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65 AutoData | Dezembro 2023 Pior: a entidade calcula que apenas 4% dos investimentos são direcionados a pesquisa, desenvolvimento e inovação, enquanto mais de 80% dos recursos investidos vão para a compra de máquinas, equipamentos e outros ativos fixos. “A decisão de investimento de um fornecedor de autopeças baseia-se grandemente na demanda de seu cliente montadora e da economia de escala, que tem impactos enormes sobre os custos”, pondera Sahad. “Precisamos que o ambiente de negócios seja transparente, equilibrado e previsível. Somos elo de uma longa cadeia. Nossos produtos não são de prateleira.” O dirigente afirma que a entidade se esforça para estimular seus associados a investir em seu futuro por meio da inovação. Para isto serve o programa Inova Sindipeças, criado há alguns anos com o objetivo de mostrar aos associados que inovar não significa necessariamente fazer grandes investimentos, mas melhorar o processo, na medida da possibilidade de cada empresa. Outra ação importante, destaca Sahad, é mostrar didaticamente quais são as fontes de financiamento disponíveis e como utilizá-las. “Estamos em constante contato com as entidades gestoras do Rota 2030, um dos melhores programas do mundo para incentivo à inovação, que orgulhosamente ajudarmos a elaborar. Aguardamos agora o ciclo 2, que deve se chamar Mover [Programa Mobilidade Verde].” OPORTUNIDADE Apesar da volatilidade econômica do País o necessário processo de redução das emissões de carbono pelo qual o mundo terá de passar nas próximas décadas abre nova oportunidade de crescimento ao setor brasileiro de autopeças. Sahad visualiza que, na nova conformação global da indústria automotiva em sua busca pela eletrificação dos veículos e das novas tecnologias que esse cenário estimula, “o Brasil pode ocupar lugar de muito destaque nas decisões mundiais sobre descarbonização no setor dos transportes”. Sem abrir mão de nacionalizar as novas tecnologias de eletrificação o País tem a vantagem de usar etanol em larga escala e pode produzir muitos outros biocombustíveis, como biodiesel, HVO, biometano e hidrogênio verde. Para Sahad a oportunidade está em usar esta vantagem e o parque industrial já instalado para fornecer ao mundo o que os países industrializados vão deixar de produzir: “O Brasil pode ser um grande fabricante de veículos híbridos flex, abastecidos com etanol. Também podemos nos tornar um hub produtor e exportador de motores e veículos a combustão, que ainda terão uma vida longa, principalmente nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, e não serão mais fabricados nos Estados Unidos e na União Europeia”. Enfim, se nos últimos setenta anos a indústria de autopeças deu conta de industrializar o País, mesmo contra todos os prognósticos, o setor também será capaz de levar adiante a chamada neoindustrialização, aproveitando vocações naturais, como resume Sahad: “O fato é que temos boas oportunidades pela frente. A diversidade de nossa matriz para produção de energia limpa é uma grande vantagem que o Brasil tem. Se tivermos políticas públicas para explorar adequadamente esse potencial, nossa indústria de transformação pode dar um salto de qualidade, ocupando lugar de maior protagonismo global”. Divulgação/Fras-le Divulgação/Master

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