pesquisa e desenvolvimento para captura de CO2 emitido pela forma mais poluente de geração de energia, da única usina termoelétrica a carvão em operação no País. Embora ainda esteja em fase inicial este projeto é considerado muito promissor e pode contribuir significativamente para reduzir as emissões de CO2 na geração de energia utilizando combustíveis fósseis. BAIXA EFICIÊNCIA Segundo levantamento da Agência Internacional de Energia existem 47 projetos de CCS no mundo que, somados, têm capacidade anunciada que varia de 74 milhões a 82 milhões de toneladas de CO2 capturadas por ano. Estas plantas se concentram majoritariamente em países desenvolvidos. No entanto o aproveitamento dessa capacidade ainda está muito aquém do esperado e contradiz a confiança dos cientistas na captura e estocagem de carbono como ferramenta para frear o aquecimento global. A Bloomberg revelou, por exemplo, que a maior central de CCS do mundo, construída no Texas, Estados Unidos, pela Occidental Petroleum Corp, nunca operou com mais de um terço da sua capacidade em mais de uma década. Enquanto a CCS é apenas uma esperança a eletrificação da mobilidade caminha bem mais rápido, mas está longe de ser uma solução abrangente para a descarbonização da atmosfera. Batem cada vez com mais força no planeta tempestades torrenciais, enchentes, nevascas fora de época, tornados e furacões devastadores, secas mortais e a já não tão improvável savanização da Amazônia, em uma escalada de eventos extremos ainda inimagináveis que seguem ceifando vidas e acumulando prejuízos bilionários. Se quiser sobreviver a humanidade precisa adotar mais rápido as soluções que tem à mão: e uma das principais é abrir de vez a caça e o enterro do CO2.

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