405-2023-11

» EDITORIAL AutoData | Novembro 2023 Diretor de Redação Leandro Alves Conselho Editorial Isidore Nahoum, Leandro Alves, Márcio Stéfani, Pedro Stéfani, Vicente Alessi, filho Redação Pedro Kutney, editor Colaboraram nesta edição André Barros, Lúcia Camargo Nunes Projeto gráfico/arte Romeu Bassi Neto Fotografia DR e divulgação Capa Fotos MikeDotta/Shutterstock, My Ocean Production/Shutterstock Comercial e publicidade tel. PABX 11 3202 2727: André Martins, Luiz Giadas Assinaturas/atendimento ao cliente tel. PABX 11 3202 2727 Departamento administrativo e financeiro Isidore Nahoum, conselheiro, Thelma Melkunas, Hidelbrando C de Oliveira, Vanessa Vianna ISN 1415-7756 AutoData é publicação da AutoData Editora e Eventos Ltda., Av. Guido Caloi, 1000, bloco 5, 4º andar, sala 434, 05802-140, Jardim São Luís, São Paulo, SP, Brasil. É proibida a reprodução sem prévia autorização mas permitida a citação desde que identificada a fonte. Jornalista responsável Leandro Alves, MTb 30 411/SP autodata.com.br AutoDataEditora autodata-editora @autodataeditora Por Pedro Kutney, editor Farinha pouca, meu pirão primeiro A filosofia popular datada ainda dos tempos do Brasil Colônia já jogava luz sobre o comportamento humano em situações de escassez: se a farinha não é suficiente para todos que eu faça o meu pirão primeiro – e o resto que se arrume. Após três anos de estagnação que interrompeu a recuperação da profunda crise econômica de 2015 a 2017 a mesma figuração de linguagem cabe para descrever a situação atual do setor automotivo nacional. Mercado é pouco, minha venda primeiro, poderiam dizer os interlocutores da indústria que tentam, de um lado, manter suas vantagens competitivas, enquanto o lado contrário tenta retirá-las, com narrativas iguais em prol do desenvolvimento do País que, de verdade mesmo, escondem a objetiva defesa de seus lucros. É tão somente pelo lucro, com argumentos razoáveis de ambos os lados e dados intransparentes, que foi escancarada à sociedade a briga de vetustos integrantes do setor para manter, ou cancelar, a extensão até 2032 dos incentivos fiscais destinados ao desenvolvimento regional para fábricas de veículos e peças no Nordeste e Centro-Oeste, em escrutínio da reforma tributária que tramita no Congresso Nacional. Se mercado houvesse para todos esta discussão nem aconteceria, ou ficaria restrita a bastidores inconfessáveis. Na situação da pouca farinha do mercado brasileiro quem tem mais vantagens competitivas chega primeiro ao saco e come pirão à vontade, quem vem atrás fica com a sobra. A escassez provoca transformações e modifica até as mais arraigadas relações comerciais de fabricantes com suas redes franqueadas de revendas, que agora aceitam até discutir as opções da envelhecida Lei Ferrari que, desde 1979 e com modificações em 1991, rege a relação das montadoras com seus concessionários – e garante a intermediação destes nas vendas de veículos. Como mostra reportagem de capa desta AutoData, para tentar reduzir preços e destravar os negócios boa parte dos concessionários aceita fazer acordos com as montadoras para que os carros sejam faturados diretamente ao cliente pessoa física, criando a interessante modalidade de vendas diretas de varejo. Com isto as concessionárias perdem o controle que tinham sobre o preço final, ganham menos mas seguem ganhando comissões. É uma maneira de continuar comendo um pouco mais de pirão enquanto a farinha é pouca.

RkJQdWJsaXNoZXIy NjI0NzM=