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18 FROM THE TOP » GONÇALO PEREIRA, UNICAMP Junho 2023 | AutoData vamos fazer é instalar uma unidade de processamento que receberá as folhas e aproveitará toda a biomassa, tira a fibra e prensa o resto para produzir biogás e umexcelente adubo líquido, que volta às plantações substituindo a água em regi- ões que têm falta. Isto permite também a integração de outras culturas, como as também bioenergéticas mamona e macaúba. A combinação de todas essas ações tem potencial para provocar uma revolução no sertão. O programa de biodiesel que começou em 2008 trouxe algumas alternativas interessantes, como a produção de combustível a partir do pequi, mamona e outras oleaginosas típicas de biomas brasileiros. Nunca isto saiu do papel. O que precisa ser feito com essas iniciati- vas como esta do agave para que não tenhamos mais um fracasso? No caso do biodiesel existiamboas inten- ções mas pouca inteligência – é aque- le cara com muito motor e pouco freio. Existem matérias-primas para biodiesel que não são competitivas, como é o caso da mamona que precisa de três vezes mais metanol para fazer o processo de esterificação [que transforma o óleo ve - getal embiodiesel]. Isso não foi estudado antes e depois viram que não era viável. Queremos evitar isso no programa Brave com envolvimento intensivo de conhe- cimento tecnológico. O Senai Cimatec da Bahia já criou a divisão Sertão que vai se dedicar ao desenvolvimento das biorrefinarias de agave. Também tem o financiamento da Shell no programa e nossa consultoria técnica da Unicamp. Eu diria que só não vai dar certo se formos muito incompetentes. Comoempresasdepetróleoegáspodem ajudar no processo de descarbonização dos combustíveis? Muitas dessas empresas estão se con- vertendo em fornecedores de energia de múltiplas fontes. Veja o exemplo da Raízen, associação da Shell como Grupo Cosan que é um dos maiores produto- res de etanol do mundo, ou então a BP Bunge Bioenergia, com participação da British Petrol. A verdade é que o petró- leo trouxe a humanidade até aqui, sem a energia que ele gera o planeta não te- ria nem metade da população. Com a incrível tecnologia que desenvolvemos para extrair energia do petróleo conse- guiremos substituí-lo pela energia que tiramos da biomassa. Enxergo o petróleo como aquele pai conservador que está entendendo que o tempo dele passou, se quiser que sua geração de energia vá para frente deverá apoiar seu filho bioenergético. Por exemplo: encontra- mos na Shell parceiros como Alexandre Breda [responsável no Brasil por proje- tos de pesquisa e desenvolvimento e redução de emissões de CO2], que tem “ Associam a produção de biocombustíveis com a devastação de florestas, enquanto ocorre justamente o oposto: toda vez que produzimos biocombustíveis vemos recomposição florestal e da biodiversidade.”

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