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12 FROM THE TOP » GONÇALO PEREIRA, UNICAMP Junho 2023 | AutoData OBrasil é uma potência embiocombustí- veis porque produz e usa etanol e biodie- sel em larga escala, também já existem projetos para explorar melhor o biogás biometano, o diesel HVO e o hidrogênio verde. De todos estes, no horizonte dos próximos dez anos, quais têmcondições de crescer mais? Omaior potencial é o do biometano. So- mos tão ricos embioenergia que até ago- ra estávamos abrindomão dele. Existem 320 usinas de cana no País e todas po- demproduzir biogás a partir de resíduos que elas mesmas têm [bagaço e vinhaça do processamento da cana]. Aprodução de biometano abre uma outra possibi- lidade: o gás pode ser convertido em metanol, que no futuro vai utilizado por navios. O Brasil poderá produzir metanol para alimentar frotas de navios domundo inteiro. Mas o etanol seguirá dominante por duas razões: a primeira porque é líqui- do, assimcomo o petróleo, que substituiu o carvão não por termais energiamas por sermais fácil de armazenar e transportar. “ O Brasil pode produzir quanto biocombustível quiser, o que precisar. Com tantas possibilidades tenho a certeza de que o País será a grande potência bioenergética de um futuro que não demora. A única possibilidade disto não acontecer é se nós, brasileiros, atrapalharmos.” OBrasil temprogramas adequados para odesenvolvimentoda produção e usode biocombustíveis? Os programas brasileiros são extraor- dinários, mas precisam ser de Estado, não de governos, para assegurar esta- bilidade, para que as empresas acredi- tem e possam investir com base neles. Também é necessário ter repercussão mundial. ORenovaBio é brilhante, porque usa a quantidade de emissões de CO2 por megajoule gerado da gasolina para calcular o volume de etanol que deve ser produzido para evitar a emissão de 1 tonelada de CO2 fóssil com o consumo do combustível fóssil – isso dá cerca de 650 litros de etanol certificado, provenien - te de área sem desmatamento, mesmo que autorizado. E quanto mais eficiente for a produção da usina também cresce o potencial: o etanol de segunda geração [extraído de resíduos do processamento como bagaço, torta de filtro e vinhaça], por exemplo, aumenta a produtividade e reduz a emissão do biocombustível para 10 gramas de CO2 por megajoule [reduzindo ainda mais o volume de eta- nol necessário para compensar emis- sões fósseis]. E se tambémextrair biogás destamesma biomassa a emissão pode ficar até negativa. A cada tonelada de CO2 evitado o produtor ganha um CBio [crédito de descarbonização que deve ser comprados obrigatoriamente por distribuidores de combustíveis fósseis, gerando renda extra às usinas], que já chegou a valer uns R$ 100. Então é um programa muito bom. Se ninguémmais mexer no RenovaBio e deixar o programa andar a tendência é que o CBio tenha valor cada vez maior e ganhe reconhe- cimento internacional.

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