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48 Julho 2023 | AutoData INCENTIVOS » VEÍCULOS PESADOS SEM FINANCIAMENTO RODA NÃO GIRA O sócio gestor da MA8 Management Consulting Group, Orlando Merluzzi, acre- dita que a MP do desconto não trará resul- tados tão satisfatórios para a indústria de veículos pesados “pela mesma razão que nenhumprograma de renovação de frotas de caminhões até agora nunca funcionou”. O consultor aponta que, para a roda girar, mesmo com uma triangulação em que o caminhoneiro autônomo venda para o grande frotista seu veículo com mais de vinte anos para comprar um usa- do, ele precisará de acesso a crédito: “Aí entra novamente a questão do risco e nenhum banco quer se comprometer com isto”. Merluzzi lembra que as tentativas de adotar um programa de renovação de frotas sempre esbarrou na falta de acesso ao crédito, porque nenhuma instituição assume o risco da inadimplência do com- prador com poucas garantias. O que falta, na visão do consultor, é criar um programa em que haja estudo completo da cadeia, de ponta a ponta: “É preciso começar pela renovação do velho e criar um sistema de venda do seminovo para o autônomo”. O coordenador acadêmico de cursos automotivos da FGV, Antônio JorgeMartins, concorda que a MP 1 175 não foi devida- mente estudada. Na sua opinião quando o governo incluiu caminhões e ônibus no programa deve ter imaginado que gran- des atacadistas começariam a comprar modelos mais antigos de autônomos para, então, teremacesso ao desconto: “Mas, na prática, é uma equação complicada por- que envolve três tipos de negociação, uma com pessoa física, o caminhoneiro, outra com a jurídica, o frotista, e, depois, com a montadora ou concessionária”. O problema, segundo o professor, é que para se desfazer do veículo antigo o caminhoneiro precisa ter condições para financiar umseminovo que custa bemmais. E nem sempre ele consegue o financia - mento. Em contrapartida o frotista enfren- ta dificuldade para fazer a negociação no curto prazo. Principalmente porque nem sempre tem fluxo de caixa para este tipo de operação. Para Martins, neste momento, deveria haver medidas de longo prazo que au- mentassem a competitividade do setor em vez de tentativas de curto prazo. Seja como for a MP 1 175 tem duração máxima de quatro meses e ainda tem R$ 1 bilhão para bancar descontos e fomentar a demanda por caminhões e ônibus no- vos no Brasil. Neste período, até outubro, a expectativa de toda a cadeia é que os bons resultados aconteçamcomos ajustes esperados: “Depois da publicação da por- taria esperamos que o programa comece a funcionar”, avalia o vice-presidente da Anfavea Gustavo Bonini. Divulgação/Volvo Divulgação/Mercedes-Benz

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