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AutoData | Junho 2023 impacto fiscal pode ter um efeito colateral na inflação – e nos juros – pois o governo compensará a perda de arrecadação com a volta da cobrança de impostos federais sobre o diesel, o que só deveria acontecer em janeiro de 2024 mas foi antecipado para setembro deste ano, com o objetivo de arrecadar cerca de R$ 1,5 bilhão para financiar os custos do programa. Para Pagliarini este aumento pode ter algum reflexo no índice de inflação futuro, mas não deve ser suficiente para reverter a atual tendência de queda: “A inflação está recuando e o Banco Central vai ter de baixar a taxa de juros. Não creio que a volta da cobrança de impostos seja capaz de atrapalhar isto”. O QUE MAIS PODE SER FEITO Se o programa adotado pelo governo é insuficiente para fazer comque omercado brasileiro retome o caminho do crescimen- to, o que deve ser feito? Para os consultores ouvidos porAutoData a resposta passa por quatro providências básicas: reforma tribu- tária, redução da taxa de juros, facilitação do acesso ao crédito e adoção de umpro- grama de renovação de frota. “Só uma ampla reforma tributária, que inclua todos os setores e não só o automo- tivo, pode corrir as várias distorções que temos no País”, avalia Kalume Neto. “Mas o melhor é que essa reforma deixará legado, vai melhorar os nossos produtos e aumenta sua competitividade no Exterior.” Pagliarini destaca a importância de se reduzir os custos para concessão de crédito no País: “Sou contra subsidiar a taxa de juros, porque dessa forma os custos vão recair sobre todos os clien- tes. Precisa é reduzir os custos que as instituições têm, fazer com que haja maior competição”, afirma. O consultor sugere que as garantias dos bancos devem ser melhoradas para evitar que a inadimplên- cia encareça os financiamentos: “Fazendo isso quem acaba favorecido é o cliente que paga as parcelas em dia. Hoje quem faz isso carrega nas costas os custos e os problemas de todos que não pagam. O cliente que paga em dia precisa ter seu acesso ao crédito facilitado”. Por fim Pagliarini sugere que seja adotada a inspeção veicular obrigatória, vinculada a um programa de inspeção veicular, medida que poderia tirar muitos veículos inseguros das ruas: “Mas falta vontade política, alguém que tenha cora- gem e compromisso para botar um pro- grama desses para funcionar. A inspeção poderia também estar atrelada a pacotes de manutenção com renúncia fiscal. Por exemplo: se for detectado que o seu carro temproblema de freios você providencia a reparação e aquele pacote pode ser livre de impostos. Isso tambémvaleria para ou- tros sistemas como motor, suspensão etc. As fabricantes de autopeças certamente gostariam de participar de um programa desses, que contribuiria para aumentar a segurança, reduzir custos com acidentes e que seria interessante até para os políticos”. Na falta de crescimento econômico e aumento de renda da população há pou- co o que pode ser feito para reaquecer o mercado de veículos no País, que nos próximos anos parece condenado a viver de um voo de galinha para outro, restrito a poucos que podem pagar por um carro ou caminhão novo. iStockphoto 37

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