» EDITORIAL AutoData | Setembro 2023 Diretor de Redação Leandro Alves Conselho Editorial Isidore Nahoum, Leandro Alves, Márcio Stéfani, Pedro Stéfani, Vicente Alessi, filho Redação Pedro Kutney, editor Colaboraram nesta edição Aline Feltrin, Lúcia Camargo Nunes, Soraia Abreu Pedrozo Projeto gráfico/arte Romeu Bassi Neto Fotografia DR e divulgação Capa Foto W. Phokin/Shutterstock Comercial e publicidade tel. PABX 11 3202 2727: André Martins, Luiz Giadas Assinaturas/atendimento ao cliente tel. PABX 11 3202 2727 Departamento administrativo e financeiro Isidore Nahoum, conselheiro, Thelma Melkunas, Hidelbrando C de Oliveira, Vanessa Vianna ISN 1415-7756 AutoData é publicação da AutoData Editora e Eventos Ltda., Av. Guido Caloi, 1000, bloco 5, 4º andar, sala 434, 05802-140, Jardim São Luís, São Paulo, SP, Brasil. É proibida a reprodução sem prévia autorização mas permitida a citação desde que identificada a fonte. Jornalista responsável Leandro Alves, MTb 30 411/SP autodata.com.br AutoDataEditora autodata-editora @autodataeditora Por Pedro Kutney, editor De lado e de ressaca, mas com lucro Terminada a festa dos descontos para compra de automóveis sobra a ressaca da queda das vendas, que tinha sido apenas adiada pelo patrocínio emergencial de R$ 800 milhões em créditos tributários do governo para bancar abatimentos de R$ 2 mil a R$ 8 mil nos preços de modelos até R$ 120 mil. Ao que indica o andar das carroças do mercado o programa só serviu para evitar cenário pior do que estava posto desde o início do ano, quando se projetava mais um ano andando de lado, com pouco ou nenhum crescimento sobre 2022, como acontece desde 2021. Reportagem especial de Lúcia Camargo Nunes, que ilustra a capa desta AutoData, demonstra que os efeitos do programa foram muito limitados, geraram vendas adicionais de 45 mil a 50 mil carros em junho, julho e agosto, mas segundo analistas projetam este será o mesmo número de veículos que deixarão de ser vendidos no último trimestre do ano. Ou seja: os descontos provocaram apenas antecipações de compra e devem arrefecer aquele que costuma ser o período mais aquecido de vendas do ano. Noves fora 2023 deve terminar assim como terminaram 2021 e 2022: sem crescimento. Nada ajuda a fazer o mercado brasileiro de veículos voltar a crescer sem auxílios emergenciais e artificiais. Passada euforia dos descontos patrocinados pelo governo, que receberam alguns abatimentos adicionais de fabricantes que precisavam desovar estoques, os preços voltaram a subir para níveis completamente deslocados do padrão brasileiro de renda. Segundo levantamento da Jato Dynamics o preço médio de compra em maio, antes dos descontos, era de R$ 148 mil, caiu sensivelmente para o ainda alto patamar de R$ 132 mil e, em agosto, já na ressaca do plano, voltou a subir a indecentes R$ 144 mil. Com estes valores médios para carros bem medianos – e sem crédito amplo e barato para suavizar o assalto – não há hipótese de se vender mais carros do que o já milagroso nível de 2 milhões/ano. Muito ao contrário a tendência é que este volume baixe ainda mais. Na prática há muito tempo os fabricantes trocaram volumes por lucros. Por isto os descontos sumiram após o patrocínio do governo. Vende-se menos e lucra-se mais com preços cada vez mais altos. Neste caso pode-se ponderar, inclusive, que os créditos tributários do programa financiaram bons lucros aos seus beneficiários. Mas enfim, melhor ficar de ressaca depois de uma festa do que ter dor de cabeça sem festa alguma.
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