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17 AutoData | Junho 2023 lá é inteligência. O que querem fazer é explorar minério para baterias e exportar commodity sem trazer desenvolvimento humano à região. É preciso usar nossos recursos com inteligência. Uma fonte promissora de produção de biocombustíveis é o agave, que o senhor chamadecanado sertão. OProjetoBrave, sigla deBrazilianAgaveDevelopment, no qual o senhor está envolvido, pretende usar as áreas plantadas de agave no se- miárido nordestino para produzir etanol e biogás. Qual é o potencial? A planta é originária do México e tem várias espécies, tem a sisalana que é mais rica em fibra, do qual se extrai o sisal e está espalhada pelo semiárido do Nordeste, e tem a tequilana que pro- duz tequila e etanol de primeira geração, em processo parecido com o da cana. A grande diferença é que a cana se colhe anualmente e o agave demora de três a cinco anos para a primeira colheita, mas depois disso se colhe até mais do que a cana. O agave tequilana não existe em grande escala no Brasilmas vamos trazer e multiplicar o plantio, pois ele se adap- ta bem ao semiárido, precisa de pouca água e pode triplicar a produtividade por hectare plantado. Hoje já se colhe 50 to- neladas anuais por hectare de sisalana em plantações nas quais o pessoal não faz nada, não aduba nem irriga, só usam a fibra raspada da folha, que corresponde a 4% da biomassa. Esses 96% que so- bram são extraordinários para produção de biometano e biofertilizante. Nessa produção artesanal de sisal, feita com Kombi equipada com raspadeira que vai a cada plantação, ninguém ganha mais do que R$ 250 por semana. Então o que Por que ninguém pensou nisso antes? Se vivêssemos em um país desenvolvi- do de clima temperado nem teríamos essa discussão porque ela é óbvia. Mas países de zonas temperadas não têm bioenergia, não têm tanta energia solar, o que eles têmé inteligência, porque têm climatização ideal para o cérebro humano trabalhar, de 20 a 22 graus, justamente o ponto em que ajustamos nosso ar- -condicionado. Aqui é o contrário, temos excesso de bioenergia e temperaturas inadequadas para pensar, o que pode ser compensado comamplo uso de ar-con- dicionado nas escolas. Isso parece uma bobagem, mas não é, tenho a certeza de que com ar-condicionado e inteligência podemos transformar o País empotência bioenergética. É o oposto dessa ideia absurda agora, lamentavelmente apoiada por políticos, de chamar uma parte do sertão, noVale do Jequitinhonha, deVale do Lítio, em alusão ao Vale do Silício [na tambémsemiárida Califórnia, nos Estados Unidos], onde não tem silício, o que tem “ Hoje a maioria dos carros é flex no Brasil, pode usar tanto etanol como gasolina, mas o consumidor usa mais gasolina e leva o sistema flex só para passear. Isso é algo que precisa mudar e talvez o etanol que proporcione mais autonomia seja um incentivo.”

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