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6 LENTES Agosto 2023 | AutoData O GOOGLE E A ÁGUA Talvez todos vocês conheçam Natália Viana, a diretora executiva da Agência Pública. Não a conheço. Infortunadamente. Mas ela tem escrito uma belíssima carreira profissional desde que a lia incidentalmente. Passei a receber material da Pública depois que ela relatou sua experiência com o WikiLeaks de Julian Assange. Considero oportuníssimo o texto abaixo que mostra que o inferno não é, assim, tão distante de nós. O título é A Briga dos Uruguaios contra o Google: tem tudo a ver com a indústria e com o jornalismo. O GOOGLE E A ÁGUA 2 “Durante mais de três meses a água nas torneiras de Montevidéu veio salobra. E não se trata de um acidente de percurso ou de fenômeno passageiro: a falta de água potável na maior cidade do país vizinho é a primeira consequência da emergência climática. Há, sim, características anômalas na maior seca histórica em 74 anos no Noroeste daquele país. Choveu metade do que devia no ano passado e, neste ano, vemos o fenômeno El Niño que causou o julho mais quente em décadas no Brasil e temperaturas recordes no mundo. Mas sabemos que os fenômenos extremos devem acontecer cada vez mais e que crises como esta devem se repetir. O que ocorreu no Uruguai foi que a água da represa de Paso Severino [em Florida, ao Norte, coisa de 130 quilômetros de distância], que abastece os 2 milhões de habitantes da Capital – dois terços da população – chegou a níveis baixíssimos e o governo teve que misturar água potável com a água do rio da Prata, salgada. O governo, então, recomendou àqueles que tivessem hipertensão ou problemas renais que evitassem tomar água da torneira, uma vez que ela continha duas vezes mais sódio e três vezes mais cloro do que o normal. A mudança foi um choque no país pioneiro em inserir o direito à àgua na sua Constituição, e onde beber água da torneira sempre foi o habitual. O GOOGLE E A ÁGUA 3 “Agora, a água trazia riscos à saúde. Restou aos moradores comprar água mineral em garrafas, se organizar nos bairros para encontrar novos poços ou, quando não havia mais jeito, ferver a água da pia duas ou três vezes para fazer o mate tradicional. Mas se não bastasse terem de lidar com a crise tual os uruguaios começam, agora, a se organizar para combater um plano do Google que deve estressar ainda mais a demanda por água no país. A corporação comprou um terreno de 29 hectares, cerca de 290 mil m2, para instalar, ali, um novo Data Center. “É um marco importante neste processo e Por Vicente Alessi, filho Sugestões, críticas, comentários, ofensas e assemelhados para esta coluna podem ser dirigidos para o e-mail vi@autodata.com.br Reprodução Internet

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