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» EDITORIAL AutoData | Outubro 2023 Diretor de Redação Leandro Alves Conselho Editorial Isidore Nahoum, Leandro Alves, Márcio Stéfani, Pedro Stéfani, Vicente Alessi, filho Redação Pedro Kutney, editor Colaboraram nesta edição André Barros, Caio Bednarski, Fernando Pedroso, Lúcia Camargo Nunes, Rúbia Evangelinellis, Soraia Abreu Pedrozo Projeto gráfico/arte Romeu Bassi Neto Fotografia DR e divulgação Capa Foto pryzmat/Shutterstock Comercial e publicidade tel. PABX 11 3202 2727: André Martins, Luiz Giadas Assinaturas/atendimento ao cliente tel. PABX 11 3202 2727 Departamento administrativo e financeiro Isidore Nahoum, conselheiro, Thelma Melkunas, Hidelbrando C de Oliveira, Vanessa Vianna ISN 1415-7756 AutoData é publicação da AutoData Editora e Eventos Ltda., Av. Guido Caloi, 1000, bloco 5, 4º andar, sala 434, 05802-140, Jardim São Luís, São Paulo, SP, Brasil. É proibida a reprodução sem prévia autorização mas permitida a citação desde que identificada a fonte. Jornalista responsável Leandro Alves, MTb 30 411/SP autodata.com.br AutoDataEditora autodata-editora @autodataeditora Por Pedro Kutney, editor Anão gigante Do ponto de vista global o setor automotivo brasileiro pode ser enquadrado na contraditória figuração de linguagem de um anão gigante. De um lado a produção nacional sofre de nanismo, parada em 2,2 milhões a 2,3 milhões de unidades há alguns anos, o que corresponde a menos de 3% dos 84 milhões de veículos que devem ser produzidos no mundo em 2023. Por outro lado há gigantismo no número de fabricantes, poucos países têm tantos instalados em seu território: são treze que produzem dezoito marcas de automóveis e comerciais leves, com vinte fábricas de veículos e oito de motores, além de sete de caminhões e seis de ônibus de sete montadoras focadas em veículos pesados. O consumo do sexto maior mercado de veículos do mundo – por enquanto – e exportações que mal chegam a 20% do que é produzido representam um sapato muito apertado para um pé muito grande, representado por empresas que podem construir 4 milhões de veículos por ano e mal vendem a metade disto. Mesmo assim há mais gente chegando para adicionar algo em torno de 300 mil unidades/ano à já 50% ociosa capacidade de produção nacional. Por falta de lugar melhor para ir, devido a barreiras tributárias e culturais impostas por países ricos, as chinesas GWM e BYD compraram unidades industriais no Brasil, respectivamente, da Mercedes-Benz e da Ford, que desistiram de suas operações industriais aqui. As duas prometem investir alguns bilhões de reais para produzir carros elétricos e híbridos, com toneladas de componentes importados das matrizes na China. É a chamada neoindustrialização que tarda a chegar ao parque nacional de fornecedores, este já chamado de gigante de pés de barro, que não para de pé com sua base quebradiça. Esta edição anual de perspectivas de AutoData consolida informações nas páginas a seguir que demonstram continuada e demorada estagnação da indústria automotiva brasileira. Em resumo, está muito difícil voltar a crescer para acomodar todos os volumes e interesses dos numerosos fabricantes instalados aqui. Enquanto isso falta senso de urgência na proposição da nova política industrial brasileira, da qual muito se fala e pouco se pratica. É urgente salvar o pouco de indústria que resta no PIB, sob o risco de perpetuar o País como nação de segunda classe lastreada em commodities agrícolas e minerais, onde habita um desengonçado anão gigante industrial.

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